O pão é um dos alimentos mais consumidos pelos brasileiros. Seja no café da manhã, no lanche da tarde ou até na janta, ele está presente na mesa da maioria das pessoas. Entretanto, o pão vive entre o amor e a culpa de quem tenta manter uma dieta.
Mas será que ele realmente precisa sair do cardápio para uma alimentação saudável? Apesar da fama de “inimigo da balança”, nutricionistas afirmam que o segredo não está em cortar o alimento do cardápio.
No Dia Mundial do Pão, 16 de outubro, perguntamos a especialistas: cortar o pão é mesmo a solução para emagrecer?
O pão é realmente o vilão da dieta?
A resposta é não! Segundo Marcella Zaché, professora do Unesc e mestre em nutrição e longevidade, o pão ganhou má fama principalmente por ser uma fonte de carboidratos, nutrientes que, nos últimos anos, foram considerados por diversas dietas como principais responsáveis pelo ganho de peso.
Na verdade, o que leva ao acúmulo de gordura corporal é o excesso calórico, comer mais do que o corpo gasta, e não um alimento isolado. O pão, especialmente o branco, tem alto índice glicêmico e baixo teor de fibras, o que pode gerar picos de glicose e fome precoce, mas isso não significa que ele precise ser excluído de todas as dietas.
Marcella Zaché, professora do Unesc e mestre em nutrição e longevidade
A nutricionista Thamires Favato, especialista em lipedema, destaca que as “modas nutricionais” influenciaram a relação com os alimentos, por isso o pão já foi considerado um grande inimigo nas dietas.
A especialista explica que, assim como qualquer outro alimento, o segredo para manter o pão na dieta é a alimentação balanceada. O problema não está no pão em si, mas sim na quantidade e nos acompanhamentos
“As pessoas passaram a consumir os pães várias vezes ao dia, sem uma dieta balanceada e junto com ele usam alimentos ultraprocessados, principalmente os embutidos”, disse Thamires Favato.
É possível manter o pão durante a dieta?
A dieta é adaptável e é pensada para as necessidades e objetivos de cada pessoa. Por isso, as nutricionistas explicam que a decisão de manter ou não o pão pode variar.
De acordo com Marcela Zaché, quem está em processo de emagrecimento precisa controlar o total de calorias, ajustar de forma adequada os macronutrientes e micronutrientes. Isso não quer dizer que é preciso eliminar determinado alimento.
“No caso do pão, ele pode perfeitamente fazer parte de um plano alimentar equilibrado, desde que seja bem dosado e inserido no contexto das necessidades individuais” explicou.
A especialista ainda complementa que, em alguns casos, retirar completamente o pão gera restrição excessiva, “que leva à compulsão e dificuldade de adesão ao plano alimentar a longo prazo”.
Thamires Favato relembra que o pão pode fazer parte da rotina, desde que a pessoa tenha uma alimentação balanceada. Além disso, também é importante acrescentar uma fonte de proteína (como ovos e carnes) para ajudar a manter a saciedade por mais tempo.
Qual é o melhor pão para manter a dieta?
Outra dúvida que pode surgir quando falamos do pão é: afinal, qual é a melhor opção?
Segundo as especialistas, a principal diferença está no teor de fibras e na qualidade dos ingredientes. Confira a comparação entre os pães mais comuns:
- Pão francês: é o mais simples e com baixo teor de fibras, o que favorece a fome mais precoce. Entretanto, isso pode ser mudado quando é recheado de forma adequada.
- Pão integral: contém mais fibras, porém, pode ser considerado ultraprocessado, dependendo dos seus ingredientes. Neste caso, é importante analisar os ingredientes e a tabela nutricional para garantir uma qualidade e quantidade de fibras.
- Pão de fermentação natural: vem ganhando espaço já que possui melhor digestibilidade e ingredientes mais naturais.
- Pães com fontes proteicas (como de aveia, linhaça ou com adição de ovos): são interessantes para quem busca saciedade e melhor composição corporal.
- Pão sem glúten: foram desenvolvidos para as pessoas que não podem consumir o glúten, mas isso não os torna mais saudáveis, podem ter uma valor calórico superior aos pães tradicionais, teor maior de gordura e conter menos fibras, o que os deixa atrás no quesito nutricional.
Apesar das diferenças e de ser possível fazer escolhas mais conscientes, Marcella Zaché alerta: o tipo de pão não define o sucesso da dieta. “O que importa é o equilíbrio energético total e o contexto alimentar. E, claro, para além das calorias é fundamental atentarmos a qualidade da alimentação”, destacou.
Qual o melhor acompanhamento
Além de olhar para o tipo de pão, também é essencial escolher os acompanhamentos certos. A combinação correta de alimentos podem ajudar na saciedade e na adição de proteínas à dieta.
De acordo com as especialistas, ovos mexidos, tofu mexido, queijo branco, cottage, ricota, pasta de grão-de-bico (homus), abacate, pasta de amendoim natural e patê com vegetais são ótimas opções. Neste caso, também é recomendado evitar os embutidos, como salame, por exemplo.
O que vai ajudar no emagrecimento é a diferença entre o consumo calórico diário e o seu gasto energético. Com uma estratégia alimentar adequada, é possível encaixar o pão no seu cardápio e ter a perda de peso.
Thamires Favato, nutricionista