Saúde

Espírito Santo registra mais de 7.800 casos de gravidez de adolescentes por ano

Campanha do governo federal quer frear as estatísticas. Na Grande Vitória, Vila Velha é o município com registros mais atualizados. Em 2019, das mais de 5.700 mulheres que deram à luz, 11% eram adolescentes

Espírito Santo registra mais de 7.800 casos de gravidez de adolescentes por ano Espírito Santo registra mais de 7.800 casos de gravidez de adolescentes por ano Espírito Santo registra mais de 7.800 casos de gravidez de adolescentes por ano Espírito Santo registra mais de 7.800 casos de gravidez de adolescentes por ano
Foto: Divulgação

A pequena Alana está perto de completar o primeiro ano de vida. Já sua mãe, Ana Tereza, acaba de fazer 17. Ela tinha 15 anos quando descobriu a gravidez. Um misto de surpresa, alegria e preocupação.

“Eu pressentia, mas não queria aceitar. Com cinco meses, a madrinha da neném falou ‘menina, você tá grávida’. No mesmo dia, me levou pra fazer o ultrassom. Chegando lá, já descobri que era uma menina e que tinha acabado de completar cinco meses”, conta Ana Tereza.

Sua vida nunca mais foi a mesma. Mas, graças ao apoio da família, a adolescente tem superado as dificuldades. Hoje  se divide entre o trabalho, os estudos e a maternidade precoce.

Campanha Nacional de Prevenção à Gravidez na Adolescência

A história da Ana Tereza é parecida com a de muitas adolescentes em todo o Brasil. Nesta segunda-feira (03), o Ministério da Saúde lançou uma Campanha Nacional para Prevenção da Gravidez na Adolescência. O objetivo é conscientizar as meninas, e também os meninos, sobre os riscos à saúde e as consequências para o resto da vida de serem pais tão novos.

Foto: Divulgação/Ministério da Saúde

Em 2018, mais de 430 mil adolescentes entre 10 e 19 anos de idade deram à luz no país. Uma média de 930 mães precoces por dia. Os número representam 15% do total de nascidos vivos no Brasil.

Já no Espírito Santo, os dados mais recentes são de 2017. Mais de 7.800 mães tinham entre 15 e 19 anos. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, a estimativa é que quase 7 mil adolescentes tenham ingressado na maternidade nessa mesma faixa etária em 2018.

Na Grande Vitória, Vila Velha é o município com registros mais atualizados. Em 2019, das mais de 5.700 mulheres que deram à luz, 11% eram adolescentes. Há dez anos, em 2009, o índice era ainda maior: de 15%. Aliada ao esforço nacional, a prefeitura realiza pelo segundo ano consecutivo uma semana de debates sobre o tema.

“É a grande oportunidade de trazer pra gente esses adolescentes. Digo “esses” porque também envolvo o garoto. A menina não faz filho sozinha. É importante que o menino também participe e seja educado para saber que precisa usar um preservativo”, afirma Arthur Pagotti, obstetra e coordenador do departamento de Programas Especiais da Secretaria de Saúde de Vila Velha. 

O médico obstetra diz que o poder público tem a obrigação de informar sobre métodos contraceptivos e enfrentar o fato de que a sexualidade precoce é uma realidade presente em diversas classes sociais. “As pessoas têm que ser educadas para saber em que momento e de que maneira fazer sexo”, pontua.

O SUS oferece gratuitamente nove métodos para não engravidar, nas unidades de saúde primária. E também fornece testes rápidos para detecção de infecções como o HPV e outras doenças sexualmente transmissíveis.

“Eu não considero minha filha um erro. Foi um aprendizado pra mim mesma, entende? Achar que iria acontecer com os outros e não iria acontecer comigo”, disse Ana Tereza.

De acordo com a Prefeitura da Serra, o número de bebês nascidos de crianças e adolescentes, de 10 a 19 anos de idade, está diminuindo no município. Em 2017, o percentual foi de quase 14%. Já em 2018, foi de pouco mais de 12%.

Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record TV