Que a doação de órgãos é uma atitude que salva muitas vidas, todo mundo já sabe. Mas o que muitos podem ainda não saber é que já existe uma maneira simplificada de deixar registrado o desejo de ser doador de órgãos.
A Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (Aedo) foi criada com esse objetivo e já soma 171 solicitações emitidas em todo o Espírito Santo. A iniciativa foi lançada pelo Colégio Notarial do Brasil – Conselho Federal (CNB/CF), em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Ministério da Saúde e tem o objetivo de fortalecer a política pública de transplantes no Brasil.
A campanha Setembro Verde reforça a importância de formalizar o desejo de ser um doador de órgãos, já que a doação só é realizada com a autorização da família. Mesmo em meio à dor da perda, os hospitais possuem grupos que conversam com as famílias sobre a importância da doação.
Porém, a taxa de recusa ainda é alta. Neste ano, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), 57% das famílias recusaram a doação.
“Existem muitos mitos sobre esse assunto, então a gente precisa falar sobre doação de órgãos. A gente precisa falar sobre morte, sobre a importância de se declarar doador. Porque a família, no momento mais difícil, terá uma base muito melhor para conseguir decidir se ela vai doar ou não”, defendeu o coordenador do Centro Transplantador do Hospital Evangélico de Vila Velha, Bruno Majevsky, em entrevista à TV Vitória.
Superação após quatro anos de hemodiálise
Foi nos exames pré-operatórios em 2021 que o cabeleireiro Gladston Medeiros descobriu um problema renal. Foram quatro anos de hemodiálise. O cabeleireiro entrou na fila de prioridade. No dia 20 de maio deste ano, recebeu a notícia de um doador de rim compatível. O procedimento correu bem. Hoje, Gladston leva uma vida normal.
Eu tinha um tempo de vida muito curto e, com o transplante, eu ganhei sobrevida. Então, a gente tem que conscientizar as pessoas para que doem mais, a família, para que doem o órgão, porque uma pessoa consegue salvar até oito vidas.”
Gladston Medeiros, cabeleireiro
Até agosto deste ano, o Estado registrou mais de 400 transplantes realizados, um aumento de quase 31% em comparação ao mesmo período do ano passado. Ainda assim, mais de 2 mil pessoas esperam por um transplante aqui no Estado.
Como funciona a Aedo?
O processo é totalmente digital, realizado por meio da plataforma e-Notariado. O interessado acessa o site, solicita um Certificado Digital Notarizado, faz uma videoconferência com um tabelião de notas e assina o documento, escolhendo quais órgãos deseja doar.
A Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (Aedo) passa a integrar automaticamente a Central Nacional de Doadores de Órgãos, podendo ser consultada por profissionais de saúde credenciados no Sistema Nacional de Transplantes.
Com mais de 42 mil pessoas na fila por um transplante no Brasil, a Aedo representa um instrumento poderoso de conscientização e engajamento. A data de 27 de setembro reforça essa mobilização nacional e destaca que a decisão de doar pode transformar vidas e oferecer esperança a milhares de famílias.
*Com informações da repórter Gabriela Valdetaro, da TV Vitória/Record.