A violência doméstica infantil é uma realidade incômoda no Brasil. Dados revelam que, anualmente, no país 10 milhões de crianças e adolescentes sofrem maus-tratos, mesmo tendo o direito garantido pela Constituição Brasileira à segurança na sociedade e na família.
De acordo com dados do Ministério dos Direitos Humanos, são cerca de 396 ocorrências por dia, o que dá um caso a cada 16 horas. Além de parentes, amigos, médicos e conselheiros tutelares, outros profissionais também conseguem identificar sinais de maus tratos: os dentistas.
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Segundo o dentista Gustavo Menegucci, os profissionais da odontologia são os primeiros a notarem os sinais de agressão, que acometem com maior frequência a região da face, da cabeça e do pescoço. “Sempre buscamos olhar as crianças com uma atenção diferenciada. Conversamos com eles e quando notamos algo, físico ou psicológico, já ligamos o alerta”.
Ele conta que a identificação nem sempre é fácil, pois há pais que não desgrudam dos filhos e fica difícil investigar. “Uma vez atendemos uma criança que estava com um roxo. Porém o pai não saía de cima para perguntarmos. Ele era bem bravo aparentemente e não conseguimos questionar muito. Depois disso ele não voltou mais ao consultório”, conta.
Profissionais em alerta
O Conselho Federal de Odontologia trabalha na capacitação de profissionais dentistas para a identificação dos casos por meio de cartilhas e palestras em universidades. Segundo as orientações do órgão, ao notar algo suspeito o dentista deve fazer uma boa anamnese e verificar se a história da lesão é coerente com o ferimento.
Além de maus tratos, por meio do exame bucal esses profissionais também conseguem identificar casos de abuso sexual. Para isso, é necessário analisar alteração de comportamento, lesões de DST, petéquias (pontos vermelhos causados por hemorragia de vasos) e machucados que possam sinalizar sexo oral forçado.
Onde denunciar
Em suspeita de maus-tratos, o cirurgião-dentista tem a obrigação legal de notificar o caso ao Conselho Tutelar, sem necessidade de apresentar provas, com sigilo garantido, sendo sugerido não interferir pessoalmente na situação. A denúncia também pode ser feita pelo Disque Denúncia Nacional por meio do número 100; na Autoridade Policial ou no Ministério Público.
