À frente do Centro de Pesquisa Clinica (CEDOES), Irani Fim Francischetto tem sido uma das vozes mais ativas para inserir o Espírito Santo no mapa da inovação em saúde. Com uma trajetória marcada por pioneirismo e gestão estratégica, ela ajudou a consolidar o centro como referência nacional em pesquisa clínica.
O CEDOES nasceu há 35 anos pelas mãos do médico Sérgio Ragi Eis, pioneiro na densitometria óssea no ES e o sexto serviço do pais. Sua atuação no Osteometabolidmo deixou um legado no cenário nacional e transformou o CEDOES num berço de excelência nesta área, o que despertou a atenção das grandes indústrias farmacêuticas com moléculas em desenvolvimento para osteoporose, na época.
Com formação acadêmica em Odontologia pela Ufes e mestrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Irani trouxe seu olhar científico e organizacional para os primeiros projetos nos quais o CEDOES conduziu. “Desenvolver um ensaio clínico é um processo muito complexo e exigente, que nos conecta com o ambiente globalizado de inovação, de onde as novas alternativas de tratamento e novos conhecimentos na área de saúde surgirão. Este é um processo do qual todos dependemos para a melhoria de nossa qualidade de vida”.
E isto encantou Irani desde o início e a levou querer a entender como funcionava um centro de pesquisa clínica fora do Brasil. “Logo me posicionei no sentido de estruturar, junto com Dr. Sérgio Ragi Eis (in memoriam),um centro de pesquisa clínica privado, aqui no Espírito Santo”, explica.
Há 25 anos o Espirito Santo tinha pouca visibilidade no cenário nacional e estabelecer um centro de pesquisa clínica no estado, nos modelos americano e europeu, foi desafiador.
A Trajetória de Irani Fim Francischetto e o CEDOES
Ao assumir a direção executiva, Irani implementou uma gestão estratégica no setor, criando setores muito especializados trazendo profissionais com experiência de fora do estado, e investindo em treinamento de equipes e Investigadores locais. “Sempre me baseei em um modelo de muito planejamento, inovação e cultura organizacional forte, fatores poucos validados em centros de pesquisa existentes no país, naquele momento. Investimos muito em processos totalmente aderentes às diretrizes nacionais e internacionais do setor e treinamentos em compliance para que pudéssemos ter o máximo de qualidade na entrega dos dados e comprometimento da equipe, com foco primário na proteção do voluntário de pesquisa”, destaca.
Essa visão transformou o CEDOES em um dos centros privados mais respeitados do país, com reconhecimento pela excelência na qualidade dos dados entregues às indústrias e CROs, certificado por inspeções do FDA e Anvisa e por 20 auditorias internacionais.
Atualmente, o centro conduz quase 70 projetos simultâneos, em diferentes especialidades médicas — um número expressivo para a estrutura capixaba. A “porta de entrada para a pesquisa clínica é bem estreita”, isto significa que adquirimos muita confiança das grandes empresas farmacêuticas, para nos escolher em conduzir seus estudos. O CEDOES faz parte do “portfolio site“ – Centros de Excelência – de várias indústrias atualmente”, conta Irani.
Além da gestão interna, a CEO também teve participação no avanço da regulação nacional. Como sócia fundadora e conselheira fiscal da Aliança Pesquisa Clínica Brasil, Irani Fim Francischetto participou ativamente da construção do novo marco regulatório (Lei 14.874/2024), ao lado de outras lideranças nacionais e da ex-senadora Ana Amélia Lemos, uma das relatoras do projeto. “Esse projeto era uma necessidade urgente para aumentar a participação do Brasil no cenário mundial da pesquisa clínica, pois até então hoje só tínhamos 2,32% de projetos no país. Finalmente temos uma lei, que embora, ainda na fase de implementação, já aumento a confiança da indústria farmacêutica para trazer projetos para o país e nos tirou do anacronismo regulatório”, celebra.
O impacto dessa atuação vai muito além dos números. São mais de 20 medicamentos que estão sendo comercializados no país e no mundo, com a participação do CEDOES em seu desenvolvimento, nestes 25 anos, incluindo mais recentemente o Mounjaro.
“Estamos trazendo para o Espírito Santo ensaios clínicos com novos potenciais medicamentos para doenças desafiadoras, à citar: câncer, diabetes, obesidade, esclerose múltipla, Sjogren, Alzheimer, dentre outras. Isso significa inovação e acesso a medicamentos de ponta de forma precoce, para o paciente capixaba”, ressalta Irani.
Para o futuro, ela quer que o CEDOES amplie o número de projetos em desenvolvimento no ES, e que possa avançar mais rápido com o impulso que a IA está trazendo também para a pesquisa clínica. “O que eu espero é que continuemos produzindo conhecimento científico, inseridos dentro dos novos paradigmas da tecnologia atual e levando para a população capixaba cada vez mais, os resultados destes processos, além da oportunidade de acesso precoce a drogas inovadoras para doenças que ainda não têm soluções disponíveis”. A Organização Mundial de Saúde reconhece claramente que a significativa evolução da qualidade de vida que alcançamos nestes últimos 50 anos, se deve à pesquisa clínica. A tendência é que avancemos mais rápido agora.
Com uma liderança pautada pela ciência, pela ética e pela inovação, Irani Fim Francischetto é um exemplo de como visão estratégica pode transformar um centro regional em referência nacional e internacional. Sua trajetória inspira novas gerações de profissionais e reforça que o Espírito Santo pode ser protagonista no cenário global da saúde.
Lideranças que Impulsionam
O editorial Lideranças que Impulsionam, dá sequência a uma série de reportagens que valoriza profissionais que não apenas atuam na área da saúde, mas que impulsionam o setor com coragem, inovação e impacto real na vida das pessoas.