
O Ministério da Saúde iniciou a distribuição de etanol farmacêutico e Fomepizol, os antídotos para tratamento de intoxicações por metanol, para alguns Estados brasileiros. Mas afinal, como funciona esses tratamentos?
O professor de química, Guilherme Vargas, postou em suas redes socias, um vídeo em que explica como é possível “eliminar” o metanol do corpo.
Ele explica que o etanol, quando estiver no sangue, irá para o fígado e será metabolizado por uma enzima, chamada de álcool desidrogenase e se transformará em ácido etanóico. O mesmo acontece com o metanol, a diferença é que ao ser metabolizado, ele forma o ácido metanoico. “Esse cara é o grande problema. Então, não podemos deixar ele ser formado”, explica.
CONFIRA O VÍDEO:
Segundo o professor, o primeiro antídoto, o remédio Fomepizol, é um inibidor do álcool desidrogenase. Ao não ter se transformado em ácido metanóico, o metanol é filtrado pelos rins e eliminado pela urina.
Porém o fomepizol não é tão comum no Brasil, e o país está recorrendo ao etanol farmacêutico. Guilherme explica que o fígado prioriza metabolizar o álcool do que o metanol, assim ele é eliminado pela urina da mesma forma que no antídoto anterior.
“O lado ruim de usar o etanol é que durante o tratamento você fica literalmente bêbado, porque vai ter álcool circulando no seu sangue para o seu fígado fazer o trabalho e produzir ácido etanóico”, afirmou o professor.
O corpo fica ocupado com o etanol
De acordo com a gastroenterogista e endoscopista, Dra Gabriela Dalfior, mestre em ciência da saúde pelo Unesc e preceptora da residência de clínica medica do Hospital São José, em Colatina, a enzima fica ocupada quando há mais quantidade de etanol.
Na realidade, o que acontece é que, quando há maior quantidade de etanol que metanol o corpo fica mais ocupado. Com o corpo ocupado em metabolizar o etanol, o paciente ganha tempo. Ao invés de deixar o metanol metabolizar e se tornar maléfico, atrapalhando a respiração celular, o corpo se ocupa metabolizando o etanol e, enquanto isso, é possível fazer uma hemodiálise no paciente, por exemplo, e eliminar não só o metanol, mas também o etanol.
Gabriela Dalfior, mestre em ciência da saúde
Porém o tratamento por etanol tem seus riscos, já que a metabolização dessa substância também é maléfica. Sintomas comuns de coma alcóolico podem ser sentidos ao utilizar o etanol farmacêutico, entre eles estão: dores de cabeça, vômito, depressão respiratória.
Segundo a médica a indicação é o tratamento por Fomepizol, porque ao invés de ocupar o corpo com a metabolização de uma substância, o medicamente inibe a enzima e, dessa forma, não há surgimento de ácido metanóico.