Imagem: Freepik
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A sensação de boca seca, conhecida tecnicamente como xerostomia, é muito frequente e vai muito além de um simples incômodo passageiro. A redução da saliva pode causar dificuldade para falar, mastigar, engolir e sentir o sabor dos alimentos, além de ardência bucal e dores inespecíficas na língua.

Como a saliva participa da formação do bolo alimentar, da digestão inicial, da lubrificação dos músculos da boca e da defesa imunológica da mucosa, a xerostomia compromete de forma importante a qualidade de vida.

O que causa a boca seca?

Diversos fatores podem estar por trás desse quadro. O estresse é um dos mais comuns, pois interfere diretamente na produção salivar. Em muitos casos, o próprio tratamento do estresse, da ansiedade ou de outras condições de saúde inclui medicamentos que agravam ainda mais a secura bucal.

Estima-se que centenas de fármacos possam reduzir o fluxo de saliva, entre eles antialérgicos, ansiolíticos, diuréticos, anti-hipertensivos e antidepressivos. O envelhecimento natural do organismo e o uso mais frequente de remédios na população idosa também contribuem para o aparecimento da xerostomia.

Há ainda fatores de estilo de vida que desidratam a boca e ressecam a mucosa, como o tabagismo, o consumo de bebidas alcoólicas e os distúrbios respiratórios do sono, a exemplo do ronco e da respiração bucal. Nessas situações, além da sensação de boca seca, a alteração da saliva deixa a cavidade oral mais suscetível a cáries, mau hálito, gengivite, dificuldades no uso de próteses dentárias e até ao desenvolvimento de câncer bucal.

Nem sempre a causa está na produção de saliva

É importante lembrar que nem sempre a queixa de boca seca está ligada a uma redução real da produção de saliva. Por isso, o diagnóstico adequado exige um exame clínico detalhado e, quando necessário, a realização de um teste específico chamado sialometria, que mede o fluxo salivar.

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Identificar a causa é fundamental, porque a xerostomia pode ser um sinal de doenças sistêmicas como diabetes, cirrose hepática ou Síndrome de Sjögren, mais comum em mulheres acima dos 40 anos.

Como proteger a boca e aliviar os sintomas

O tratamento da xerostomia é individualizado e pode incluir desde estímulos gustatórios e mecânicos para ativar as glândulas salivares até o uso de medicamentos, sessões de laser, acupuntura ou estímulos elétricos. Em paralelo, algumas medidas simples ajudam a proteger a boca e a aliviar os sintomas no dia a dia:

  • Manter a ingestão de líquidos ao longo do dia, preferindo água em temperatura ambiente;
  • Reduzir o consumo de bebidas com cafeína, como café, chás escuros e refrigerantes;
  • Evitar enxaguantes bucais com álcool e dar preferência a produtos específicos para boca seca;
  • Utilizar cremes dentais que contenham cálcio e fósforo, favorecendo a remineralização dos dentes.

Diante de sinais persistentes de boca seca, dificuldade para engolir, ardência bucal ou aumento de cáries e infecções na boca, é essencial buscar avaliação especializada. Investigar a xerostomia de forma adequada permite tratar a causa, aliviar o desconforto e prevenir complicações, preservando a saúde bucal e o bem-estar geral.

Dra. Martha Salim

Doutora em Cirurgia Bucomaxilofacial

Doutorado em Cirurgia Bucomaxilofacial (UNESP), Mestrado em Patologia Bucodental (UFF), Especialização em Cirurgia Bucomaxilofacial (UERJ), Capacitação em Odontologia Do Sono, Capacitação em Sedação com ÓXido Nitroso, Graduação em Odontologia (UFES), Atua como professora de Cirurgia Bucomaxilofacial da UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Revisora Científica das Revistas: Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery (JBCOMS) e Brazilian Dental Science (BDS), Autora dos livros "Cirurgia Bucomaxilofacial: diagnóstico e tratamento" (1 e 2 edições), Anestesia Local e Geral na Prática Odontológica, além de colaborar com 38 capítulos de livros e artigos científicos publicados. @dramarthasalim

Doutorado em Cirurgia Bucomaxilofacial (UNESP), Mestrado em Patologia Bucodental (UFF), Especialização em Cirurgia Bucomaxilofacial (UERJ), Capacitação em Odontologia Do Sono, Capacitação em Sedação com ÓXido Nitroso, Graduação em Odontologia (UFES), Atua como professora de Cirurgia Bucomaxilofacial da UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Revisora Científica das Revistas: Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery (JBCOMS) e Brazilian Dental Science (BDS), Autora dos livros "Cirurgia Bucomaxilofacial: diagnóstico e tratamento" (1 e 2 edições), Anestesia Local e Geral na Prática Odontológica, além de colaborar com 38 capítulos de livros e artigos científicos publicados. @dramarthasalim