Saúde

Medicina nuclear é o novo tratamento para câncer de próstata metastático

Terapia apresenta poucos efeitos colaterais e pode causar remissão total ou parcial da doença, além de reduzir o número de lesões neoplásicas

Foto: Divulgação

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca ), o câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre os homens , prevalência que gera grande preocupação entre as instituições e profissionais de saúde. Por isso, há cada vez mais investimentos em novos tratamentos e medicamentos, principalmente para casos em estágio avançado, cenário de difícil controle da doença. 

Uma dessas novas terapias, disponível na área de Medicina Nuclear da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo , é o uso da molécula PSMA-1 marcada com lutécio radioativo, utilizada no tratamento câncer de próstata metastático, quando a doença já foi disseminada para outros órgãos. Como a molécula PSMA-1 é capaz de se ligar à proteína PSMA, que é encontrada em células malignas do câncer de próstata, ao marcar a molécula com o radioisótopo do lutécio, essa substância é absorvida, destruindo as células tumorais.

"A quimioterapia convencional é um fármaco citotóxico que destrói as células cancerígenas e, portanto, trata-se de uma medicação. Já o radioisótopo do lutécio é um radiofármaco com propriedades químicas e radioativas que, ao ser aplicado de forma intravenosa, emite radiação e destrói as células cancerígenas por ionização", explica Letícia Rigo, médica especialista em Medicina Nuclear. 

O grande diferencial da nova terapia é que ela apresenta pouquíssimos efeitos colaterais. "Alguns pacientes apresentam boca seca e, eventualmente, há destruição parcial das glândulas salivares, que reduz a salivação e pode gerar desconforto. Outro efeito possível é a redução do número de plaquetas, leucócitos ou hemácias, ou seja, diminuição dos componentes sanguíneos, que pode causar uma toxicidade na medula óssea", conta a especialista. As vantagens do tratamento, porém, se sobrepõem aos efeitos colaterais. "Os benefícios são maiores porque podemos destruir as células cancerígenas e chegar à remissão total ou parcial da doença. Também é possível reduzir o número de lesões neoplásicas e metastáticas", afirma Letícia.

O radioisótopo do lutécio é usado no estágio mais avançado da doença, quando o paciente já tem múltiplas metástases, sejam elas ósseas ou viscerais. "É quando ele tem resistência e não responde mais à terapia hormonal convencional, seja de primeira ou segunda geração, e para aqueles pacientes que já foram expostos ou não à quimioterapia", conta a médica.

A técnica é inovadora porque permite o controle da doença no estágio terminal. "Obter a estabilidade da doença já é uma ótima resposta terapêutica. Considero um sucesso conseguir controlá-la nessa fase. Claro que a batalha é para que o paciente tenha uma resposta completa, mas se pelo menos o câncer não progredir ou se estabilizar, já é uma vitória", ressalta a especialista.

Outro ponto importante é que a terapia não está disponível em todos os serviços de medicina nuclear, apenas em locais onde há equipe médica qualificada, com liberação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), que emite uma autorização específica para uso e manuseio do medicamento à base de substâncias radioativas. "É uma terapia muito recente dentro da uro-oncologia, mas que já apresenta ótimos resultados, o que favorece o paciente", conta a médica.

O tratamento completo é composto de quatro sessões com intervalos de seis a oito semanas entre as doses. "Sempre após um novo ciclo é feita uma cintilografia, pesquisa de corpo inteiro para avaliar a biodistribuição desse material e, assim, ter uma assertividade em relação à taxa de resposta do tratamento", finaliza Letícia.

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