Saúde em Fórum

Hospital Vitória Apart promove curso sobre antibióticos

Organizado pela equipe de infectologia do hospital, curso debate o poder (e o perigo) dos antibióticos e alerta sobre a importância da prescrição feita com segurança

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As infectologistas Martina Zanotti, Melissa Fonseca e Polyana Gitirana. Crédito: Divulgação
As infectologistas Martina Zanotti, Melissa Fonseca e Polyana Gitirana. Crédito: Divulgação

Você sabia que a simples prescrição de um antibiótico pode impactar não apenas a saúde de um paciente, mas também de toda a sociedade? Essa é a provocação que norteia o curso de antibióticos que acontece até quinta-feira (25) no Hospital Vitória Apart, reunindo médicos de diferentes especialidades para discutir um dos maiores dilemas da medicina moderna: como prescrever de forma racional um medicamento que pode salvar vidas, mas também gerar riscos.

“Se tem uma coisa que qualquer médico já fez na vida foi prescrever um antibiótico. Mas será que todos se sentem realmente seguros ao fazer isso? Sabem quais bactérias precisam cobrir? Se o antibiótico chega ao tecido da infecção? Ou ainda, se aquela escolha não vai causar mais mal do que bem?”, questiona a infectologista Polyana Gitirana, uma das organizadoras do curso.

O encontro chama a atenção para um fenômeno silencioso, mas perigoso: a resistência bacteriana. “Toda vez que utilizamos um antibiótico sem necessidade, selecionamos bactérias resistentes. E o problema não fica restrito ao paciente: essas bactérias podem ser transmitidas para outras pessoas ou liberadas no ambiente, multiplicando o risco”, explica Polyana.

Além da resistência, os antibióticos podem trazer efeitos colaterais inesperados. “Existem drogas associadas a complicações sérias, como dissecção de aorta, arritmias cardíacas e reações dermatológicas graves. Apesar disso, ainda são prescritas com muito menos cautela do que um quimioterápico, por exemplo. Essa é uma cultura que precisa ser revista”, alerta a especialista.

O mito do antibiótico forte

O curso também desconstrói um dos mitos mais comuns entre pacientes — e até entre profissionais: o de que existe “antibiótico forte”. “Na verdade, não existe antibiótico forte ou fraco. O que existe é o antibiótico certo para o tipo de bactéria. Às vezes, um comprimido simples, tomado em casa, é mais eficiente do que um medicamento venoso caríssimo usado no hospital”, destaca Polyana.

Mais do que uma atualização técnica, a iniciativa propõe uma mudança de mentalidade. “Nosso objetivo é que os médicos saiam daqui confiantes para prescrever antibiótico apenas quando for realmente necessário, na dose correta, para o paciente certo, e com o antibiótico adequado. Cada receita é uma decisão que ultrapassa a saúde individual e alcança toda a coletividade”, conclui a infectologista.

Alice Sarcinelli

Dra. Alice Sarcinelli é professora doutora da UFES, empresária e Head de Saúde da Rede Vitória de Comunicação

Dra. Alice Sarcinelli é professora doutora da UFES, empresária e Head de Saúde da Rede Vitória de Comunicação