Consultórios médicos são geralmente lugares onde é possível ouvir histórias capazes de deixar qualquer um com os cabelos em pé e queixos caídos devido à incredulidade ou até mesmo terror.
Nestes lugares também acontecem casos no mínimo inusitados. Em algumas as histórias a máxima de que “crianças sempre serão crianças” e a maior arte delas é sempre a próxima é mais do que verdade.
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Já imaginou passar um ano pelejando para aliviar dores que sua filha sente para descobrir 365 dias depois que a pequena teria colocado um grão de feijão no ouvido? Pois foi isso que aconteceu no consultório da otorrinolaringologista Gabriela Valli, em Vitória.
A menininha que tinha por volta de 5 anos já havia passado por vários tratamentos e nada parecia resolver definitivamente os problemas com dores e infecções no ouvido.
“Ela chegou e a mãe contou que estava com uma inflamação no ouvido e que saía secreção. Um ano atrás foram no postinho e ela fez uso de medicação, o que melhorou. Mas ela sentiu que não estava ouvindo bem e teve de novo outras duas infecções, seguidas. Foi então que pensaram que poderia haver algo diferente com essa criança”, contou.
A médica relata que ao examinar a menina percebeu que havia algo diferente no ouvido dela. Gabriela tentou fisgar o objeto estranho com uma pinça, mas não conseguiu. Daí veio a ideia de fazer uma lavagem, foi neste momento que a travessura que a pequena aprontou há mais de um ano foi descoberta.
Quando fiz a lavagem, saiu o carocinho de feijão. Foi só aí que a criança confessou que tinha colocado, porque elas geralmente não falam, com medo dos pais brigarem. Foi até engraçado, porque o feijão geralmente brota, o que pode acabar piorando a situação. Talvez a medicação que ela estava pingando fez acontecer algo com o grão.
Gabriela Valli, médica otorrinolaringologista
Ocorrências são comuns nos consultórios
De acordo com a médica Gabriela Valli, apesar de soar engraçado e até inusitado, ocorrências como essa são comuns com crianças pequenas.
Ainda segundo ela, muitas vezes crianças do espectro autista também costumam fazer esse tipo de coisa, não são raras as vezes que um pequeno chega ao consultório ou pronto socorro com um corpo estranho no ouvido ou nariz.
“É bem comum, sempre chega algum paciente com um corpo estranho. São crianças pequenininhas, às vezes autistas, eles colocam e não falam que colocaram, a gente só vai descobrir quando tem alguma infecção. Já vimos de tudo, milho de pipoca, feijão, miçanga, criança é muito criativa”, disse.
Apesar de ser impossível prevenir 100% que um episódio como esse aconteça, a médica diz que existem algumas medidas que podem ser tomadas para evitar este tipo de acidente.
A principal delas é evitar deixar objetos muito pequenos perto das crianças, além de não deixar que os pequenos peguem coisas na cozinha, coisas que possam colocar no ouvido, no nariz ou que até mesmo possam ser engolidas.
Sinais de alerta
A médica relata que alguns sinais podem indicar que a criança tenha introduzido algum objeto no ouvido ou nariz. O primeiro deles é a dor e a sensação de ouvido tapado ou abafado.
No nariz, geralmente há secreção com mau cheiro e que pode sair por apenas uma das narinas.
Apesar disso, ela relata que casos em que há impacto da audição ou do olfato são raros, só acontece quando há perfuração. Para sorte da menininha com o feijão no ouvido, isso não ocorreu.
“Se não tiver causado nenhuma lesão geralmente não afeta a audição, se teve alguma perfuração, o que às vezes acontece, pode precisar até de cirurgia. No caso dela não teve nenhum problema de audição, só a sensação de abafamento do ouvido”.
Repórter
Formado em Jornalismo, é repórter do Folha Vitória desde 2023. Amante de música e cinema.
