Saúde

Descoberta de grupo da Ufes pode acelerar diagnóstico de doença grave do sistema nervoso

Achados em exames de imagem que podem acelerar diagnóstico da doença infecciosa neurocriptococose

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Pesquisa neurocriptococose Ufes
Imagem: Ufes/divulgação

Uma pesquisa inédita de um grupo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) pode acelerar o diagnóstico de uma doença infecciosa e grave que atinge o sistema nervoso central, a neurocriptococose. Os achados são em exames de imagens, principalmente em ressonância magnética.

Segundo a Ufes, a doença é causada por fungos das espécies Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii, encontrados em solo contaminado com excrementos de animais e madeira em decomposição.

Pessoas com sistema imunológico comprometido, como pacientes com aids, receptores de órgãos transplantados e indivíduos com doenças hematológicas malignas são mais suscetíveis à neurocriptococose.

De acordo com o Professor de Radiologia e um dos desenvolvedores da pesquisa, Marcos Rosa Júnior, foi concluído que a presença nos exames de imagem de uma lesão cística com nódulo (comparável a uma pequena bola), antes associada à neurocisticercose – doença infecciosa causada por tênia que se aloja no cérebro –, também pode indicar a neurocriptococose.

Nosso grupo descobriu e descreveu, pela primeira vez, uma lesão cística com um nódulo periférico dentro dessa lesão acontecendo em pacientes com neurocriptococose. Essa descoberta ajuda a fazer o diagnóstico precocemente e a tratar os pacientes de forma assertiva, evitando a mortalidade, pois é uma doença gravíssima.

Professor de Radiologia Marcos Rosa Júnior, do Departamento de Clínica Médica da Ufes.

Nove casos da doença  – oito tratados no Hucam e um em outra instituição hospitalar – registrados entre maio de 2014 e maio de 2022, foram analisados durante a pesquisa.

Além disso, foi feita uma revisão da literatura científica para identificar a descrição do padrão observado pelos pesquisadores. Entretanto, como não havia registros similares, o grupo descreveu, pela primeira vez, um caso específico em uma revista internacional.

“Depois da descrição da ocorrência das imagens [relacionando-as à neurocriptococose], no nosso próprio serviço [de saúde] apareceram outros casos semelhantes. Em um deles, rapidamente foram investigadas as duas doenças [neurocriptococose e neurocisticercose] para que não houvesse dúvida no diagnóstico final. Hoje, outros pesquisadores estão descrevendo esse achado e citando nosso trabalho inicial. Assim, ajudamos não só os nossos pacientes, mas a literatura mundial”, descreveu o professor.

O estudo foi desenvolvido por Rosa Jr. junto com pesquisadores do setor de neurorradiologia do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam): Cláudia Biasutti, infectologista do Hucam; Eduardo Cots e Anna Luisa Campos, médico e médica residentes; e Kezia Pinheiro e Matheus Rassele, ex-estudantes do curso de Medicina da Ufes.

Aline Gomes

Repórter

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.