Ela acontece sem aviso, de forma repentina e, muitas vezes, em pessoas aparentemente saudáveis. A morte súbita é uma condição silenciosa e inesperada que, ao contrário do que muitos pensam, não está associada à idade da vítima.
Casos recentes têm causado espanto, como a morte da universitária Dayane de Jesus Barbosa, de 22 anos, em uma academia no Rio de Janeiro, que não resistiu após passar mal durante um exercício. Mas ela não foi a única, casos de morte súbita entre jovens são mais comuns do que imaginamos e podem estar associados a alguns hábitos da rotina.
O que é morte súbita?
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A morte súbita, como o próprio nome indica, é uma condição onde a vítima vai a óbito pouco tempo depois do início dos sintomas. “A morte súbita é caracterizada pela morte inesperada que ocorre em até 24 horas após o início dos primeiros sintomas”, explica o cardiologista do Hospital São José, em Colatina, Paulo Bernardes.
Já a coordenadora médica da cardiologia do Hospital Meridional Serra, Fernanda Bento explica que a morte súbita pode estar relacionada a algumas condições.
Acontece em uma pessoa aparentemente saudável ou estável. Pode ser causada por uma arritmia cardíaca grave, um infarto fulminante ou uma embolia pulmonar maciça, entre outras condições.
O especialista explica que a morte súbita não está associada a idade e pode atingir pessoas em qualquer faixa etária.
Diferenças entre morte súbita e mal súbito
Muitas pessoas associam a morte súbita ao mal súbito, mas as condições são diferenciadas, principalmente por uma questão: o desfecho.
Segundo Paulo Bernardes, o mal súbito é um termo popular que descreve qualquer evento repentino, como dores no peito, alterações de consciência, desmaios, crises convulsivas ou episódios de hipoglicemia.
“A morte súbita geralmente tem desfecho fatal, já que em pequeno número de pacientes ela por ser abortada. Já o mal súbito compreende ampla gama de condições clínicas que podem ser reversíveis e nem sempre de origem cardíaca”, completa.
O que causa a morte súbita em jovens?
A combinação entre fatores de saúde e hábitos de vida, tornam os jovens cada vez mais propensos à morte súbita, explica Fernanda Bento.
“Diversos fatores de risco modificáveis têm contribuído para esse aumento. Entre eles, destacam-se a obesidade, o sedentarismo, o tabagismo, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas — especialmente quando combinadas com energéticos — e uma alimentação rica em produtos industrializados e ultraprocessados”, afirma.
Além disso, algumas doenças do músculo cardíaco podem estar relacionadas ao quadro de saúde, como:
- Miocardiopatia hipertrófica: condição genética em que há espessamento anormal do músculo do coração, dificultando o bombeamento do sangue e favorecendo arritmias fatais;
- Miocardite: que é a inflamação do músculo cardíaco, muitas vezes provocada por infecções virais comuns, como gripes e que, em casos raros, pode ser desencadeada por bactérias ou exposição a substâncias, inclusive vacinas;
- Infarto agudo do miocárdio: que ocorre geralmente em pessoas expostas a fatores de risco como tabagismo, obesidade, sedentarismo e má alimentação.
Praticar exercício físico aumenta o risco?
A prática de exercícios físicos é, em geral, benéfica ao coração. No entanto, atividades físicas sem acompanhamento ou praticadas por pessoas com condições cardíacas não diagnosticadas, pode sim aumentar o risco de morte súbita.
Quando falamos sobre atletas, Paulo Bernardes ressalta outra preocupação que tem crescido entre os especialistas: o uso de anabolizantes e hormônios, como a testosterona.
“Apesar de promoverem ganho de massa muscular, essas substâncias provocam um aumento do volume dos miócitos (células do coração) e podem causar cicatrizes no músculo cardíaco, um cenário propício para arritmias fatais”, completa.
É possível identificar sintomas?
Alguns sintomas que antecedem a morte súbita podem ser identificados e tratados, de acordo com Paulo Bernardes. Entre os principais estão:
- Desmaios (síncope) sem causa aparente;
- Palpitações (sensação de batimentos acelerados ou irregulares);
- Dor ou desconforto no peito, especialmente durante esforço físico.
“Esses sinais são indicativos de que algo não vai bem com o coração. Ao perceber qualquer um deles, o ideal é buscar avaliação médica imediatamente”, alerta.
Como se prevenir?
A boa notícia, segundo Paulo Bernardes, é que a morte súbita pode ser prevenida.
O diagnóstico precoce de doenças genéticas e o controle rigoroso de fatores de risco fazem toda a diferença, além da adoção de hábitos saudáveis, alimentação balanceada, exercício físico regular orientado, controle do colesterol, da pressão arterial e da glicemia.
“Uma vida saudável pode evitar a evolução silenciosa de muitas doenças cardíacas. A prevenção salva vidas”, conclui.
