
A demência é uma das principais causas de incapacidade entre idosos e já ocupa a sétima posição entre as causas de morte no mundo. Em 2021, estimava-se que 57 milhões de pessoas viviam com demência — e surgem quase 10 milhões de novos casos por ano. O Alzheimer é a forma mais comum, respondendo por 60–70% dos casos em idosos.
A boa notícia é que uma parcela expressiva dos casos pode ser prevenida ou adiada. A atualização de 2024 da Lancet Commission indica que ≈45% dos casos de demência seriam potencialmente evitáveis ao longo da vida com foco em 14 fatores modificáveis (como controlar pressão, colesterol e diabetes; tratar perdas auditivas e visuais; evitar tabagismo; manter atividade física, social e cognitiva; reduzir exposição a poluição; combater depressão; evitar TCE; moderar álcool; e ampliar escolaridade).
Dois pontos ganharam destaque recente: LDL alto a partir dos 40 anos e perda de visão não tratada foram incluídos entre os fatores de risco. Você sabia disso?
Cuidados essenciais
Pressão, glicemia e colesterol controlados protegem também as conexões cerebrais.
Movimente-se. Exercício regular melhora a saúde vascular e a “reserva” do cérebro.
Alimente-se bem. Padrões como a dieta MIND (uma mistura da mediterrânea com a DASH) associam-se a menor risco de demência e declínio cognitivo.
Cuide da audição e da visão. Perdas não tratadas aumentam o risco; aparelhos auditivos e tratamento ocular adequado fazem diferença.
Sono e saúde mental importam. Tratar depressão e cuidar da qualidade do sono ajuda a preservar cognição. Vida social e aprendizado. Ler, aprender coisas novas e manter vínculos sociais protegem o cérebro.
A importância do diagnóstico precoce
Diagnosticar cedo permite planejamento familiar, direciona reabilitação cognitiva, otimiza controle de fatores de risco e abre portas para terapias que atuam na biologia da doença em casos selecionados.
A Alzheimer’s Association atualizou em 2024 os critérios de diagnóstico e estadiamento, que agora definem o Alzheimer como um processo biológico contínuo, detectável por biomarcadores (amiloide e tau) mesmo antes de sintomas importantes. Esses critérios orientam a prática com base na melhor ciência disponível.
- Avaliação clínica: queixa de memória, linguagem ou função executiva com impacto no dia a dia.
- Exames básicos: sangue (para excluir causas reversíveis) e neuroimagem (Tomografia/Ressonância).
- Biomarcadores quando indicados:
- LCR (beta-amiloide e tau); PET (amiloide/tau).
- Exames de sangue: testes de p-tau217 e razão Aβ42/p-tau estão avançando rapidamente e mostram acurácia alta para identificar patologia de Alzheimer — úteis principalmente como triagem e para direcionar exames mais caros.
Quando procurar avaliação?
- Esquecimentos que fogem do padrão (repetir perguntas, perder compromissos, perder-se em caminhos conhecidos).
- Dificuldade para organizar tarefas, administrar finanças ou usar aparelhos comuns.
- Mudanças de humor ou comportamento que preocupam a família.
- Queda de performance no trabalho/estudos ou na vida social.
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Demência não é inevitável. Há muito a fazer hoje para reduzir o risco e preservar autonomia. E, se houver suspeita de Alzheimer, investigar cedo melhora o cuidado e dá tempo para planejar com qualidade de vida.