bactérias na microbiota intestinal
Imagem: Freepik

Nosso organismo é a “casa” de dezenas de trilhões de micro-organismos – número maior até mesmo que a quantidade de nossas próprias células.

Fisiologicamente, eles vivem em equilíbrio e harmonia entre germes benéficos e patogênicos (prejudiciais) à saúde, se relacionando e interagindo entre si de forma fluida, porém complexa.

Parte relevante desses micro-organismos são constituídos por bactérias que são encontradas no nosso intestino, perfazendo importante segmento da microbiota intestinal, ao lado de fungos e vírus que também habitam o trato gastrointestinal (TGI).

A microbiota intestinal

A microbiota começa a se formar já ao nascimento, momento no qual o recém-nascido entra em contato com micro-organismos maternos durante o parto, podendo ser afetada, inclusive, pela via adotada (vaginal/”normal” ou cesária) e da idade gestacional no momento do parto (prematuro ou a termo).

Dessa forma, sua composição é dinâmica, e influenciada por causas multifatoriais (ex.: histórico do parto, genética, hábitos culturais, exercícios, estresse, dieta, ambiente, uso de medicamentos, histórico de hospitalizações, doenças, etc.).

As bactérias da microbiota possuem funções importantíssimas ao bom funcionamento do organismo como, por exemplo, a capacidade de facilitar a digestão e absorção de nutrientes, síntese e/ou liberação de vitaminas, enzimas, compostos anti-inflamatórios, hormônios e neurotransmissores.

Análise laboratorial

O estudo da microbiota intestinal e suas íntimas relações com alguns sistemas do organismo (ex.: nervoso, imunológico, digestivo) é uma área da ciência que vem despertando o interesse de pesquisadores em todo o mundo, apresentando um franco crescimento, evolução e desenvolvimento nos últimos anos.

Por meio da coleta de uma pequena quantidade de fezes em uma solução estabilizante, é possível realizar a extração e purificação do material genético das bactérias.

Essa amostra é submetida a um sequenciamento de DNA de alto desempenho (HTS) e, a partir das sequências de nucleotídeos (unidades básicas que compõem os ácidos nucleicos) obtidas, uma análise por bioinformática é

realizada (as sequências são comparadas frente a um banco de dados), permitindo assim a identificação das bactérias presentes.

Ao final do processo, uma equipe técnica composta por médicos e nutricionistas analisa os resultados, os correlacionam com dados informados pelo paciente/médico assistente (ex.: indicação e dados clínicos, uso de medicamentos, etc.), emitindo um laudo conclusivo detalhado e personalizado baseado em evidências atuais da literatura.

Conhecer a microbiota intestinal é essencial

O conhecimento do microbioma intestinal ajuda a determinar a diversidade dos micro-organismos e suas proporções na composição da flora intestinal.

Em algumas situações, a análise pode auxiliar na prevenção e no tratamento individualizado de doenças que possuam componentes que se desenvolvam a partir do desequilíbrio da comunidade de micro-organismos (disbiose) da microbiota, como algumas doenças relacionadas ao trato gastrointestinal (ex.: síndromes má-absortivas, doenças inflamatórias intestinais, síndrome do intestino irritável, câncer colorretal).

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Além disso, pacientes que já possuem distúrbios relacionados ao sistema gastrointestinal poderão se beneficiar com tratamentos individualizados mais efetivos, auxiliando na assertividade da escolha dietética, bem como no uso de probióticos e suplementação, de acordo com o(s) parâmetro(s) alterado(s) evidenciado(s) pelo exame.

Dr. Pedro Serrão Morales

Patologista

Médico Patologista Clínico; ​ Residência Médica em Patologia Clínica/Medicina Laboratorial pela Universidade Federal Fluminense (UFF);​ Membro titular da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML); ​ Responsável Técnico do Laboratório Morales (Grupo Tommasi); ​ Médico Patologista Clínico do Laboratório Central do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP/UFF); ​ Editor de Medicina Laboratorial da Afya (Afya Whitebook/Portal Afya); ​ Médico do corpo clínico do Instituto Estadual de Doenças Tórax Ary Parreiras (IETAP SES-RJ).

Médico Patologista Clínico; ​ Residência Médica em Patologia Clínica/Medicina Laboratorial pela Universidade Federal Fluminense (UFF);​ Membro titular da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML); ​ Responsável Técnico do Laboratório Morales (Grupo Tommasi); ​ Médico Patologista Clínico do Laboratório Central do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP/UFF); ​ Editor de Medicina Laboratorial da Afya (Afya Whitebook/Portal Afya); ​ Médico do corpo clínico do Instituto Estadual de Doenças Tórax Ary Parreiras (IETAP SES-RJ).