Você já reparou como o esquecimento faz parte da vida? Quem nunca esqueceu onde deixou o celular ou o nome de alguém? Até aí, tudo normal. Mas quando a perda de memória começa a mudar a rotina, atrapalhar tarefas simples e vir acompanhada de outros sinais, é hora de ligar o alerta.
No dia 21 de setembro, celebramos o Dia Mundial da Doença de Alzheimer, data que nos lembra da importância de falar abertamente sobre essa doença, que é a principal causa de demência no mundo.
Só que hoje eu não quero focar apenas no paciente, quero falar sobre a família, porque o Alzheimer nunca vem sozinho. Ele afeta todos ao redor.
O que é o Alzheimer?
O Alzheimer é uma doença neurológica degenerativa, que compromete a memória, a linguagem, o raciocínio e até o comportamento. É progressivo, ou seja, vai evoluindo ao longo dos anos, e por isso exige acompanhamento contínuo.
Ainda não conhecemos uma causa única, mas sabemos que existem fatores de risco: idade (principal), genética, hipertensão, diabetes, colesterol elevado, sedentarismo e até isolamento social. Ou seja: não dá para evitar totalmente, mas dá para reduzir o risco cuidando do corpo, da mente e das relações.
Nem sempre é só esquecimento
Um erro comum é pensar que Alzheimer é apenas “perder a memória”. Na verdade, os sintomas podem ir muito além disso.
Alguns sinais que passam despercebidos:
- Alterações de humor: irritabilidade, tristeza ou apatia sem motivo aparente.
- Perda de iniciativa: aquela pessoa antes ativa começa a se isolar, a perder o interesse pelas coisas.
- Dificuldades de linguagem: trocar palavras simples por outras sem sentido.
- Desorientação espacial: se perder em lugares conhecidos.
Esses sintomas confundem, e muitas vezes a família só percebe quando a situação já está mais avançada.
O impacto na família
Quando o Alzheimer chega, ele muda a vida de todos. A dinâmica da casa se transforma. Muitas vezes, filhos se tornam cuidadores dos próprios pais, e cônjuges passam a assumir responsabilidades que antes eram divididas.
É uma doença que exige paciência, disponibilidade e, principalmente, informação. Não existe manual único, mas alguns pontos ajudam muito:
- Acolha, não corrija. Se o paciente disser algo confuso, não adianta brigar ou tentar “consertar” a fala. Corrigir pode gerar frustração. O melhor é conduzir a conversa de forma suave.
- Adapte a rotina. Deixar bilhetes visíveis, simplificar tarefas, organizar os ambientes da casa.
- Divida responsabilidades. Nenhum cuidador dá conta sozinho. O apoio da família inteira e, quando possível, de cuidadores profissionais é essencial.
- Cuide de quem cuida. O desgaste emocional e físico do cuidador é enorme. Apoio psicológico, momentos de descanso e rede de apoio fazem diferença.
O papel do neurologista
Procurar um neurologista diante dos primeiros sinais faz toda a diferença. O diagnóstico precoce permite iniciar tratamentos que ajudam a retardar a progressão, além de orientar a família sobre cada etapa da doença.
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E para quem já tem o diagnóstico, as consultas de acompanhamento são indispensáveis: ajustar a medicação, avaliar evolução, dar suporte à família. Alzheimer não se enfrenta sozinho, é preciso equipe de saúde e rede de apoio.
Para fechar
O Alzheimer não apaga apenas memórias. Ele mexe com histórias, com laços e com a rotina de famílias inteiras. Por isso, o acolhimento é tão importante quanto o tratamento médico.
No Dia Mundial do Alzheimer, 21 de setembro, deixo aqui um convite: que a gente fale mais sobre essa doença sem medo, que a gente acolha mais e julgue menos, e que cada família que enfrenta esse desafio se sinta apoiada, nunca sozinha.