Foto: Hospital Santa Rita/Divulgação
Foto: Hospital Santa Rita/Divulgação

As investigações sobre o surto de infecção respiratória entre funcionários e posteriormente, acompanhantes de pacientes do Hospital Santa Rita, em Vitória, continuam em andamento. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), até a manhã desta segunda-feira (27), seis funcionários e 12 acompanhantes permaneciam internados, com suspeita de vínculo, em diferentes hospitais.

Ao todo, 33 funcionários fazem parte do que a Sesa chama de vínculo epidemiológico, apresentando, de acordo com o hospital, “alterações radiológicas sugestivas de pneumonia”.

Confira o que se sabe até agora:

Quando e onde o surto começou?

Segundo a nota técnica encaminhada pela Sesa a todos os Hospitais do Estado, casos suspeitos são avaliados se tiver vínculo epidemiológico com o hospital após o dia 20 de setembro de 2025.

O surto teria começado em uma das alas de internação da instituição, que foi fechada temporariamente e está sendo analisada.

Qual a possível causa? Contaminação ambiental

A possibilidade mais aceita até o momento é um causador ambiental, ou seja, uma contaminação na água, em um filtro de ar-condicionado ou em alguma área frequentada pelos profissionais.

Entretanto, até o momento, os exames não apontaram o que pode ter ocasionado as contaminações. De acordo com o Secretário da Saúde do Estado, Tyago Hoffmann, vírus como coronavírus e as Influenzas A e B (gripe) já foram descartados.

Outros 300 patógenos – microrganismos como vírus, bactérias e fungos que causam doenças em seres vivos – estão sendo testados.

“Esperamos que até o final desta semana tenhamos um resultado sobre o que causou o surto”, afirmou o secretário.

Pacientes foram contaminados? Não

Até o momento, nenhum paciente do Hospital Santa Rita foi diagnosticado, com os casos se restringindo aos funcionários e acompanhantes.

Os números serão atualizados pela Sesa todos os dias, a partir desta terça-feira (27), às 17h.

Há pessoas em estado grave?

Três pessoas estão na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sendo uma delas em estado grave, mas estável. Apesar de estar entre os funcionários com vínculo epidemiológico, o hospital afirmou que ela já apresentava sintomas há 40 dias.

“A funcionária vinha em investigação de um quadro respiratório há 40 dias. Então, ela se comporta de uma maneira diferente dos outros funcionários que abriram um quadro agudo”, explicou Carolina Salume, médica infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Santa Rita.

O funcionamento do hospital foi interrompido? Não

O Hospital Santa Rita segue funcionando com alterações preventivas. No momento, somente uma ala de internação, epicentro da contaminação, e um centro cirúrgico foram temporariamente fechados.

“Desde o aumento do número de casos dessa doença, adotamos a precaução respiratória no setor onde começou esse número de casos. Na sequência, adotamos a precaução respiratória com máscara para os setores ao redor desse epicentro, assim como o centro cirúrgico e outros setores próximos”

Carolina Salume, médica infectologista

Entretanto, as visitas aos setores de internação, para onde os pacientes da ala inicial foram transferidos, estão restritas apenas aos acompanhantes.

Quais sintomas estão sendo considerados?

As autoridades estabeleceram alguns critérios para a definição de casos suspeitos para orientar o fluxo de notificação. Com isso, um paciente se enquadrará como caso suspeito se tiver vínculo epidemiológico com o Hospital Santa Rita após o dia 20 de setembro de 2025 e apresentar:

1. Febre e pelo menos dois dos seguintes sintomas: mialgia, cefaleia ou tosse. Mas este paciente não pode apresentar dor de garganta, coriza, distúrbios olfativos ou distúrbios gustativos; ou

2. Febre e alteração radiológica, e pelo menos um dos seguintes sintomas: mialgia, cefaleia ou tosse.

De acordo com a Sesa, todo caso que se encaixe nesta definição deverá ser notificado em até 24 horas no sistema eSUS-VS.

Preciso usar máscara no ônibus ou evitar funcionários do hospital? Não

“Até o momento, a população não está em risco”, afirmou o secretário de saúde. De acordo com as autoridades de saúde e hospitalares, não há evidências de transmissão entre pessoas.

Com isso, não há a necessidade do uso de máscaras ao frequentar o hospital ou para quem vive próximo à instituição. Além disso, Carolina Salume destaca que não é preciso evitar contato com os funcionários do hospital.

“Circularam notícias sobre máscaras em Transcol, principalmente de ônibus que passam na rota da Avenida Marechal Campos, onde fica o hospital. Não há qualquer recomendação nesse momento para isso. Não precisa deixar de usar o transporte coletivo e não precisa evitar contato com os funcionários do hospital”, destacou.

Imagem: Reprodução/Redes sociais

Como as pessoas estão sendo tratadas?

A nota técnica enviada pela Sesa orienta como devem ser atendidos os pacientes considerados casos suspeitos:

Para pacientes ambulatoriais (sem internação) recomenda-se, minimamente, raio X de tórax, hemograma completo e dosagem de Proteína C Reativa (PCR). Se o raio X ou o PCR estiverem alterados, deve-se iniciar um dos dois esquemas definidos de tratamento antibiótico por 10 dias.

Para pacientes com indicação de internação, além de exames mais aprofundados (tomografia de tórax, hemoculturas, gasometria arterial, lactato, função renal/hepática), o tratamento, caso o raio X ou PCR estejam alterados, segue os mesmos esquemas medicamentosos determinados, dependendo da disponibilidade local.

Como os outros hospitais devem agir?

Além das precauções padrão, a Sesa recomenda a implementação adicional de medidas de controle:

  • Higiene das mãos: deve ser rigorosamente aplicada, usando preparação alcoólica ou água e sabonete, especialmente nos cinco momentos estabelecidos pela OMS.
  • Limpeza e desinfecção: as superfícies frequentemente tocadas devem ter a frequência de limpeza intensificada, especialmente em áreas críticas.
  • Isolamento: a acomodação dos casos deve ser em quarto privativo com porta fechada e bem ventilado (com exaustão adequada ou janelas abertas).
  • Precauções para aerossóis: em todos os serviços de saúde, até que novas evidências científicas estejam disponíveis.
  • Visitas: aos pacientes suspeitos devem ser evitadas.
  • Movimentação dentro da unidade: deve ser evitada quando desnecessária.
  • Duração: o paciente deve permanecer sob precauções até a alta hospitalar.

Quem está investigando o surto?

Foi montada dentro do hospital uma sala de controle para uma equipe da Sesa e da Vigilância Sanitária, que estão atuando junto ao Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital.

Técnicos da vigilância do Ministério da Saúde também estão no Estado para acompanhar o caso. “A presença dos técnicos é uma atitude protocolar da pasta, sempre que há um surto em algum hospital, de qualquer parte do Brasil, “, explicou Tyago Hoffmann.

Além disso, o Laboratório Central do Estado (Lacen) está atuando junto à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na testagem dos patógenos. “Tirando a parte de transplante, estamos passando tudo na frente para dar celeridade ao processo“, destacou a Carolina Salume.

A expectativa é que até o final desta semana a causa seja definida.

Aline Gomes

Repórter

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.