
Era março de 2020. Enquanto o mundo parava diante de um vírus ainda desconhecido, a enfermeira Patrícia Azevedo vestia o macacão, calçava as luvas e subia na ambulância do Samu, em Vitória. Ao lado do médico Marcos Mantelmacher e do condutor André Tonolli, ela participou da primeira remoção de um paciente com suspeita de covid-19 no Espírito Santo.
Na linha de frente desde o início, Patrícia viveu de perto o drama da pandemia. Além do atendimento pré-hospitalar, também atuou na montagem da primeira enfermaria pediátrica para covid-19 do Hospital Infantil de Vitória, onde presenciou perdas marcantes, inclusive de crianças com câncer.
LEIA TAMBÉM:
A melhor época para tratar manchas e rejuvenescer a pele
Confira 7 dicas para combater o jet lag na próxima viagem
Paralisia facial: o que você precisa saber sobre essa condição
Enfermeira revela que covid mudou forma de encarar profissão
Em entrevista ao Folha Vitória, a enfermeira capixaba contou como tudo o que viveu mudou sua forma de encarar a profissão:
“Viver a pandemia intensamente me fez entender o valor da vida e o quanto os profissionais da enfermagem são essenciais para o cuidado direto ao paciente. Estávamos ali 24h ao lado, cuidando da entrada à alta ou à morte”.
Hoje, cinco anos depois, ela continua na ativa. Atua no Samu 192 e também na coordenação de enfermagem de uma UPA em Vila Velha. A experiência da pandemia, segundo ela, transformou seu olhar:
Se um dia achei que fazia o melhor, hoje procuro fazer mais, amanhã mais e no outro dia mais. Porque todo paciente é o amor de alguém: de um filho, de uma mãe, de um pai…
Homenagem na Câmara de Vitória
Por toda sua trajetória de coragem, entrega e humanidade, Patrícia será homenageada no próximo dia 8 de maio, em uma sessão solene na Câmara Municipal de Vitória, em celebração ao Dia da Enfermagem, proposta pelo vereador Bruno Malias.
Questionada sobre os aprendizados do sistema de saúde, Patrícia acredita que a pandemia escancarou a necessidade de melhorias:
“Nunca estaremos preparados em tudo para algo tão desafiador. Mas isso tudo se fez necessário para entender que cada dia o sistema e nossa categoria precisam de qualificação, valorização e profissionais competentes para atender a população com dignidade”.
Ela também deixa uma mensagem para os novos profissionais da saúde:
“Façam tudo com amor. Eu sempre digo isso à equipe que eu coordeno: façam como se estivessem atendendo vocês mesmos. Dedicação, carinho, amor e empatia. Sem isso não tem como trabalhar na enfermagem, porque a arte de cuidar é um dom”.
Maior legado da pandemia: valorização da vida
Para Patrícia, o maior legado da pandemia é a valorização da vida e dos profissionais que cuidam:
“A Covid não escolheu lugar, raça, classe social… Naquela época não existia nenhuma distinção entre nós, todos estávamos sujeitos a adoecer e necessitar de cuidados. A dúvida sempre era: será que vou sobreviver?”