Morango do amor
Morango do amor: Foto: ChatGPT

Estamos vivendo a época do “morango do amor”, uma iguaria composta por um morango fresco envolto por uma crosta dura de açúcar caramelizado. Ele conquista pelo sabor doce, pela aparência brilhante e pelo apelo afetivo que remete à infância e às celebrações típicas.

No entanto, para quem sofre de tonturas de origem labiríntica esse doce, aparentemente inofensivo, pode representar um risco à saúde. Embora a associação entre um simples doce e tonturas pareça improvável à primeira vista, há explicações bem fundamentadas na medicina que justificam esse cuidado.

O que é labirintite periférica?

A labirintopatia periférica, também conhecida como labirintite é uma condição que afeta o labirinto — estrutura da orelha interna responsável pelo equilíbrio do corpo. Quando essa região sofre algum tipo de disfunção, o cérebro recebe informações conflitantes sobre a posição e o movimento do corpo, o que pode causar sintomas como:

  • Tontura ou vertigem;
  • Perda de equilíbrio;
  • Náuseas e vômitos;
  • Zumbido no ouvido;
  • Dificuldade de concentração;
  • Sensação de ouvido tampado.

Apesar do nome “labirintite” ser amplamente usado, muitos casos se referem a outras condições vestibulares, como a vertigem posicional paroxística benigna (VPPB), a doença de Ménière e a neurite vestibular. Todas essas condições têm em comum o comprometimento da função de equilíbrio.

A relação entre labirintite e alimentação

A influência da alimentação sobre o labirinto é reconhecida e bem evidenciada na literatura científica. Certos alimentos e hábitos alimentares podem atuar como gatilhos, agravando os sintomas ou favorecendo as crises. Entre os principais vilões estão:

  • Alimentos ricos em açúcar refinado;
  • Cafeína (café, refrigerantes e chás escuros);
  • Álcool;
  • Embutidos e produtos industrializados, com excesso de sódio;
  • Glutamato monossódico (presente em temperos prontos).

Esses itens podem interferir na circulação dos líquidos do ouvido interno, alterar o metabolismo da glicose e provocar flutuações na pressão do labirinto, desencadeando sintomas como tontura e zumbido.

Mas, por que o “morango do amor” pode ser um problema?

Embora contenha uma fruta naturalmente saudável, ele tem um alto teor de açúcar simples, proveniente da calda caramelizada que envolve o morango. Ao consumir esse tipo de doce, há um pico de glicose no sangue, seguido de uma queda brusca (hipoglicemia reativa) em algumas pessoas mais sensíveis. Essa oscilação glicêmica pode interferir na função do labirinto e causar tontura.

Além disso, pessoas com doença de Ménière, por exemplo, costumam ter piora dos sintomas quando há excesso de ingestão de açúcar ou sal. O “morango do amor”, apesar de parecer inocente, é basicamente uma bomba de sacarose. Para quem já vive com um equilíbrio frágil, esse detalhe faz diferença.

Outro ponto a se considerar é o consumo em jejum ou associado a outras guloseimas típicas de festas — como refrigerantes, pastéis, frituras e bebidas alcoólicas — que agravam ainda mais a situação. A combinação de vários gatilhos alimentares em um curto espaço de tempo pode desencadear crises severas de labirintite.

Dicas para uma alimentação balanceada

Manter uma alimentação balanceada é uma das recomendações básicas para o controle das crises de labirintite. O ideal é:

  • Fracionar as refeições (evitar longos períodos em jejum);
  • Priorizar alimentos naturais e frescos;
  • Controlar a ingestão de sal e açúcar;
  • Evitar alimentos ultraprocessados;
  • Beber bastante água.

Embora o “morango do amor” seja uma delícia típica das festas brasileiras, é importante que pessoas com labirintite estejam atentas ao seu consumo. O excesso de açúcar pode parecer apenas um risco metabólico, mas para quem tem um sistema vestibular sensível, ele pode representar a diferença entre um dia tranquilo e uma crise de tontura incapacitante.

Em vez de consumir o “morango do amor”, uma alternativa seria optar por frutas in natura ou sobremesas com menor índice glicêmico. Para os momentos festivos, pode-se preparar versões caseiras de doces com adoçantes naturais, controle do açúcar e porções reduzidas.

Estilo de vida e saúde mandibular

Além da alimentação, o estilo de vida tem impacto direto na saúde vestibular. Dormir mal, viver sob estresse constante, fumar e não praticar atividades físicas regulares são fatores que contribuem para a recorrência das crises.

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A prática de exercícios específicos, como a reabilitação vestibular, pode ser indicada para melhorar a adaptação do sistema de equilíbrio. Manter horários regulares para se alimentar e dormir também é essencial.

Cuidar da alimentação é uma das formas mais simples e eficazes de prevenir episódios de labirintite. Isso não significa eliminar todos os prazeres alimentares, mas sim fazer escolhas conscientes, com equilíbrio e moderação. Afinal, amar a própria saúde também é um gesto de amor, mesmo nas festas.

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Dr. Giulliano Luchi

Colunista

Médico. Mestre e Doutor em Otorrinolaringologia. Professor de Otorrinolaringologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Título de especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Membro internacional da Academia Americana de Otorrinolaringologia. MBA em gestão de negócios em Saúde. Formação em Mentoring, Coaching e Advice. @otoclinica_giulliano_luchi

Médico. Mestre e Doutor em Otorrinolaringologia. Professor de Otorrinolaringologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Título de especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Membro internacional da Academia Americana de Otorrinolaringologia. MBA em gestão de negócios em Saúde. Formação em Mentoring, Coaching e Advice. @otoclinica_giulliano_luchi