Alimentação e fertilidade
Imagem: Freepik

A fertilidade humana é influenciada por múltiplos fatores, incluindo genética, idade, estilo de vida e, de forma significativa, a alimentação e o estado nutricional.

Pesquisas recentes demonstram que escolhas alimentares inadequadas podem comprometer a função reprodutiva, afetando tanto homens quanto mulheres, enquanto dietas equilibradas favorecem a qualidade dos gametas, a regulação hormonal e a saúde do sistema reprodutor.

Assim, compreender a relação entre nutrição e fertilidade é essencial para orientar indivíduos e casais que desejam aumentar suas chances de concepção, destacando a alimentação como ferramenta preventiva e terapêutica.

Influência do peso corporal

Entre os fatores nutricionais que influenciam a fertilidade, o peso corporal se destaca, pois tanto a obesidade quanto a desnutrição afetam a função hormonal. Mulheres com excesso de gordura corporal podem apresentar disfunção ovulatória e síndrome do ovário policístico, enquanto homens obesos podem apresentar alterações na qualidade do sêmen.

Por outro lado, déficits nutricionais comprometem a maturação dos óvulos e a espermatogênese. Portanto, a ingestão adequada de macro e micronutrientes é determinante para o equilíbrio hormonal, função gonadal e integridade celular, evidenciando como nutrição e fertilidade estão intimamente conectadas.

Proteínas de alta qualidade

Nesse contexto, proteínas de alta qualidade são fundamentais para a produção de hormônios e desenvolvimento dos gametas, enquanto ácidos graxos essenciais, especialmente os ômega-3, contribuem para a fluidificação das membranas celulares, além de auxiliarem na modulação de processos inflamatórios.

Já a ingestão equilibrada de carboidratos complexos, frutas, verduras e cereais integrais ajuda a manter glicemia estável, prevenindo resistência insulínica, que pode comprometer a fertilidade feminina e masculina. Assim, o equilíbrio entre macronutrientes fornece a base para um sistema reprodutivo saudável e funcional.

Além dos macronutrientes, vitaminas e minerais desempenham papel crítico na função reprodutiva. O ácido fólico, presente em vegetais verde-escuros, legumes e cereais fortificados, é essencial tanto para a prevenção de defeitos do tubo neural quanto para a qualidade dos gametas.

Minerais e antioxidantes como zinco, selênio, vitamina E e vitamina C reduzem o estresse oxidativo que pode danificar óvulos e espermatozoides, enquanto vitamina D regula hormônios sexuais e influencia a ovulação. Dessa forma, a ingestão adequada de micronutrientes complementa o papel dos macronutrientes na promoção da fertilidade.

Padrão alimentar

A alimentação saudável não se limita à escolha de nutrientes isolados; o padrão alimentar global exerce impacto significativo sobre a fertilidade. Dietas mediterrâneas, ricas em frutas, verduras, legumes, cereais integrais, peixes e azeite de oliva, estão associadas a maior probabilidade de concepção, enquanto consumo excessivo de alimentos e produtos ultraprocessados, açúcares simples e gorduras saturadas prejudica hormônios sexuais, qualidade do sêmen e ovulação.

Assim, a composição global da dieta fortalece ou compromete a função reprodutiva, demonstrando que o conjunto de hábitos alimentares importa tanto quanto o fornecimento de nutrientes específicos.

Outro aspecto essencial que conecta nutrição e fertilidade é a hidratação e manutenção de peso saudável. O equilíbrio hídrico favorece o metabolismo e a qualidade do muco cervical, enquanto o controle do peso previne disfunções hormonais e melhora a resposta ovulatória.

Quando combinado a uma alimentação equilibrada e prática regular de atividade física, esse cuidado integral reduz inflamação e estresse oxidativo, criando um ambiente propício à concepção e à saúde reprodutiva.

Estratégia individualizada

A implementação de estratégias nutricionais deve ser individualizada, considerando idade, histórico médico, hábitos de vida e necessidades específicas.

Planejamento de refeições equilibradas, priorização de alimentos minimamente processados, fracionamento adequado das refeições e monitoramento contínuo de peso, composição corporal e micronutrientes essenciais são práticas que aumentam a probabilidade de sucesso reprodutivo. O acompanhamento com profissional nutricionista permite ajustes finos na dieta, garantindo suporte nutricional eficiente e resultados mais consistentes.

LEIA TAMBÉM | Falar, acolher e cuidar: um chamado da psicologia à vida

Em síntese, a alimentação exerce papel central na fertilidade, influenciando hormônios, qualidade dos gametas, ovulação e espermatogênese. Nutrientes como proteínas, ácidos graxos essenciais, vitaminas e minerais, aliados a padrões alimentares equilibrados, aumentam a probabilidade de concepção e promovem saúde reprodutiva duradoura. A

o compreender a alimentação como ferramenta estratégica, indivíduos e casais podem transformar hábitos cotidianos em ações de cuidado, fortalecendo não apenas a fertilidade, mas também a saúde geral e o bem-estar integral.

Dra. Ana Cristina de Oliveira

Colunista

Com uma carreira dedicada à ciência e à prática da Nutrição, Dra. Ana Cristina de Oliveira Soares é nutricionista, pesquisadora e professora universitária. Sua expertise é aprofundada por um Doutorado em Saúde Coletiva e um Mestrado em Administração, que lhe conferem uma visão ampla sobre os desafios da saúde e do bem-estar na atualidade. Especialista em Terapia Nutricional e Coordenadora do curso de Nutrição na Multivix Vitória, ela se destaca por sua atuação em saúde coletiva e na promoção da qualidade de vida, sempre com foco no rigor científico e no compromisso social.

Com uma carreira dedicada à ciência e à prática da Nutrição, Dra. Ana Cristina de Oliveira Soares é nutricionista, pesquisadora e professora universitária. Sua expertise é aprofundada por um Doutorado em Saúde Coletiva e um Mestrado em Administração, que lhe conferem uma visão ampla sobre os desafios da saúde e do bem-estar na atualidade. Especialista em Terapia Nutricional e Coordenadora do curso de Nutrição na Multivix Vitória, ela se destaca por sua atuação em saúde coletiva e na promoção da qualidade de vida, sempre com foco no rigor científico e no compromisso social.