Saúde

Dia Internacional da Tireóide: conheça as principais doenças e saiba como prevenir

Entre as dicas para manter a saúde da tireoide em dia, ingerir alimentos ricos em selênio e zinco, além de fazer check ups a partir dos 35 anos de idade

Foto: Reprodução/Freepik @prostooleh

Localizada na parte anterior do pescoço, abraçando a traqueia, a tireoide é uma importante glândula, em formato de borboleta, fundamental para o bom funcionamento do organismo como um todo. Os hormônio produzidos por ela atuam no sono, no metabolismo, nos batimentos cardíacos e na temperatura, por exemplo. A glândula chega a pesar entre 15g e 25g em adultos. 

No dia 25 de maio é comemorado o Dia Internacional da Tireoide. A data é importante para a conscientização das pessoas sobre os cuidados que é preciso ter para mantê-la funcionando corretamente.

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"A tireoide atua no crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes, no peso, na memória, na regulação dos ciclos menstruais, na fertilidade, na concentração, no humor e no controle emocional", pontuou Ricardo Mai, cirurgião de cabeça e pescoço da Unimed Vitória. 

Sintomas e sinais de problemas com a tireoide

Vários sintomas podem indicar que algo não está bem com a tireoide. "Fraqueza, desânimo, cansaço, queda de cabelo, unhas quebradiças, prisão de ventre, diarreia, depressão, intolerância ao frio e ao calor, coceira generalizada, aumento ou perda de peso, inchaços. Todos esses podem indicar problemas. Mas é importante pontuar que só os sintomas não valem para o diagnóstico. É preciso avaliar as dosagens do hormônio TSH e do T4 Livre", frisou Zuleide Cunha dos Santos, endocrinologista da Unimed Vitória Zuleide. 

A endocrinologista listou as principais formas de prevenção de doenças da glândula. Veja: 

 1. Mantenha uma alimentação equilibrada, ingerindo alimentos que contenham iodo, selênio e cálcio. Esses minerais podem ser encontrados naturalmente em alimentos como peixes de água salgada, ovos, castanhas e nozes. 

 2. Evite usar medicamentos que podem prejudicar a função da tireoide, como os antidepressivos, ansiolíticos e alguns antiarrítmicos. Ao começar a se tratar com algum destes, avalie os efeitos colaterais. 

Aumento de peso, queda de cabelo, mais depressão, inchaço abaixo dos olhos, podem ser sinais de que o remédio está afetando a tireoide. 

 3. Faça atividade física regularmente. Os exercícios não só ajudam a prevenir doenças, como também auxiliam as pessoas que possuem algum distúrbio da tireóide, como aumentar os níveis de energia, melhorar o humor, acelerar o metabolismo, garantir um sono tranquilo e de qualidade e aumentar a densidade óssea. 

 4. Evite o uso excessivo de sal iodado. Apesar de o iodo ser um mineral fundamental para o bom funcionamento da tireoide, o excesso dele por um longo período pode causar problemas, como hipertireoidismo. 

 5. Faça exames periódicos a partir dos 35 anos, especialmente se houver histórico de familiares com distúrbios da tireóide. É recomendado que as avaliações da glândula façam parte das consultas e dos exames médicos periódicos, dentro do check-up anual.

 6. Os cuidados com a tireoide devem aumentar durante a gestação. Durante a gravidez ocorrem mudanças importantes no funcionamento da tireóide da mulher e os hormônios têm papel importante no desenvolvimento saudável da gestação e do feto. 

Principais problemas

Entre os problemas mais comuns na tireoide, Zuleide cita o hipotireoidismo e o hipertireoidismo. No primeiro caso, ocorre uma baixa produção hormonal, enquanto no segundo ocorre uma produção excessiva de hormônios. 

Além deles, a endocrinologista cita também o Bócio, que ocorre devido ao aumento da glândula tireoide, fazendo com que uma espécie de caroço se forme na frente do pescoço. 

O cirurgião de cabeça e pescoço Ricardo Mai cita ainda os nódulos, que podem ser benignos ou malignos, dando origem ao câncer de tireoide. 

Câncer de tireóide

O cirurgião de cabeça e pescoço Marco Homero de Sá alerta que, nos estágios iniciais, o câncer de tireoide pode ser assintomático. 

“Quando o câncer está pequeno, o diagnóstico acontece com um exame de imagem, feito periodicamente. Como esse tipo de tumor é mais comum em mulheres, geralmente a ginecologista pede um ultrassom de rotina e assim acaba identificando um nódulo que a paciente nem sabia”, explica.

Se esse processo não acontecer e o nódulo crescer, alguns sintomas podem surgir. Segundo o especialista, os mais comuns são: nódulo no pescoço, incômodo na região cervical, seguido de dificuldade ao engolir e inchaço dos gânglios linfáticos.

Como na maioria das doenças, o diagnóstico precoce é a chave para eliminar o câncer de tireoide por completo. Por isso, a principal orientação é fazer acompanhamento médico, passando por exames de rotina. O alerta vale, principalmente, para mulheres e para pacientes que tenham histórico de câncer tireoide na família ou se o paciente já teve outro tipo de câncer.

