Maraísa
Imagem: Instagram @maraisa/@gabiidemorais

A dificuldade para engravidar é um tema sensível, e quando envolve pessoas públicas, chama ainda mais atenção. Recentemente, a cantora Maraisa compartilhou com o público o seu desejo de ser mãe e os desafios que vem enfrentando nesse processo.

Em entrevistas, ela revelou que está passando por tratamentos de Reprodução Assistida e um dos fatores que dificultam a gestação é o chamado endométrio fino, uma condição que interfere diretamente na implantação do embrião e, consequentemente, na possibilidade de gravidez.

A relação com o endométrio

O endométrio é a camada interna do útero, responsável por receber e nutrir o embrião no início da gestação. Ao longo do ciclo menstrual, ele sofre alterações hormonais que o preparam para uma possível gravidez, tornando-se mais espesso e receptivo.

Quando ocorre a ovulação, essa “camada de acolhimento” precisa estar com uma espessura adequada para permitir que o embrião se fixe. Quando isso não acontece e o endométrio permanece muito fino, geralmente com menos de 7 milímetros, as chances de implantação embrionária são reduzidas, dificultando tanto a gestação natural quanto os tratamentos de reprodução assistida.

Essa condição pode ser decorrente de fatores hormonais, mecânicos (cicatrizes uterinas causadas por endometrite, cirurgias na cavidade endometrial ou lesões uterinas) e alterações na sensibilidade dos receptores hormonais endometriais. Em alguns casos, a mulher ovula normalmente, tem embriões saudáveis, mas como o endométrio não está pronto para recebê-los, as tentativas de gravidez são frustradas. Investigar possíveis processos inflamatórios silenciosos, microbiota uterina e intestinal e fatores imunológicos pode ser determinante para um tratamento mais eficaz.

Como reverter a condição

Apesar do impacto emocional e físico que esse diagnóstico pode gerar, existem formas de reverter ou melhorar a espessura endometrial.

O tratamento depende da causa identificada, mas pode incluir suplementação hormonal com estradiol e progesterona, além de medicações como ácido acetilsalicílico (AAS) para melhorar a circulação endometrial, com o objetivo estimular a proliferação celular e melhorar a vascularização endometrial, aumentando a receptividade para a implantação embrionária.

Terapias complementares, como uso de Fator Estimulador de Colônias de Granulócitos (G-CSF) e Plasma Rico em Plaquetas (PRP) podem ser utilizados em casos específicos.

A fertilidade feminina é multifatorial

A jornada de Maraisa revela uma realidade vivida por muitas mulheres: a fertilidade feminina é multifatorial e, muitas vezes, silenciosa. Com diagnóstico preciso, acompanhamento especializado e um plano de cuidado individualizado, é possível aumentar as chances de sucesso.

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O mais importante é lembrar que cada corpo tem seu tempo e suas particularidades, e que informação e apoio médico adequado fazem toda a diferença no caminho para a maternidade.

Dra. Layza Merizio Borges

Especialista em Reprodução Assistida

Médica. Mestre (IAMSPE-SP) e Doutora (UNIFESP) em Reprodução Assistida. Título de Especialista em Reprodução Assistida pela Associação Médica Brasileira e pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. Membro internacional da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE). Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) e de Reprodução Assistida (SBRA). Responsável Técnica do Instituto de Medicina Reprodutiva.

Médica. Mestre (IAMSPE-SP) e Doutora (UNIFESP) em Reprodução Assistida. Título de Especialista em Reprodução Assistida pela Associação Médica Brasileira e pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. Membro internacional da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE). Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) e de Reprodução Assistida (SBRA). Responsável Técnica do Instituto de Medicina Reprodutiva.