O Espírito Santo vive hoje um momento singular: a rede capixaba de saúde avança a passos largos. De janeiro de 2020 a janeiro de 2024, o número de unidades assistenciais saltou de 7 117 para 9 067, um crescimento de 27,5 %, acima da média nacional de 21,3 %. Os leitos, que chegaram a 3,0 por mil habitantes no auge da Covid-19, estabilizaram-se em 2,7 por mil, revelando que os investimentos emergenciais viraram legado. Paralelamente, o setor abriu 56,7 mil vagas formais (alta de 18,1 % em quatro anos) e atraiu um contingente recorde de usuários: 1,30 milhão de capixabas têm plano médico (aumento de 16,5 %). Em Vitória, 61 % da população dispõe de convênio e encontra 3,6 médicos por mil habitantes, densidade digna de metrópoles de referência.
Esse reforço estrutural chega em plena transição demográfica. Entre 1940 e 2015, a expectativa de vida no Estado deu um salto de 32,4 anos, chegando a 77,9 anos (2a maior do País) e deve ultrapassar 81 anos em 2030, segundo projeções baseadas nas Tábuas de Mortalidade do IBGE. O “bônus demográfico” já ficou para trás; a pirâmide etária começa a se inverter e empurra o sistema para um novo patamar de complexidade: monitorar doenças crônicas, garantir reabilitação e, sobretudo, prevenir complicações que minem a qualidade de vida.
Inovação e Tecnologia no Setor de Saúde
Inovar deixou de ser um diferencial para se tornar critério de sobrevivência. E inovação, aqui, significa conectar quem já tem tecnologia madura a quem precisa aplicá-la. É essa a missão do Base27, hub de inovação corporativa no qual atuo como diretora de pesquisa e novos negócios.
Foi com esse filtro que mergulhamos nas rodadas de negócio do Encontro Nacional de Startups (InovaES). Nossa curadoria priorizou startups maduras e deep techs com vocação para sair de um nicho e se espalhar para outros mercados.
Nos chamou a atenção uma startup capixaba que desenvolveu totenstouchscreen auto descontaminantes: diodos de luz ultravioleta instalados sob o vidro esterilizam a superfície em segundos, reduzindo o risco de infecção cruzada. A solução fala diretamente com a nova exigência sanitária de uma população idosa, mais vulnerável e, ao mesmo tempo, cada vez mais familiarizada com a tecnologia.
A longevidade capixaba não é apenas um dado demográfico; é um chamado à inovação e à colaboração.
Por Ana Carolina Junior – Diretora de Pesquisas e Novos Negócios do Base27