Você já parou para pensar no que faria se alguém tivesse uma crise epiléptica na sua frente? A maioria das pessoas fica sem saber como agir e não é raro que, por medo ou preconceito, acabem tomando atitudes que mais atrapalham do que ajudam.
A epilepsia é uma das doenças neurológicas mais comuns no mundo, e no dia 9 de setembro celebramos o Dia Nacional e Latino-Americano de Conscientização sobre a Epilepsia. Uma data para lembrar que falar sobre o tema é fundamental para reduzir preconceitos e ampliar o acesso à informação.
O que é, afinal, a epilepsia?
A epilepsia acontece quando o cérebro passa a ter descargas elétricas anormais e repetitivas. Isso gera crises que podem variar bastante: algumas são do tipo convulsão, com movimentos fortes e perda de consciência; outras são discretas, como segundos de “apagão”, olhar fixo ou movimentos automáticos.
Nem toda crise é igual, e nem sempre a pessoa cai no chão se debatendo, esse é só um dos muitos tipos possíveis.
Quais são as causas?
A epilepsia pode ter várias origens. Em alguns casos, é consequência de uma lesão cerebral adquirida (como traumatismo craniano, sequelas de AVC, infecções no sistema nervoso ou tumores). Em outros, está ligada a alterações genéticas que deixam o cérebro mais suscetível a descargas elétricas anormais. E há também situações em que não se consegue identificar uma causa clara.
O importante é entender que não existe “um único tipo” de epilepsia: há muitas formas diferentes da doença, que precisam de avaliação individualizada.
Mitos e verdades que precisam ser esclarecidos
- Epilepsia não é possessão. Durante muito tempo, por falta de conhecimento, as crises eram associadas a explicações religiosas ou sobrenaturais. Hoje sabemos: é uma doença neurológica como qualquer outra, e merece ser tratada sem preconceitos.
- Não é contagiosa. Você não “pega” epilepsia.
- Existe tratamento. E funciona! A maioria dos pacientes consegue controlar as crises com medicamentos. Em alguns casos específicos, pode haver indicação de cirurgia ou outros métodos.
- Epilepsia não define a pessoa. Pacientes podem estudar, trabalhar, formar família, dirigir (quando controlados). O que atrapalha a vida, muitas vezes, não é a doença em si, mas o estigma social.
O que fazer diante de uma crise
Essa é a parte prática que todo mundo deveria saber:
1. Mantenha a calma. A crise costuma durar poucos minutos.
2. Proteja a pessoa. Afastar objetos que possam machucar e apoiar a cabeça no chão.
3. Não segure à força. Tentar imobilizar só gera mais risco de lesão.
4. Nunca coloque nada na boca. A pessoa não vai “engolir a língua”, e qualquer objeto pode causar sufocamento.
5. Chame ajuda médica se a crise durar mais de 5 minutos ou se for a primeira vez que acontece.
O papel do neurologista
Se alguém teve uma primeira crise, é essencial procurar o neurologista. Só o especialista pode investigar as causas, pedir exames adequados e definir se já é o momento de iniciar tratamento.
Para quem já tem o diagnóstico, o acompanhamento contínuo é fundamental. O tratamento não deve ser interrompido por conta própria, parar a medicação de repente pode aumentar muito o risco de novas crises. Além disso, o neurologista avalia se há necessidade de ajustes no tratamento ou de novas estratégias.
E como é a vida com epilepsia?
Quem tem epilepsia precisa de acompanhamento médico e, muitas vezes, de tratamento contínuo. Mas isso não significa viver limitado. Muitos pacientes ficam anos sem crises, outros aprendem a identificar gatilhos e a conviver bem com a condição.
O que não pode acontecer é deixar que o preconceito isole a pessoa. Saber que é possível ter qualidade de vida faz toda a diferença. Informação é a melhor forma de combater o estigma.
Para fechar
A epilepsia não deve ser vista como um bicho de sete cabeças. Ela é uma doença neurológica, comum, tratável e que não precisa ser um fardo. O que precisamos é de olhar humano, empatia e conhecimento.
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Epilepsia não define ninguém. Informação, respeito e acolhimento podem transformar a vida de quem convive com essa condição.