Estomatite Herpética
Imagem: Freepik

Quando uma criança começa a ter febre alta, chorar por dor na boca e recusar qualquer comida, é natural que os pais fiquem preocupados. Esses podem ser sinais de uma condição bastante comum na infância chamada estomatite herpética.

Ela pode ser bem incômoda, mas felizmente já existem formas modernas e eficazes de ajudar — como a aplicação de laser feita pelo dentista.

O que é estomatite herpética?

A estomatite herpética é uma infecção causada pelo vírus do herpes simples tipo 1 (HSV-1) — o mesmo que causa aquelas feridinhas que aparecem nos lábios. Nas crianças, esse vírus pode provocar uma crise mais forte na primeira vez que entra em contato com o organismo, principalmente entre os 6 meses e 5 anos de idade.

Ela é contagiosa e pode ser transmitida por meio da saliva, copos, talheres, brinquedos compartilhados ou até um simples beijo de alguém com o vírus ativo.

Quais são os sintomas?

Os sintomas aparecem de forma rápida e intensa. Nos primeiros dias, a criança pode apresentar:

  • Febre alta, às vezes acima de 39°C;
  • Irritabilidade e cansaço;
  • Dificuldade para comer ou beber, por dor na boca;
  • Gengivas muito vermelhas, inchadas e que sangram com facilidade;
  • Pequenas feridinhas dolorosas na boca inteira (língua, bochechas, gengiva);
  • Mau hálito e salivação em excesso;
  • Gânglios no pescoço (ínguas).

Essas feridas costumam durar entre 10 e 14 dias, e o desconforto pode ser grande. Por isso, quanto mais cedo for iniciado o tratamento, melhor para a criança e para a tranquilidade da família.

Como o dentista pode ajudar?

Muita gente acha que, por ser um vírus, a única opção é esperar passar. Mas hoje em dia os dentistas contam com um grande aliado: o laser de baixa intensidade.

Essa tecnologia não machuca, não aquece e não precisa de anestesia. É usada para ajudar na cicatrização de feridas e no controle da dor — e pode ser aplicada até mesmo em bebês, de forma segura.

O que o laser faz?

O laser age como um “remédio em forma de luz”. Quando aplicado nas feridinhas, ele ajuda o corpo a se recuperar mais rápido. Os principais benefícios são:

  • Alívio da dor já nas primeiras sessões;
  • Acelera a cicatrização das lesões na boca;
  • Reduz a inflamação e o inchaço;
  • Melhora a alimentação e o sono da criança;
  • Diminui o tempo total da doença.

Um estudo publicado na Revista de Saúde e Desenvolvimento mostrou que crianças tratadas com laser melhoraram muito mais rápido do que as que não usaram esse recurso, com redução de até 50% no tempo de recuperação (RSD Journal, 2022).

É seguro? Dói?

O laser é totalmente seguro e o procedimento dura poucos segundos em cada região (Imagem: Freepik)

Pode ficar tranquilo: o laser é totalmente seguro quando aplicado por profissionais treinados, como dentistas habilitados em laserterapia. O equipamento é usado com todos os cuidados, e a luz do laser não causa dor nem desconforto. A criança usa óculos de proteção e a aplicação dura apenas alguns segundos em cada região afetada.

Normalmente, são necessárias de 2 a 4 sessões, dependendo da gravidade do caso. Em muitos casos, o dentista consegue iniciar o atendimento ainda nos primeiros dias de sintomas — o que faz toda a diferença.

Vai substituir os remédios?

O laser pode reduzir a necessidade de remédios, como analgésicos e pomadas, mas não substitui totalmente o acompanhamento profissional. Em alguns casos, o dentista e o pedriatra podem orientar o uso de outros medicamentos para controlar febre ou dor.

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A grande vantagem é que evita o uso exagerado de remédios e permite tratar até aquelas feridinhas mais escondidas, como no céu da boca ou próximo à garganta — lugares difíceis de alcançar com pomadas.

Quando procurar ajuda?

Se seu filho estiver com febre e começar a apresentar feridinhas na boca, recusar comida e reclamar de dor, procure um dentista/pediatra o quanto antes. O laser funciona melhor se aplicado nos primeiros dias da infecção.

Ver uma criança sofrer é difícil, mas com a ajuda certa é possível aliviar os sintomas rapidamente e garantir uma recuperação mais tranquila. A estomatite herpética é uma doença dolorosa e com os recursos modernos da odontologia, ela pode ser bem mais leve do que parece.

Dra. Flávia Gama

Colunista

Cirurgiã-dentista. Especialista em Ortodontia. Mestre em Radiologia e Habilitada em Laserterapia. @flaviagama.orto

Cirurgiã-dentista. Especialista em Ortodontia. Mestre em Radiologia e Habilitada em Laserterapia. @flaviagama.orto