Saúde

Método secreto: o perigo das falsas promessas na internet para a saúde

"Método secreto", "cura rápida" e "dieta milagrosa", especialistas explicam os perigos da desinformação na área da saúde

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'Método secreto' e 'cura rápida': os perigos das falsas promessas na internet
Reprodução/Freepik

Resultados rápidos, descobertas inovadoras e método secreto. Está cada vez mais comum encontrar posts em redes sociais com promessas diversas e chamativas, mas que promovem soluções irreais ou tratamentos sem eficácia comprovada, principalmente na área da saúde.

Os temas não se restringem a uma área. Seja sobre nutrição, odontologia, fisioterapia ou qualquer outra especialidade, é possível encontrar uma postagem com diversos comentários de pessoas interessadas em uma “dica revolucionária”.

A era digital trouxe inúmeros avanços, especialmente na forma como compartilhamos informações. No entanto, esse novo cenário também impulsionou uma crescente onda de desinformação, principalmente no campo da saúde.

O Folha Vitória consultou especialistas de diferentes áreas para entender melhor os perigos do charlatanismo e reforçar a importância da responsabilidade profissional.

Odontologia e falsas promessas

A banalização de recursos terapêuticos como a toxina botulínica (botox) tem sido um problema para a odontologia.

A mestre e especialista em cirurgia bucomaxilofacial Iolanda Lemos aponta que, apesar de ser amplamente promovido como solução rápida para o bruxismo e a disfunção temporomandibular (DTM), o uso do botox exige critérios rigorosos.

“A toxina botulínica pode ser útil em casos específicos, como dor muscular severa ou hipertrofia do masseter com prejuízo funcional. Mas não é e nem deve ser a primeira linha de tratamento”, afirma.

Ela ainda destaca que esta é uma condição multifatorial, que envolve componentes emocionais, neurológicos e funcionais.

Aplicar botox indiscriminadamente pode gerar atrofia muscular, distúrbios na mastigação e até efeitos estéticos indesejados. Seu uso precisa estar baseado em diagnóstico preciso e evidências clínicas.

Já o cirurgião bucomaxilofacial Nicolas Souza também reforça a necessidade de comunicação ética e transparente com o paciente, especialmente no que diz respeito à cirurgia ortognática.

Segundo o especialista, atualmente já se sabe que não há relação de causalidade entre mordida errada e DTM. Embora uma oclusão adequada traga benefícios funcionais e estéticos, não se deve atribuir exclusivamente a ela a origem da disfunção.

“Prometer um ‘rosto de celebridade’ após a cirurgia é irresponsável. A ortognática é um procedimento funcional, com benefícios estéticos em muitos casos, mas jamais deve ser vendida como fórmula mágica para atingir um padrão de beleza.”

A cura e os métodos secretos

A fisioterapia não escapa do charlatanismo e da desinformação. A fisioterapeuta Thatiane Maia ressalta que na área isso se manifesta por meio de promessas de cura com métodos secretos ou milagrosos, sem respaldo científico.

“Envolve o uso de aparelhos sem eficácia comprovada, técnicas inventadas, atuação fora do escopo profissional e a promessa de resultados exagerados, como curas em poucas sessões. A fisioterapia é uma ciência fundamentada em evidências. Intervenções devem ser baseadas em avaliação criteriosa, planejamento individualizado e técnicas com comprovação científica”, explica.

A dieta perfeita que você encontra no feed

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Mas não é só isso. Quem nunca se deparou com dietas revolucionárias ou suplementos milagrosos no feed da sua rede social?

A famosa “alimentação perfeita” atrai muitas pessoas, principalmente quando vem acompanhada de resultados que parecem inalcançáveis o que, segundo a nutricionista da Cardiodiagnóstico Luciana Lube, abre espaço para muitos erros.

Dietas restritivas como jejum, low carb, dieta do ovo, sem lactose, sem glúten, ou os produtos milagrosos, como as chamadas “cápsulas emagrecedoras” muitas vezes não tem base científica e não consideram as necessidades individuais“, afirma.

Ela também destaca que, em alguns casos, apenas o lado positivo é apresentado ignorando os efeitos adversos que o paciente pode enfrentar.

A promessa de perder peso rápido e de forma milagrosa é um exemplo. Emagrecer rápido leva a perda de massa muscular também é isso é prejudicial à saúde.

As redes sociais não são o problema

Todos os especialistas destacam que a internet ou as redes sociais não são os vilões. É possível encontrar profissionais éticos e melhorar a conexão médico paciente.

“A rede social é uma ótima ferramenta para promover educação sobre saúde e inspirar os seguidores a ter bons hábitos”, destaca Luciana Lube.