Entre a adaptação à nova rotina e os desafios naturais da chegada de um recém-nascido, muitas mães acabam enfrentando dificuldades na hora da amamentação.
Dor nos mamilos, insegurança sobre a produção de leite, estresse e falta de apoio são apenas alguns dos fatores que podem comprometer a experiência do aleitamento materno nos primeiros meses de vida do bebê.
No Agosto Dourado, mês de incentivo e conscientização sobre a importância da amamentação, especialistas respondem as principais dúvidas de quem está passando por esta etapa.
Qual a posição correta para amamentação?
Segundo a neonatologista e coordenadora da Pediatria do Hospital São José, em Colatina, Francine de Vasconcelos, o posicionamento do bebê é fundamental para garantir uma amamentação bem-sucedida e sem dores.
Alinhar o corpo do bebê com o da mãe, apoiar bem o peso com o auxílio de almofadas e manter a mãe em uma posição confortável ajuda a evitar dores, lesões e até fissuras nos mamilos.
Francine de Vasconcelos
A pediatra neonatologista do Hospital Santa Rita, Sandra Scherrer Lopes, ainda diz que não existe uma única posição ideal e o mais importante é que a mãe e o bebê estejam confortáveis e que a pega do peito pelo bebê esteja correta.
“Algumas mães preferem amamentar sentadas, outras deitadas. O bebê deve estar bem posicionado, com o corpo virado para a mãe e a boca bem aberta, abocanhando a aréola. Existe a posição tradicional, invertida de cavaleiro e deitada”, explica.
Já para a pega correta, segundo informações da Sociedade Brasileira de Pediatria, o bebê precisa abocanhar boa parte da aréola (e não apenas o mamilo), com a boca bem aberta e os lábios virados para fora, formando um “selinho” ao redor do seio. O nariz deve tocar levemente a mama, e o queixo também precisa estar encostado, garantindo que o bebê consiga extrair o leite de forma eficaz.
É normal sentir dor?
Nos primeiros dias após o parto, segundo as especialistas, é comum a mulher sentir desconfortos ou dores, o que pode ser parte da adaptação do corpo, mas nem sempre é sinal de problema.
Quando a dor é persistente, pode estar relacionada a uma pega incorreta ou outro fator técnico, e deve ser avaliada por profissionais. Elas explicam que é essencial acabar com o mito de que ‘amamentar sempre dói’.
“A pega correta é essencial para minimizar as dores. Isso evita que o mamilo fique machucado e garante que o bebê mame com eficácia”, considera Sandra Scherrer Lopes, que também é coordenadora médica da Pediatria, Maternidade, Pronto-Socorro e Utinp do Hospital Santa Rita.
O leite materno pode ser fraco?
O leite fraco, de acordo com Francine de Vasconcelos, é outro mito que precisa ser esquecido. Ela explica que o leite materno sempre será nutritivo e que não é necessário complementar com fórmula.
“Muitas mães se preocupam se o leite está sendo suficiente, especialmente quando o bebê chora muito ou mama com frequência. No entanto, o leite materno é sempre completo, nutritivo e adequado às necessidades do bebê, independentemente da sua aparência”, enfatiza Francine, que também é professora do Unesc.
Ela ainda ressalta que a ideia de que peito pequeno produz menos leite ou que a amamentação precisa acontecer sempre nos mesmos horários está equivocada. “O tamanho das mamas não influencia na produção e a amamentação sob demanda estimula melhor a produção do leite”, completa.
O formato do peito interfere na amamentação?
Sobre o fato de algumas mulheres terem mamilos planos ou invertidos, Francine diz que são condições que não impedem a amamentação. Com técnicas adequadas, como estimulação antes das mamadas e orientação de profissionais especializados, é possível superar os desafios iniciais e garantir o aleitamento materno.
O que importa para a amamentação não é o formato do bico, mas sim a forma como o bebê pega a mama. Quando a pega está correta, o bebê abocanha a aréola – parte escura ao redor do bico – e não apenas o bico. Em alguns casos, pode ser necessário um pouco mais de paciência e orientação no início. Técnicas simples, como a ordenha manual antes da mamada para formar o bico, ajudam muito.
Completa Sandra Scherrer Lopes.
A alimentação impacta na produção de leite?
Francine de Vasconcelos acrescenta que, embora a produção de leite dependa principalmente da sucção do bebê, alguns alimentos podem contribuir. “Aveia, feno-grego e gergelim são tradicionalmente associados ao aumento da lactação, com estudos sugerindo benefícios, embora ainda sejam necessárias mais pesquisas para comprovação definitiva.”
Para Sandra, mais do que alimentos específicos, o que realmente ajuda a manter uma boa produção de leite são hábitos saudáveis e o bom manejo da amamentação.
“A principal dica é: quanto mais o bebê mama, mais leite a mãe produz. A amamentação funciona sob o princípio da oferta e demanda. Manter uma boa hidratação, fazer refeições equilibradas e nutritivas, e descansar sempre que possível também são fundamentais.”