Saúde

Síndrome de Burnout na pandemia: mulheres são as mais afetadas

A síndrome foi incluída na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde, a OMS, em 2019. Caso não seja tratada, pode evoluir para doenças físicas

Bianca Santana Vailant

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação

Uma realidade que se faz presente na rotina dos brasileiros há mais de um ano. Além da onda crescente de casos de covid-19, especialistas veem os problemas de ordem psiquiátrica crescerem de forma considerável.

Uma pesquisa realizada em maio de 2020 pela Associação Brasileira de Psiquiatria, revelou que 59,4% dos profissionais da área perceberam um aumento de até 25% na quantidade de consultas realizadas.

Dessas novas consultas, ainda segundo a associação, mais de 69% dos médicos relataram que atenderam pacientes que já haviam recebido alta. Outros 67,8% receberam novos pacientes. Além disso, quase 83% dos profissionais perceberam o agravamento dos sintomas em pacientes que ainda estão em tratamento

A presença das mulheres nos consultórios cresceu de forma ainda mais expressiva. “A procura das mulheres já é normalmente maior, mas tenho percebido, na prática, esse aumento. Acredito que seja justamente pelo acúmulo de funções”, disse o médico psiquiatra Matheus Herkenhoff.

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Historicamente a mulher já exerce diversas funções: trabalha fora, fica responsável pela casa e pelos filhos. E se antes podia contar com o período em que as crianças estavam na escola, agora, precisam até virar “professoras”.

“Agora as mães estão tendo que se reinventar, e não tem jeito, o esgotamento vem. O home office, por exemplo, tem um grande problema, confunde o que é não é trabalho. Os aplicativos de trocas de mensagem deixam a pessoa ligada 24h, então não tem essa limitação. A mulher está sempre disponível, em estado de alerta”, reforçou o especialista.

Crescimento de casos da Síndrome de Burnout

Mergulhadas em um ambiente de exaustão física e mental, surge um novo termo na vida das mulheres: a Síndrome de Burnout. “É um estado de estafa mental, físico, e temos sintomas similares a ansiedade, depressão, mudança no apetite, irritabilidade, tristeza fora do padrão da pessoa”, completou.

Burnout é um transtorno psíquico de caráter depressivo. Os sintomas são parecidos com os do estresse, ansiedade e síndrome do pânico. A diferença é a relação direta com a vida profissional da pessoa.

A síndrome foi incluída na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde, a OMS, em 2019. Caso não seja tratada, pode evoluir para doenças físicas, como doença coronariana, hipertensão, problemas gastrointestinais, depressão profunda e alcoolismo.

Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz analisou o impacto da pandemia e do isolamento social na saúde mental de trabalhadores essenciais. Os resultados revelaram que, no Brasil e na Espanha, sintomas de ansiedade e depressão afetam 47,3% desses trabalhadores durante a pandemia. Mais da metade deles sofre de ansiedade e depressão ao mesmo tempo. Além disso, 42,9% sofreram mudanças nos hábitos de sono.

Ainda segundo a OMS, no Brasil, 11,5 milhões de pessoas sofrem com depressão e até 2030 essa será a doença mais comum no país.

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