Saúde

Cólicas menstruais intensas e duradouras? Podem ser sinais de doença grave!

Endometriose acomete milhares de mulheres no Brasil e pode levar a transtornos de ansiedade e depressão.

Larissa Agnez

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação
60% das portadoras se tornam inférteis devido a doença. 

Chega o período menstrual e para muitas mulheres ele é sinônimo de dor e sofrimento. Além do desconforto do sangramento, as dores abdominais, as cólicas fortes, que não passam com analgésicos, são motivos de preocupação e precisam ser investigados porque este é um sinal de endometriose. Uma doença, que no Brasil, afeta cerca 6,5 milhões de mulheres. 

A endometriose é um processo inflamatório decorrente do crescimento das células do endométrio (tecido que reveste o interior do útero) se estendendo aos diversos órgãos do sistema reprodutivo, o intestino, a bexiga e até mesmo áreas mais distantes, que também podem ser acometidas. 

O ginecologista e chefe do Ambulatório de Endometriose do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), no Rio de Janeiro, Marco Aurelio de Oliveira, orienta as mulheres que sentem dor intensa durante o período menstrual que solicitem ao seu médico um exame de imagem. "A nível mundial, o diagnóstico da endometriose em mulheres só ocorre após 8 a 10 anos, ou seja, nós estamos falando que a maioria só descobre a doença quando está em estágio grave. Durante um longo período ela sofreu com dores intensas e não foi devidamente examinada", alertou.

60% das portadoras se tornam inférteis devido a doença. Além das dores intensas (muitas vezes incapacitantes) durante o período menstrual, outros sintomas da endometriose é dor durante relações sexuais, ao evacuar e urinar. "Nós temos ligação da endometriose com o intestino, porque quando a mulher menstrua, parte das células e do sangue 'cai' na barriga, isso é comum e normal. Porém, algumas mulheres tem o organismo mais debilitado e ele não consegue absorver ou expulsar esse sangue, causando a irritação do intestino e as dores intensas", explicou o médico, que é especialista no assunto.  

Alimentação 

Marco Aurelio explica que a alimentação tem um papel fundamental para prevenir a doença, mas quando feita correta todos dos dias. "A mulher precisa começar a se preparar desde nova, ainda quando criança. Comer bem melhora o sistema imune, mas precisa ser um estilo de vida. Desde cedo a mulher precisa dar preferência para frutas, evitar a ingestão de refrigerantes e comidas salgadas. Eu indico comer maçã e laranja quatro vezes por semana, é notável a diferença no sistema imunológico. Ela precisa te bons exemplos dos pais, na escola, entre as amigas. Hábitos saudáveis são incorporados no dia a dia e devem começar já na infância para ter resultados a longo prazo", alertou o médico. 

Tratamento

Uma vez que os indícios apontem para a doença, o tratamento pode ser realizado com contraceptivos hormonais de uso contínuo, capazes de bloquear o fluxo menstrual e, consequentemente, minimizar as dores típicas do período. Para as que não responderem bem ao medicamento, é recomendada a laparoscopia.

É importante destacar, ainda, outro aspecto fundamental na escolha da abordagem terapêutica: a vontade de engravidar. Se a mulher decidir ter filhos, ela precisará ser submetida à laparoscopia ou a técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro, especialmente indicada quando as lesões de endometriose não são muito extensas e não há queixas de dores.

Diagnostico

Para definir se o quadro é ou não de endometriose, o ginecologista tem à sua disposição a história clínica (cólicas menstruais fortes e progressivas), a ressonância magnética (única indicada a meninas virgens) e a ultrassonografia transvaginal, ambas com preparo especializado. Esses recursos, entretanto, nem sempre conseguem identificar lesões inferiores a 1 centímetro. Os focos pequenos podem ser vistos por meio da laparoscopia, mas, como se trata de um procedimento cirúrgico, ela hoje é muito mais usada no tratamento do que no diagnóstico.

Terapias auxiliares 

Além da alimentação saudável, o médico recomenda que a mulher pratique atividade física, no mínimo, 4 vezes por semana. Ele orienta dar preferência para exercícios aeróbicos e caminhadas. Além disso, algumas práticas ajudam a tratar a doença, como meditação, yoga e acupuntura.  

Outro ponto importante de se destacar é o impacto mental da doença, que muitas vezes é associada a transtornos de ansiedade e depressão. Isso ocorre devido ao sofrimento físico e algumas limitações que a enfermidade pode impor, como o afastamento do trabalho, lazer e estudo. Também contribuem para esses quadros o descaso de pessoas próximas, que tendem a achar que as queixas não passam de "fraqueza" ou "frescura", e a dificuldade de engravidar e de se relacionar sexualmente.



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