As irmãs Angela e Andrea Camargo. Foto: Divulgação
As irmãs Angela e Andrea Camargo. Foto: Divulgação

As irmãs gêmeas Andrea e Angela Camargo, reconhecidas pela trajetória que une direito, neurociência e pesquisa acadêmica — hoje doutorandas pela PUC-SP, transformaram duas décadas de atuação no ambiente corporativo em uma proposta inovadora para a saúde emocional no trabalho.

À frente da healthtech de Saúde Mental Emocional Corporativa, Mental, Emotional Equity (Mee), focada em prevenção contínua e gestão de riscos psicossociais, elas explicam como uniram experiência jurídica, evidências científicas e tecnologia para criar um sistema que cuida de pessoas, reduz passivos e sustenta resultados nas empresas.

Em entrevista exclusiva à coluna Saúde em Fórum, as especialistas detalham a origem da plataforma, os diferenciais do método e os impactos das novas exigências da NR-1 para o futuro da saúde mental corporativa no país. Inclusive, o tema já foi pauta de um dos encontros do Colegiado da Saúde.

Como nasceu a ideia de criar a Mee – Mental, Emotional Equity? Houve alguma experiência pessoal ou observação do ambiente corporativo que motivou a fundação da healthtech?

A Mee nasceu do nosso ofício e do nosso jeito de atuação: mais de duas décadas de advocacia empresarial, sempre voltada para a advocacia preventiva e munindo os empresários de condutas certeiras em prol dos colaboradores e comprovações de tudo que era realizado. Assim, conseguimos diminuir drasticamente passivos trabalhistas e suas condenações.

Com toda essa experiência, pudemos também ver de perto como a saúde mental dos colaboradores caminha lado a lado com ajuizamento de ações, conflitos interpessoais, afastamentos, gastos, falta de produtividade e custo para o setor empresarial.

Ao mesmo tempo em que atuávamos no contencioso e na consultoria, seguíamos estudando (Andrea e Angela Camargo, com especializações no campo do Direito e da neurociência, mestrados e hoje doutorandas na PUC-SP) sempre com um pé na prática e outro na pesquisa. Essa combinação nos mostrou com clareza que prevenção só funciona quando vira rotina eficaz, mensurável e quando pode ser comprovada tecnicamente. A partir dessa convicção, o projeto que começou como 4U evoluiu e virou Mee.

A mudança de nome não foi estética; foi posicionamento. Passamos a entregar, de forma integrada, mapeamento contínuo de riscos psicossociais, capacitação EAD robusta ao longo do ano, acolhimento psicológico e documentação rastreável, tudo com espinha dorsal jurídica, alinhado à NR-1.

Em outras palavras: transformamos o que víamos nas empresas, tribunais e o que estudamos na academia, em um sistema que cuida de pessoas, reduz risco e sustenta resultados, com a seriedade e a comprovação que sempre pautaram nosso trabalho.

Diferenciais da Mee e soluções oferecidas

O que torna a Mee diferente de outras empresas voltadas à saúde emocional corporativa? Quais soluções práticas vocês oferecem?

O nosso diferencial é ter DNA jurídico em toda a arquitetura do produto: mapeamos riscos psicossociais com método e periodicidade, capacitamos ao longo do ano com projeto pedagógico rastreável, acolhemos de forma ética e registramos cada etapa com evidências que se integram ao PGR e às rotinas de SST e RH.

Em termos práticos, isso significa diagnóstico contínuo, trilhas EAD curtas e efetivas em saúde mental, apoio psicológico quando necessário e uma camada de documentação que dá segurança à liderança.

Muitas soluções falam em “aderência à NR-1”; mas além de não possuírem a conformidade à NR 01, ainda geram passivos às empresas que acreditam estar cumprindo as exigências da lei.

Nós não apenas mostramos a aderência, item por item, com relatórios, logs e certificados prontos para auditoria, como entregamos toda a documentação pronta para arquivo e utilização em eventuais fiscalizações e auditorias.

Atuação e Resultados

A Mee já atua em empresas de diferentes regiões do país? Que resultados vocês têm observado após a implementação?

Atuamos com empresas de perfis diversos, do chão de fábrica ao escritório, em diferentes estados do BR, como Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. O padrão que observamos é consistente: após diagnóstico e plano de ação, a capacitação contínua e o acolhimento reduzem atritos de equipe, os líderes se sentem apoiados com a utilização da ferramenta, diminuem conflitos e ansiedade; aumento de autorresponsabilidade e produtividade.

Do ponto de vista jurídico, há menos surpresa e mais documentação de todo o trabalho concentrado em uma única empresa; isso gera confiança, legalidade e praticidade. Em suma, quando o cuidado vira dado e o dado vira decisão, a cultura muda, e os riscos caem na mesma proporção.

A NR-1 e a Saúde Mental no Ambiente Corporativo

Sobre a NR-1: as mudanças destacam a importância da saúde mental no ambiente corporativo. Poderiam citar algumas novidades e confirmar a data-limite? Como a MEE ajuda na adequação?

A atualização da NR-1 incorporou os riscos psicossociais ao Gerenciamento de Riscos Ocupacionais, exigindo identificar, avaliar, tratar, registrar e revisar com participação dos trabalhadores e lógica de melhoria contínua. O cronograma regulatório aponta para vigência plena em 25 de maio de 2026. A nossa contribuição é transformar essa exigência em rotina simples: realizamos mapeamento contínuo com metodologia validada e relatórios setoriais que integram o PGR; entregamos capacitação EAD robusta durante todo o ano, com projeto pedagógico, avaliações e certificações rastreáveis; mantemos apoio psicológico para evitar que problemas evoluam para passivo; e organizamos toda a evidência em painéis e dossiês de conformidade, já vinculados aos dispositivos normativos pertinentes. Assim, a empresa previne de forma efetiva e comprova de forma irrefutável.

Visão futura sobre Saúde Emocional no Trabalho

Qual é a visão de vocês para os próximos anos sobre saúde emocional no trabalho? Como enxergam o futuro entre empresas, tecnologia e bem-estar?

Vemos a saúde emocional deixando de ser “benefício” e tornando-se infraestrutura de gestão, ao lado de segurança, qualidade e finanças. A tecnologia que acreditamos é a que reduz atrito, dá linguagem comum à liderança, protege a privacidade e conecta prevenção a indicadores de negócio. É um ganha-ganha-ganha: colaboradores mais saudáveis, empresas mais produtivas e sociedade mais sustentável. Do nosso lado, seguiremos entregando prevenção contínua, comprovada e dentro da lei, porque compliance sem cuidado não sustenta cultura, e cuidado sem compliance não sustenta o negócio. A Mee existe para unir os dois, todos os dias.

Alice Sarcinelli

Dra. Alice Sarcinelli é professora doutora da UFES, empresária e Head de Saúde da Rede Vitória de Comunicação

Dra. Alice Sarcinelli é professora doutora da UFES, empresária e Head de Saúde da Rede Vitória de Comunicação