Perícia realizada pelo Instituto de Criminalística da Polícia Científica de São Paulo aponta que o metanol foi adicionado em dois grupos de garrafas de bebidas alcoólicas destiladas, apreendidas em fiscalizações na capital paulista. Isso significa que, nestes casos, o produto não foi o resultado da destilação natural, uma das hipóteses cogitadas pelos especialistas.
O instituto não divulgou, até o momento, a quantidade de garrafas analisadas nem os tipos de bebida. Também não foram informados os locais em que as garrafas foram apreendidas.
O Estado de São Paulo registrou, nesta terça-feira (7), um aumento no número de mortes confirmadas por intoxicação por metanol, além de crescimento na quantidade de casos positivos para o uso da substância.
Novo balanço divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde registra três óbitos -eram duas mortes conforme o último boletim, divulgado na segunda-feira (6)- e 18 confirmações de contaminação por metanol, três casos a mais em relação ao levantamento anterior. São 176 casos no total, com 158 em investigação, incluindo sete óbitos que estão em análise.
O metanol é usado como matéria-prima para combustíveis e é impróprio para consumo humano, mas estaria sendo utilizado na falsificação de bebidas alcoólicas. Os casos, que tiveram início em São Paulo, ocorreram após o consumo de bebidas alcoólicas destiladas, como gim, vodca e uísque.
Pode-se afirmar, até o momento, e de acordo com as concentrações encontradas, que o metanol foi adicionado, não sendo, portanto, produto de destilação natural.
Secretaria de Segurança Pública (SSP)
Desde a última sexta-feira, o Instituto de Criminalística trabalha 24 horas nas perícias das amostras apresentadas pela Polícia Civil, assim como na análise de rótulos e lacres dos recipientes.
Cada uma das garrafas apreendidas passa por uma sequência rigorosa de análises que começa na verificação dos rótulos, selos e lacres e avança até os exames químicos, onde são identificados e quantificados os níveis de metanol.
Quais são as principais linhas de investigação?
Embora o Instituto de Criminalística não tenha divulgado a quantidade de garrafas analisadas com adição de metanol, os resultados contradizem a principal linha de investigação da polícia.
Em entrevista coletiva na segunda-feira, o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, afirmou que, naquele momento, as investigações apontavam contaminação durante o processo de adulteração das bebidas.
A principal suspeita da Polícia Civil é que, durante o processo de adulteração, o etanol que está sendo utilizado nessas instalações clandestinas, seja um etanol de baixa qualidade, contaminado pelo metanol.
Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública
A força-tarefa que fiscaliza bares e distribuidoras desde a semana passada interditou 11 estabelecimentos: 7 na capital, 2 em Osasco, 1 em São Bernardo do Campo e 1 em Barueri. Quase 20 mil amostras de garrafas de bebida alcoólica foram apreendidas para análise.
Além de ações por parte de governos estaduais, a Polícia Federal também abriu inquérito para investigar os casos.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta terça-feira (7), que uma das hipóteses investigadas pela Polícia Federal é de que o metanol utilizado para adulterar bebidas tenha origem em caminhões e tanques abandonados pelo crime organizado após Operação Tank.
Na quinta-feira (02), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, também anunciou um conjunto de ações estratégicas. Uma sala de situação foi criada para monitorar e coordenar a resposta nacional.
O Ministério da Saúde disse que iniciou a distribuição de etanol farmacêutico, antídoto utilizado no tratamento de pacientes intoxicados por metanol, aos Estados que formalizaram pedido de reforço de estoque.