Cuidar dos dentes é uma rotina que parece simples, mas que depende de muita tecnologia. Desde o formato da escova de dentes até o tipo de cerda, cada detalhe influencia na limpeza e na saúde bucal.
Nos últimos anos, surgiram as escovas de dentes com nanofibras ou nano-cerdas, que prometem uma escovação mais delicada, eficiente e até antibacteriana.
Mas será que elas realmente funcionam melhor do que as escovas comuns?
O que são escovas com nanofibras
Essas escovas utilizam cerdas extremamente finas, até 10 vezes menores do que as de uma escova tradicional.
A ideia é que, por serem mais finas, elas alcancem melhor os espaços entre os dentes e a margem gengival, removendo mais resíduos sem causar desgaste no esmalte.
Além disso, algumas versões recebem revestimentos com nanopartículas (como prata, ouro ou zinco) para ajudar a reduzir o acúmulo de bactérias nas cerdas.
O que os estudos mostram até agora
Pesquisas de laboratório (in vitro) mostram que escovas com nanofibras podem ser menos abrasivas.
Um estudo recente observou que o desgaste do esmalte foi até três vezes menor ao usar uma escova com nano-cerdas, comparado a escovas macias convencionais. Isso indica que esse tipo de escova pode ser interessante para pessoas com hipersensibilidade ou desgaste dentário.
Ação antibacteriana: escovas que “se limpam sozinhas”?
Um dos problemas das escovas comuns é que, com o tempo, elas acumulam bactérias entre as cerdas — o ambiente úmido e os resíduos de creme dental favorecem isso.
Para combater o problema, cientistas criaram escovas com nanopartículas de prata, ouro ou zinco, conhecidas por suas propriedades antibacterianas.
Em um estudo com 84 pessoas, escovas com nanopartículas de ouro apresentaram menos bactérias nas cerdas e menor formação de placa após uma semana de uso, quando comparadas com escovas comuns.
Outros testes em laboratório confirmam que essas partículas realmente impedem o crescimento de bactérias, pelo menos nos primeiros dias de uso.
No entanto, ainda não está claro por quanto tempo esse efeito dura.
Com o uso contínuo, parte dessas nanopartículas pode se soltar, diminuindo a ação antibacteriana.
Também existem escovas com íons de prata, que demonstraram efeito antibacteriano de curta duração — útil para manter a escova mais limpa, mas sem comprovação de que isso melhore a saúde da gengiva ou reduza cáries.
Revisões e perspectivas: o que a ciência diz
Vários grupos de pesquisa já revisaram o tema e chegaram a conclusões parecidas:
- A ideia é promissora e faz sentido do ponto de vista tecnológico.
- Os resultados de laboratório são bons, mas faltam estudos clínicos robustos que mostrem benefícios reais em pessoas no dia a dia.
As revisões também chamam atenção para a segurança: parte das nanopartículas pode se desprender das cerdas com o tempo. Ainda não há indícios de risco significativo, mas os cientistas pedem mais estudos de longo prazo para garantir que o uso diário seja totalmente seguro.
Além das escovas, as nanofibras estão sendo pesquisadas em outras áreas da odontologia, como curativos gengivais e membranas regenerativas, mostrando o potencial da nanotecnologia.
Mesmo assim, as escovas com nanofibras ainda estão em fase experimental, e não há provas sólidas de que limpem melhor do que as escovas tradicionais.
Em resumo:
- A nanotecnologia é um caminho interessante, mas ainda em estudo.
- A escova comum e macia, usada da forma correta, continua sendo a mais confiável.
- Escovas com nanopartículas parecem acumular menos bactérias.
- Ainda não há prova clara de que elas melhorem a saúde bucal.
- E, mesmo com essas novidades, trocar a escova a cada três meses continua sendo essencial.
Preço e disponibilidade
Por enquanto, as escovas com nanofibras ainda não são populares no Brasil.
A maioria é importada e custa entre R$ 30 e R$ 80, dependendo da marca e do tipo de revestimento (algumas podem chegar a mais de R$ 100).
Já as versões comuns de boa qualidade custam de R$ 10 a R$ 20. Ou seja, o preço das escovas nano costuma ser duas a quatro vezes maior.
Conclusão
As escovas com nanofibras representam uma inovação interessante, unindo delicadeza e tecnologia. Elas parecem causar menos desgaste e reter menos bactérias, mas ainda não há provas suficientes de que limpem melhor ou tragam mais saúde gengival do que as escovas tradicionais.
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Enquanto os estudos continuam, a melhor escolha ainda é a clássica: escova macia, técnica correta, creme dental fluoretado e acompanhamento odontológico regular.
Com ou sem “nano”, o que realmente faz diferença é como e com que frequência você escova os dentes.