
Receber o diagnóstico de diabetes pode ser assustador. Imaginar as mudanças na rotina, cuidados com a saúde e os sintomas permanentes faz com que, muitas vezes, os pacientes acreditem que não será possível ter a mesma qualidade de vida após a descoberta da doença.
Apesar de ser um pensamento comum, essa não é a realidade de quem convive com o diabetes. Segundo especialistas, com o tempo e algumas adaptações é possível aprender a se cuidar, sem viver em função da doença.
O papel da alimentação no controle do diabetes
A sociedade brasileira de endocrinologia descreve o diabetes como uma doença crônica caracterizada pela elevação da glicose do sangue e está associada a um defeito na produção da insulina, pelo pâncreas, ou no uso do hormônio pelo corpo.
Além da medicação e acompanhamento médico, específico para cada tipo de diabetes, a alimentação é um dos pilares fundamentais para o controle dos sintomas. Isso por que, segundo o endocrinologista da Bluzz Saúde, Maurício Dall’Orto, os alimentos estão diretamente relacionados aos nossos níveis de glicose.
O que a gente come influencia diretamente na glicose. Comer bem ajuda a manter tudo mais estável e evita oscilações que, com o tempo, podem prejudicar o corpo. O acompanhamento com nutricionista pode ser divisor de águas no início do tratamento.
Os alimentos não são os vilões
Fernanda Duarte nutricionista, ainda afirma que, após o diagnóstico, é essencial fazer adaptações na alimentação, mas sem culpar os alimentos. É preciso ter cuidado na hora de montar o novo cardápio.
“Os carboidratos, por exemplo, são a principal fonte de energia do corpo e não devem ser totalmente eliminados. O ideal é escolher fontes de carboidratos de melhor qualidade, como integrais, legumes e frutas, e controlar as quantidades conforme a orientação nutricional”, explicou a nutricionista da Bluzz Saúde.
Doces e frutas, que podem se tornar temidos após o diagnóstico, na verdade, não precisam ser totalmente cortados da rotina. Segundo a especialista, em ambos os casos, é importante ter controle na hora do consumo.
“Os doces não estão totalmente proibidos, mas o consumo deve ser eventual e moderado e, de preferência, associado a refeições equilibradas para evitar picos de glicose. Já as frutas com menor índice glicêmico, como maçã, pera, morango, ameixa e abacate, são mais indicadas”, completou.
Sobre os sucos, Fernanda Duarte explica que o ideal é evitar, pois elevam rapidamente a glicose.
Qual a dieta correta para quem tem diabetes?
Os especialistas reforçam que há tipos diferentes de diabetes e que o tratamento também varia de acordo com o paciente. Entretanto, há algumas escolhas na hora das refeições que fazem a diferença.
Alguns alimentos que ajudam no controle da glicemia são:
- Legumes e verduras (ricos em fibras);
- Frutas com baixo índice glicêmico (como morango, maçã, pera);
- Grãos integrais (aveia, arroz integral, quinoa);
- Leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico);
- Oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas);
- Alimentos fontes de proteínas magras (ovos, peixes, frango).
Mas a nutricionista Fernanda Duarte faz um alerta: o jejum intermitente não é positivo para pacientes de diabetes. “O jejum intermitente não é recomendado principalmente para quem faz uso de medicamentos ou insulina, pois pode aumentar o risco de hipoglicemia”, completou.
Segundo ela, o ideal é fazer refeições regulares, sem longos intervalos, e distribuir os carboidratos ao longo do dia. Já o café da manhã, almoço, jantar e pequenos lanches intermediários podem ser planejados conforme a rotina do paciente.
O papel dos exercícios físicos
Mas não é só a alimentação que merece atenção após o diagnóstico. Maurício Dall’Orto reforça que os exercícios físicos também são muito importantes para a qualidade de vida do paciente.
“Caminhar, pedalar, fazer musculação! Tudo isso ajuda o corpo a usar melhor a glicose. Não precisa fazer algo pesado, o importante é se movimentar com frequência mantida”, afirmou o endocrinologista.
Para ele, a atividade física, a alimentação balanceada e a medicação correta andam juntos e garantem que o paciente siga a vida normalmente, mesmo com o diabetes.
Quem se cuida vive e envelhece com saúde
Ambos os especialistas afirmam: é possível ter qualidade de vida após o diagnóstico. Ainda que descobrir o diabetes seja um momento complicado, entender a doença ajuda a lidar com as mudanças que ela provoca.
“Quem se cuida vive bem, faz planos, envelhece com saúde. O diabetes não impede isso, mas exige atenção e constância”, completou Dall’Orto.