Saúde

Síndrome de Asperger: neurocientista explica erros na interpretação sobre inteligência

Doutor em neurociências e psicologia, Fabiano de Abreu fala sobre a síndrome, causa e tratamento

Foto: Reprodução

Nesta quinta-feira (18), comemora-se o Dia Internacional da Síndrome de Asperger, uma perturbação do comportamento com uma base genética que se enquadra nas perturbações do espectro do autismo. Algumas das principais características desta síndrome estão relacionadas com alterações na interação social, na comunicação e no comportamento.

Embora não tenha cura, existe uma série de tratamentos para minimizar os aspectos negativos associados à ela. O neurocientista e psicólogo Fabiano de Abreu explica como a síndrome é diagnosticada e como pode e deve ser acompanhada.

Segundo Abreu, pessoas que padecem desta síndrome costumam apresentar alguns traços comuns: dificuldades na interação social, problemas na comunicação e discurso, problemas de empatia e interesses limitados, interpretação literal da linguagem, comportamentos repetitivos ou rotineiros, descoordenação motora e hipersensibilidade a estímulos sensoriais.

Ainda segundo o neurocientista, "A síndrome de Asperger corresponde a um conjunto reconhecível de atipicidades, apesar de uma existência instável na nosografia psiquiátrica. Mais uma condição do que um transtorno, merece reconhecimento como uma entidade isolada dentro do espectro do autismo, em particular porque isso é benéfico para aqueles que se identificam com ele. Em comparação com pessoas com autismo prototípico, os indivíduos Asperger têm interesses intensos e enfrentam questões motoras, afetivas e adaptativas distintas.".

As questões ligadas à inteligência são bastante discutidas. Muitas vezes existe uma confusão entre ser altamente inteligente ou ser altamente especializado. Quem sofre desta síndrome desenvolve focos bastante fortes numa área de interesse que pode levar essas pessoas ao sucesso pois é visto como objetivo primordial.

"Erradamente apontam pessoas com Asperger como inteligentes, essa justificativa é perigosa pois serve como argumento para a falta de cuidado necessário para um melhor desenvolvimento resultando num melhor bem estar para pessoas com esse espectro autista. Pessoas com Síndrome de Asperger podem apresentar determinadas inteligências mas falham na cognição que é, também, uma inteligência. Por isso, deve-se ter todo cuidado educacional e no desenvolvimento cognitivo para que possam se enquadrar melhor na sociedade e contribuir com ela.", indaga Abreu.

O diagnóstico é normalmente realizado por uma equipe multidisciplinar e, este acompanhamento médico segundo o neurocientista é fundamental para o desenvolvimento da criança.

"Ter o acompanhamento adequado ajuda a criança a ter níveis de automatização que provavelmente não conseguiria atingir se não fosse seguido.", explica.

Como foi mencionado acima, a síndrome de Asperger não tem cura pois é uma condição e não uma doença. Contudo, há passos a desenvolver para melhorar a qualidade de vida de forma geral.

"Existem diversos tratamentos e intervenção terapêutica que proporcionam oportunidades para os pacientes de se desenvolverem e terem melhor qualidade de vida. Mesmo quando pode incluir tratamento medicamentoso. O acompanhamento psicológico é essencial e muito importante para que a pessoa aprenda a conhecer e a aceitar.", esclarece Fabiano de Abreu.

Para o neurocientista, "As pessoas Asperger podem contribuir para o progresso da sociedade e merecem o pleno reconhecimento de seus direitos e individualidade dentro de um mundo neurodiverso.", remata

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