Saúde

Endometriose é a principal causa de infertilidade entre mulheres

A doença está presente em 25% a 50% das mulheres inférteis

Foto: Divulgação
Mulheres com o problema apresentam sintomas, como cólicas abdominais muito fortes, além de dores nas relações sexuais e/ou dores para urinar e evacuar durante a menstruação.

À espera do primeiro filho, a atriz e apresentadora Tatá Werneck revelou surpresa ao engravidar: "Ser mãe era um grande sonho. Mas foi uma surpresa total. Eu estava me preparando para fazer uma cirurgia de endometriose em março. Nem sabia que poderia engravidar!", disse a atriz, durante uma entrevista. 

Mas o que é a endometriose? E o que ela tem a ver com a fertilidade feminina? A ginecologista Layza Merizio Borges, doutora em Reprodução Humana, explica que a endometriose é uma das doenças que mais causa infertilidade nas mulheres, estando presente em 25% a 50% das mulheres inférteis. “Ela se caracteriza pela presença do endométrio – tecido que reveste o interior do útero – fora da cavidade uterina, ou seja, em outros órgãos da pelve como trompas, ovários, intestinos e bexiga. Representa um desafio para o especialista em reprodução humana, pois, apesar da evolução contínua das técnicas de tratamento, a presença da endometriose limita a taxa de sucesso gestacional”.

Ainda segundo Layza, a doença atrapalha a fertilidade, pois o processo inflamatório crônico da doença pode influenciar o processo de ovulação, fertilização e implantação do embrião. A paciente portadora de endometriose possui, em sua cavidade abdominal, diversos mediadores inflamatórios que tornam o ambiente hostil à ocorrência da gravidez, uma vez que tais mediadores prejudicam a liberação do óvulo dos ovários em direção às trompas, comprometem a mobilidade do óvulo em seu interior, atrapalham a receptividade endometrial, interferem no desenvolvimento embrionário e aumentam a taxa de abortamento.

Como a endometriose é uma doença crônica e progressiva, o diagnóstico precoce e a antecipação da maternidade é a principal conduta para se ter sucesso. A maioria das lesões passam despercebidas ao ultrassom e, quando são diagnosticadas, muitas vezes já se encontram em estágio avançado, comprometendo a fertilidade. Quando em estágios iniciais, como na endometriose peritoneal, a doença não causa grande impacto sobre a fertilidade, sendo que a paciente pode alcançar gravidez espontânea após cauterização dos focos de endometriose. Entretanto, a endometriose ovariana e a endometriose profunda causam grande impacto reprodutivo, sendo necessário, na maioria dos casos, lançar mão de técnicas de Reprodução Assistida para se obter gestação.

Sintomas

De acordo com a médica, as mulheres com a doença podem apresentar entre os sintomas cólicas abdominais muito fortes, além de dores nas relações sexuais e/ou dores para urinar e evacuar durante a menstruação. A intensidade dos sintomas varia entre as mulheres, podendo impossibilitar as atividades cotidianas, motivando idas ao Pronto Socorro para uso de analgésicos e anti-inflamatórios. Nem todas as mulheres apresentam sintomas e em 10% dos casos, eles podem ser leves. É fundamental ressaltar que a intensidade dos sintomas não tem relação com a extensão da doença, o que significa que mulheres muito sintomáticas podem ter endometriose superficial e mulheres assintomáticas podem ter endometriose profunda.

Diagnóstico

A anamnese e o exame físico ginecológico consistem no primeiro passo para o diagnóstico, que pode ser confirmado por exames laboratoriais; por exames de imagem, como ultrassom endovaginal, ultrassom endovaginal com preparo intestinal e ressonância magnética da pelve. A visualização das lesões por videolaparoscopia e o estudo histopatológico das biópsias das lesões suspeitas constituem o exame padrão ouro no diagnóstico da doença.

Tratamento

O tratamento da doença consiste em abolir os ciclos menstruais. Para pacientes que desejam engravidar, a sugestão é realizar o tratamento adequado o mais brevemente possível, pois durante a gestação e a amamentação, ocorre uma supressão fisiológica dos ciclos menstruais. Quando não há desejo reprodutivo, a paciente deve usar métodos hormonais contínuos que bloqueiem a menstruação. Os principais objetivos do tratamento são: reduzir a dor, adiar a recorrência da doença o máximo possível e preservar e/ou aumentar a fertilidade. O tratamento cirúrgico pode ser indicado quando a paciente sente dor que prejudica a qualidade de vida e do grau da doença.

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