“Todo paciente que já passou por um tratamento oncológico deve fazer o monitoramento periódico para identificar o possível surgimento de outro câncer”, afirma Marco Homero.

Ricardo Mai ainda tira uma dúvida comum nos consultórios: o câncer de tireóide não está relacionado a problemas como hipo e hipertireoidismo. 

"A gente tem a doença nodular da tireóide e a doença metabólica da tireoide. Quando falamos em doença nodular, é um nódulo que pode ser benigno ou maligno. Em geral, a doença nodular não está associada à alteração da produção hormonal. A maioria dos pacientes que têm nódulos na tireóide tem a produção de hormônios funcionando de maneira independente".

Mulheres têm maior propensão a distúrbios na tireoide

A presença de alterações na glândula tireoide é muito prevalente principalmente na população feminina. De maneira geral, estão relacionadas à quantidade de hormônios liberados pela glândula. 

Por isso, cada situação gera um certo tipo de disfunção. “As doenças da tireoide podem aparecer em todas as idades, inclusive nos recém-nascidos, crianças e adolescentes,e principalmente nas mulheres em idade fértil”, revela Camila Pitanga Salim, endocrinologista da Rede Meridional.

Hipertireoidismo engorda mesmo? 

A saúde da tireoide é cercada de dúvidas. E dentre elas muitas são mitos e algumas, verdades. Ter nódulos nessa glândula é sempre grave? Quais os sintomas da doença? O hipotireoidismo engorda mesmo?

Este ano, na Semana Internacional da Tireoide, estabelecida pela Federação Internacional da Tireoide, o objetivo da campanha é promover a conscientização sobre os problemas e desafios enfrentados pelos indivíduos que têm a doença.

O tema aborda as informações incorretas que estão disponíveis na internet a respeito dos problemas da tireoide. A intenção é esclarecer alguns temas polêmicos e controversos para a população de modo objetivo.

Os especialistas avisam que os problemas na tireoide não dependem de idade ou de sexo. Mesmo que as alterações possam acometer qualquer perfil de indivíduo, certos grupos merecem mais atenção:

- Idosos com mais de 65 anos; indivíduos com histórico familiar com problemas na tireoide e outras doenças autoimunes na família como diabetes tipo 1, psoríase e artrite reumatoide; mulheres, os riscos maiores ocorrem na menopausa e durante a gestação, o que inclusive pode prejudicar o processo de gravidez; bebês e pessoas expostas à radiação, ou que foram submetidas a ela na infância.

Tratamentos

As alterações na produção dos hormônios da tireoide têm tratamento, podem depender do uso contínuo de medicamentos para regular sua função. Ou seja, o tratamento é eliminar os sintomas, restabelecer as funções do organismo, prevenir agravamentos e garantir a qualidade de vida do paciente. 

Os remédios servem para bloquear ou aumentar os níveis de hormônios tireoidianos no sangue. Isso significa que as substâncias e sua dosagem variam de acordo com cada tipo de manifestação e as características do indivíduo.

MITOS E VERDADES

- O hipotireoidismo é muito comum

Verdade. A doença chega a afetar de 8 a 12% dos brasileiros. Mulheres e idosos são os mais acometidos pela baixa produção dos hormônios tireoidianos (T3 e T4).

A obesidade pode ser causada pelo hipotireoidismo

É mito. Esse quadro resulta em alguns quilos a mais na balança. No entanto, isso acontece, acima de tudo, por conta do acúmulo de líquidos. Em outras palavras, a pessoa guarda mais água no corpo. É possível que a indisposição tire a vontade de se exercitar, por exemplo.

Recém-nascidos também podem ter alterações na tireoide

Verdade. O hipotireoidismo congênito ocorre quando a glândula do recém-nascido não é capaz de produzir os hormônios da tireoide, fundamentais para o desenvolvimento do bebê. 

Por isso é essencial realizar o Teste do Pezinho nos primeiros dias após o nascimento, que diagnostica o hipotireoidismo congênito e outras doenças, esclarece a endocrinologista.

A causa do câncer de tireoide pode ser estabelecida

É um mito. Os cânceres de tireoide podem ou não apresentar caráter hereditário. Além disso, podem estar associados à exposição a elevadas doses de radiação, principalmente na infância. No entanto, na maioria dos casos, a causa não pode ser estabelecida.

Existem vários tipos de câncer da tireoide, sendo o mais comum o papilífero, seguido do folicular. No Brasil, trata-se do 5º câncer mais comum entre as mulheres.

O câncer de tireoide é mais comum em pessoas com histórico de exposição a altas doses de radiação, histórico familiar de câncer de tireoide, especialmente se mais de três membros da família de primeiro grau já tem o câncer confirmado, e com mais de 40 anos de idade.

O aparecimento de nódulos tireoidianos pode ser evitado

É mito. Ações relacionadas a uma vida saudável são sempre bem-vindas. A cessação do tabagismo, a utilização de uma dieta equilibrada, a prática adequada de atividade física, e o uso do sal iodado são medidas voltadas para a saúde em gera e tireoidiana, porém essas ações não evitam o aparecimento de todos os nódulos de tireoide.

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