O nascimento de um bebê é um momento de grande expectativa e alegria para a família. Desde os primeiros dias de vida, são realizados exames importantes para garantir que a criança tenha um desenvolvimento saudável. Entre esses exames está a Triagem Auditiva Neonatal Universal, mais conhecida como teste da orelhinha.
Esse teste é rápido, indolor e feito ainda na maternidade ou nas primeiras semanas de vida. Ele tem como objetivo identificar, de forma precoce, possíveis alterações na audição do bebê. Afinal, a audição é fundamental para o desenvolvimento da linguagem, da comunicação e da aprendizagem.
Mas o que acontece quando a criança falha no teste da orelhinha? Esse é um sinal de alerta que não deve ser ignorado. E é nesse momento que a avaliação com o médico otorrinolaringologista se torna indispensável.
O diferencial do teste da orelhinha
A audição desempenha um papel central no desenvolvimento infantil. É através dela que o bebê começa a perceber sons, identificar vozes e, mais tarde, desenvolver a fala. Quando existe alguma perda auditiva não detectada e não tratada a tempo, a criança pode apresentar atrasos na fala, dificuldades de aprendizado e até problemas emocionais, como isolamento social.
O grande diferencial do teste da orelhinha é que ele permite detectar alterações auditivas logo nos primeiros dias de vida. Quanto mais cedo um problema auditivo é identificado, mais rápidas podem ser as intervenções e maiores as chances de a criança se desenvolver normalmente.
O que significa falhar no teste?
Falhar no teste não significa, necessariamente, que o bebê tem uma perda auditiva definitiva. Muitas vezes, essa falha pode estar relacionada a situações simples e transitórias, como presença de líquido no ouvido, cera ou até mesmo restos do partono conduto auditivo.
Por isso, a falha no teste deve ser entendida como um sinal de alerta que precisa ser investigado, e não como um diagnóstico fechado.
O médico otorrinolaringologista é o especialista responsável por avaliar e tratar as alterações auditivas. Quando uma criança falha no teste da orelhinha, o otorrino tem papel fundamental em todo o processo de investigação, que pode incluir:
- Realizar uma avaliação clínica detalhada, examinando o ouvido da criança para identificar causas simples, como presença de líquido ou cerume.
- Solicitar exames complementares, como a emissões otoacústicas (OEA) e o potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE), que ajudam a confirmar ou descartar a presença de perda auditiva.
- Identificar a causa da falha, diferenciando entre problemas temporários e alterações permanentes, orientando várias avaliações comportamentais e exames sorológicos.
- Indicar o tratamento adequado, que pode variar desde uma simples limpeza de ouvido até o uso de aparelhos auditivos, terapias para estimulação específica ou, em casos mais complexos, o implante coclear.
O cérebro da criança é extremamente moldável nos primeiros anos de vida, ou seja, tem grande capacidade de adaptação e aprendizado. Por isso, identificar e tratar a perda auditiva cedo é essencial.
Pesquisas mostram que crianças que recebem intervenção até os 6 meses de idade têm muito mais chances de desenvolver linguagem e comunicação semelhantes às de crianças com audição normal. Por outro lado, atrasos no diagnóstico podem comprometer a fala, a aprendizagem escolar e até o convívio social.
Outros sinas de problema de audição
Além da falha no teste da orelhinha, alguns sinais podem levantar suspeita de problemas de audição nos bebês e crianças:
- O bebê não se assusta com sons fortes;
- Não reage à voz dos pais ou a estímulos sonoros do ambiente;
- Apresenta atraso para começar a balbuciar ou falar;
- Parece sempre muito distraído ou “no mundo da lua”;
- Fala de forma diferente das crianças da mesma idade.
Se algum desses sinais for percebido, a consulta com o otorrino deve ser antecipada, mesmo que o teste inicial não tenha mostrado alterações.
Maneiras de reabilitação
Quando é confirmada uma perda auditiva, o tratamento deve ser iniciado o quanto antes. Existem diferentes formas de reabilitação auditiva, como:
- Aparelhos auditivos modernos e discretos, que amplificam os sons.
- Implante coclear, em casos de perda auditiva severa ou profunda, que permite que a criança perceba sons de forma mais próxima ao natural.
- Acompanhamento fonoaudiológico, essencial para estimular a linguagem e a comunicação.
Esse processo de reabilitação é sempre acompanhado pelo otorrino em conjunto com outros profissionais, como fonoaudiólogos e terapeutas.
A participação da família é muito importante e decisiva. Pais atentos às orientações médicas e comprometidos com o uso dos aparelhos auditivos e com as terapias fazem toda a diferença no sucesso do tratamento. Além disso, oferecer um ambiente rico em estímulos sonoros e de linguagem ajuda no desenvolvimento da criança.
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O teste da orelhinha é um exame simples e de enorme importância para a saúde e o futuro da criança. Em caso de falha, a avaliação otorrinolaringológica é de extrema importância para o futuro da criança, permitindo que ela tenha acesso pleno à comunicação, à aprendizagem e às relações sociais. Afinal, ouvir bem é fundamental para viver bem.