
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) confirmou, nesta segunda-feira (10), que o surto de infecção no Hospital Santa Rita, em Vitória, foi causado pelo fungo Histoplasma capsulatum, comum em fezes de aves e morcegos. 33 casos de histoplasmose foram confirmados até o momento, e os testes laboratoriais continuam sendo realizados apenas para determinar o número exato de infectados. Além do fungo, as análises também identificaram a presença da bactéria Burkholderia cepacia em duas técnicas de enfermagem, justamente os casos mais graves da investigação.
Segundo o secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann, a análise foi feita em conjunto com o Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen) e a Vigilância em Saúde, com apoio da Fiocruz.
A conclusão é clara: o surto foi causado pelo fungo Histoplasma. Os testes agora seguem apenas para consolidar o número exato de casos confirmados.
Tyago Hoffmann, secretário estadual de Saúde
De acordo com o último boletim epidemiológico, divulgado pela Sesa no domingo (9), 141 casos são investigados. Destes, dois estão internados na UTI, um na enfermaria e o restante segue sendo acompanhado.
Bactéria foi identificada em dois casos graves
Durante as novas análises, as duas técnicas de enfermagem do Santa Rita testaram positivo para a Burkholderia cepacia, os casos mais graves da investigação.
Uma das profissionais foi infectada, simultaneamente, pelo fungo e pela bactéria. A técnica chegou a ser intubada durante o tratamento, mas apresentou evolução positiva.
Hoffmann explicou que, embora os dois casos tenham sido graves, a infecção bacteriana não foi a responsável pelo surto, e sim uma ocorrência paralela.
O fungo foi o agente causador do surto. A bactéria esteve presente em dois casos pontuais, e uma das pacientes chegou a ter coinfecção, ou seja, os dois patógenos ao mesmo tempo.
Rodrigo Rodrigues, diretor do Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/ES)
A bactéria foi identificada inicialmente no bebedouro de uma das salas de descanso da enfermagem. “Você encontra essa bactéria em qualquer ambiente contaminado. Em hospitais, ela é um patógeno usual”, ressalta.
Obra e poeira podem ter contribuído para surto
Os técnicos do Lacen e da Vigilância Sanitária apontaram ainda que obras em andamento no hospital, somadas a fatores ambientais como poeira e sistema de ar-condicionado, podem ter favorecido a dispersão dos esporos do fungo.
No entanto, segundo Rodrigues, a origem exata ainda não foi confirmada. “Há obras no local e pode ter relação com movimentação de poeira ou ventilação, mas ainda não é possível afirmar com certeza”, disse.
Segundo a Vigilância, novos casos começaram a ser identificados nos últimos dias devido ao período de incubação da histoplasmose, que pode levar semanas para manifestar sintomas. Por isso, os resultados mais recentes apareceram mesmo após a adoção das medidas de controle.
Situação atual
Os testes laboratoriais seguirão apenas para quantificar o número total de infectados, já que o agente causador do surto foi confirmado. As alas afetadas continuam sob monitoramento e as medidas de segurança permanecem em vigor.
A Sesa reforçou que o hospital é seguro para pacientes e funcionários, e que não há risco de transmissão entre pessoas.
141 casos são considerados suspeitos e a maioria ainda é entre profissionais do hospital.
Confira o quadro de pacientes:
- Casos investigados em funcionários: 113
Casos investigados em pacientes: 11
Casos investigados em acompanhantes: 17 - Internações em UTI: 02
Internações em enfermaria: 01
Funcionários internados: 0
Pacientes internados: 02
Acompanhantes internados: 01