Algumas doenças desafiam o olhar tradicional da medicina e nos convidam a repensar o que entendemos por saúde e doença. O recém-reconhecido diabetes tipo 5 é um exemplo emblemático dessa nova compreensão.
Diferentemente dos tipos mais conhecidos, esse subtipo está relacionado não ao excesso de alimento, mas à falta — às carências nutricionais que marcam o início da vida, especialmente durante a gestação e a infância. Trata-se de uma forma de diabetes que nasce da privação e revela como a desnutrição precoce pode deixar consequências metabólicas duradouras.
O impacto da insuficiência alimentar
Enquanto o diabetes tipo 1 é resultado de um processo autoimune que destrói as células produtoras de insulina e o tipo 2 decorre da resistência à insulina associada geralmente ao excesso de peso, o tipo 5 surge de uma história de carência.
A insuficiência alimentar, principalmente de proteínas e micronutrientes essenciais, prejudica o desenvolvimento do pâncreas e compromete sua capacidade de produzir insulina adequadamente ao longo da vida. Nesse caso, o problema não está na resistência do corpo ao hormônio, mas em um organismo que nunca pôde produzi-lo plenamente.
Pesquisas recentes destacam que essa forma de diabetes tende a se manifestar em populações de baixa e média renda, onde a insegurança alimentar é comum. Jovens e adultos com histórico de desnutrição, baixo peso e sintomas clássicos de diabetes — como sede excessiva, urina frequente, cansaço e perda de peso — podem estar entre os milhões de casos ainda não reconhecidos.
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O fato desses indivíduos geralmente não apresentarem obesidade nem resistência à insulina, dificulta o diagnóstico correto, levando a tratamentos inadequados e maior risco de complicações.