Saúde sexual

Coceira vaginal após o sexo: o que pode ser? Entenda causas e como evitar

Coceira vaginal após relação pode indicar infecção, queda de estrogênio ou disbiose

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coceira vaginal
Imagem: Canva/Reprodução

Você já sentiu ardência ou coceira vaginal após uma relação íntima? Essa é uma queixa relativamente comum entre as mulheres, mas que muitas deixam de abordar por vergonha ou acreditarem que é algo passageiro.

Com o tempo e a persistência dos sintomas, o que deveria ser prazeroso vira motivo de incômodo e até de preocupação. O impacto pode ser sentido na vida sexual, na autoestima e até na saúde geral da mulher, dependendo da causa.

Por isso, especialistas alertam: o desconforto vaginal não deve ser ignorado e é essencial conhecer os possíveis motivos para este quadro.

Quais são as causas da coceira e ardência?

Não existe uma única resposta sobre o que pode causar o desconforto durante ou após o sexo. De acordo com a ginecologista Karin Rossi e a infectologista Carolina Salume, os motivos podem variar entre alterações hormonais, alergias, infecções e até doenças ginecológicas crônicas, como a endometriose.

1- Queda de estrogênio

Karin Rossi explica que um dos motivos mais comuns para o ressecamento da mucosa vaginal é a queda do estrogênio, como acontece na menopausa.

A lubrificação diminui, os tecidos ficam mais finos e menos elásticos e a proteção natural da vagina enfraquece. Isso provoca ardência, coceira e dor na hora da relação.

Karin Rossi, ginecologista do Hospital Santa Rita

A médica acrescenta que, após a menopausa, quase 80% das mulheres terão pouca lubrificação na região íntima, segundo estudos.

2- Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)

A infectologista e coordenadora do Serviço de Infectologia do Hospital Santa Rita, Carolina Salume, destaca que em alguns casos a coceira e a ardência podem estar relacionadas a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Entre as causas mais comuns de desconforto estão:

Clamídia;

Gonorreia;

Herpes genital;

Tricomoníase;

Vaginose bacteriana.

“Essas infecções podem causar inflamação da mucosa vaginal, resultando em irritação e dor. O desafio é que, muitas vezes, esses quadros acontecem sem outros sinais, como corrimento ou odor, o que pode atrasar o diagnóstico”, explica a médica.

Outro problema frequente é a candidíase vaginal, uma infecção causada por fungo que não é considerada uma IST. A coceira intensa, associada ou não a um corrimento esbranquiçado e espesso, é o sintoma clássico.

3- Endometriose

A endometriose, conhecida por causar cólicas intensas e dor pélvica, também pode estar relacionada ao desconforto vaginal.

“Ela provoca inflamação, altera a sensibilidade dos nervos da região pélvica e perineal e pode gerar contraturas musculares do assoalho pélvico”, disse.

4- Desequilíbrio da flora vaginal

Outro fator importante é a flora vaginal. Os lactobacilos — que são as bactérias protetoras — mantêm o pH ácido e dificultam a proliferação de microrganismos que causam irritação e infecções.

O ácido lático, produzido por eles, mantém o pH vaginal entre 3,8 e 4,5. Entretanto, quando há um desequilíbrio dessa proteção, os incômodos podem virar parte da rotina.

“Quando há um desequilíbrio, conhecido como disbiose vaginal, o risco de corrimentos como a candidíase vaginal recorrente e a coceira aumenta bastante. Além disso, produtos usados no dia a dia também podem ser vilões”, pontua Karin Rossi.

Preservativos de látex, lubrificantes com fragrâncias ou até mesmo sabonetes íntimos com excesso de químicos também podem provocar alergias e deixar a região sensível. “Muitas vezes, trocar de produto já faz toda a diferença”, acrescenta.

5- Infecções urinárias

Outro ponto de atenção, de acordo com Carolina Salume, é que infecções urinárias, muito comuns em mulheres, também podem causar ardência após a relação. “Ignorar ou tratar de forma inadequada uma infecção pode levar a complicações sérias”, explica.

Como evitar a coceira e a ardência

Coceira vaginal
Alguns hábitos e tratamentos podem ajudara evitar ou minimizar o quadro (Imagem: Reprodução/Freepik)

O impacto desses sintomas é alto, mas, segundo Karin Rossi, há muitas formas de contornar esta situação.

Hoje existem tratamentos eficazes e acessíveis. Lubrificantes e hidratantes íntimos ajudam a aliviar os sintomas no dia a dia – para pacientes não alérgicas. Há a opção do uso de hormônios locais, como estradiol, em forma de cremes ou óvulos, importantes para evitar o aparecimento da síndrome geniturinária da menopausa, fase em que a mulher apresenta secura vaginal e até infecções urinárias de repetição.

Karin Rossi, ginecologista

Segundo ela, há opções não hormonais para equilibrar a flora e até fisioterapia pélvica para quem tem contraturas musculares. Em casos de vulvodínia, é possível associar fisioterapia, acompanhamento psicológico e medicações para dor.

Além disso, alguns hábitos diários ajudam a minimizar o quadro, como:

  • Utilizar papel higiênico branco e neutro, sempre “da frente para trás”;
  • Após evacuar, lavar com água e sabonete neutro as regiões perineal e perianal;
  • Usar sabonete com pH entre 5,0 e 6,0 e evitar os perfumados;
  • Utilize absorvente sem perfume e de preferência com cobertura suave somente nos dias de fluxo menstrual;
  • Evite o uso de absorventes internos, pois podem provocar irritações, mau odor genital e corrimento;
  • Evite desodorantes íntimos e, principalmente, adereços na região genital;
  • Não faça ducha vaginal, pois remove mecanicamente os lactobacilos que protegem o trato genital feminino.

“Diferenciar uma irritação passageira – por atrito, alergia a preservativos, lubrificantes ou produtos íntimos – de um quadro infeccioso é essencial. Se o sintoma persiste, se repete ou vem acompanhado de secreção, odor ou dor, é hora de procurar avaliação médica”, complementa Carolina Salume.

Aline Gomes

Repórter

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.