alimentação diabetes
Imagem: Freepik

Para quem convive com o diabetes, o que vai ao prato faz toda a diferença. O consumo dos alimentos certos ajuda a manter o controle glicêmico e a evitar complicações associadas à doença.

O segredo de uma boa alimentação para pessoas diabéticas está nas escolhas. Mesmo com o diagnóstico, é possível ter uma rotina alimentar prazerosa e personalizada, seguindo algumas dicas para montar as refeições.

Por isso, no Dia Mundial do Combate ao Diabetes, perguntamos aos especialistas: afinal, o que colocar e o que evitar no prato de quem tem diabetes?

O que é o diabetes?

Segundo o endocrinologista João Antônio Fernandes, o diabetes é uma doença crônica, o que significa que é uma condição de longo prazo e que exige acompanhamento. Há tipos diferentes de diabetes, sendo os tipos 1 e 2 os mais comuns.

O diabetes é uma condição em que há elevação persistente da glicose no sangue por deficiência de insulina, resistência à sua ação, ou ambos. No tipo 1, ocorre destruição autoimune das células beta e falta absoluta de insulina; no tipo 2, predomina resistência à insulina associada à produção insuficiente ao longo do tempo; há ainda diabetes gestacional e outros tipos específicos.

Endocrinologista da Unimed Sul Capixaba, João Antônio Fernandes

De acordo com dados de 2024 da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), cerca de 800 milhões de pessoas convivem com a condição. No Brasil, a Federação Internacional de Diabetes (IDF) estima que a prevalência da doença é de 10,5%.

Diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento ou o agravamento de um quadro de diabetes, incluindo a alimentação.

“Alta ingestão de ultraprocessados, ricos em açúcares, amidos refinados, sódio, gorduras desfavoráveis e aditivos, associa-se a pior controle glicêmico, ganho de peso e maior risco cardiometabólico em diversos estudos observacionais e revisões de escopo”, explica o especialista.

O que comer sendo uma pessoa diabética

Conviver com o diabetes exige atenção redobrada. Mais do que seguir restrições, a ideia é aprender a montar um prato inteligente, com variedade de cores e nutrientes. A nutricionista Thamires Favato explica que as gorduras boas, as fibras e as proteínas não podem faltar no prato do diabético.

“O prato precisa ser equilibrado com gorduras boas para ajudar no controle glicêmico, dar saciedade e energia. Além disso, as fibras que auxiliam na glicemia, saciedade e controle de peso devido sua baixa densidade calórica” ressalta. “Por último não podemos esquecer das proteínas, que também auxiliam na saciedade e no controle glicêmico.”

Segundo a especialista, a lista dos indispensáveis é:

  • Gorduras boas: como azeite e abacate;
  • Fibras: vegetais, cereais integrais e sementes como chia, linhaça e aveia;
  • Proteínas: carnes, ovos, frango, peixes e leguminosas.

Thamires ainda destaca que a ideia de que pessoas com diabetes não podem comer carboidratos é equivocada. De acordo com ela, o nutriente exerce um papel importante na nossa energia, mas a melhor escolha são os alimentos integrais, devido ao teor de fibras.

“Os alimentos integrais, como arroz e pão integral, devido ao teor de fibra, ajudam na absorção mais lenta do carboidrato, diminuindo o impacto do açúcar no sangue”. complementa.

O que evitar depois do diagnóstico

Assim como há a lista de alimentos que devem ser consumidos por quem tem diabetes, também há a tão temida lista dos que devem ser evitados. De acordo com a nutricionista Kelly Toresani, os principais alimentos são os ricos em açúcar e farinhas refinadas:

  • Bolos;
  • Pães muito brancos;
  • Bolachas recheadas;
  • Doces
  • Alimentos ultraprocessados de forma geral.

Entretanto, a nutricionista destaca que “isso não significa que nunca poderá comer. Em situações pontuais, como uma festa, é possível fazer escolhas melhores.”

E aqui vai uma dica para aqueles dias em que a pessoa deseja fazer uma exceção: não comer esses alimentos de estômago vazio. “Consumir antes uma fonte de proteína com fibras, como um shake de whey com cacau 100% ou um iogurte com chia, ajuda a reduzir o pico glicêmico”, explica.

O controle do diabetes depende da constância

Manter uma alimentação equilibrada, aliada a um acompanhamento especializado e um estilo de vida mais saudável, ajuda no controle do diabetes e pode, inclusive, reduzir o uso de medicamentos.

“Perda ponderal de 5% a 10% já melhora a glicemia e pode permitir reduzir doses; perdas maiores podem levar à remissão do tipo 2 em subgrupos, sobretudo nos primeiros anos de doença, sob acompanhamento médico e multiprofissional. Ensaios e diretrizes relatam queda no uso de fármacos e, em alguns casos, remissão sustentada”, ressalta João Antônio Fernandes.

Segundo os especialistas, mesmo que o diabetes não tenha cura, isso não significa restrições exageradas ou dietas padronizadas. Com o tempo e algumas adaptações é possível aprender a se cuidar, sem viver em função da doença.

O mais importante é entender que o controle do diabetes depende do que a pessoa faz na maior parte do tempo e não de uma fatia de bolo no fim de semana.

Kelly Toresani, nutricionista

Aline Gomes

Repórter

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.