Saúde

Estudos confirmam transmissão vertical da covid-19 em gestantes

Grávidas infectadas pelo Sars-CoV-2 podem transmitir o vírus para o feto; especialistas explicam a contaminação

Foto: Divulgação

Dois novos estudos divulgados neste mês de julho sugerem que gestantes infectadas pelo Sars-CoV-2 podem transmitir o vírus para o feto. Até o momento, todos os estudos sobre assunto não apontavam a ocorrência de transmissão vertical (que é da mãe para o bebê) do coronavírus em gestantes. Por esse motivo, mulheres grávidas não estavam em maior risco de doença grave pelo coronavírus do que a população em geral.

Sabe-se que epidemias anteriores semelhantes à covid-19 impactaram diretamente os resultados obstétricos, trazendo complicações maternas e para os recém-nascidos, incluindo aumento da mortalidade. Por esse motivo, a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) recomenda cautela e acompanhamento das atualizações científicas constantes sobre o assunto.

Pesquisa 

Em um dos estudos, realizado com 31 gestantes com SARS-CoV-2, no norte da Itália, região do país mais afetada pela pandemia, revelou evidências do aparecimento do coronavírus em amostras da placenta a termo e no sangue do cordão umbilical, na vagina de uma mulher grávida e no leite de mulheres que deram à luz entre março e abril. O estudo também analisou o papel do anticorpo e as respostas inflamatórias na placenta e plasma de gestantes e fetos positivos para o novo vírus. Segundo Claudio Fenizia, da Universidade de Milão, uma resposta inflamatória específica foi desencadeada pela infecção por SARS-CoV-2 em mulheres grávidas nos níveis sistêmico e placentário e no plasma sanguíneo do cordão umbilical.

Outro estudo, publicado no periódico científico Nature descreveu um caso na França em que o vírus causador da covid-19 foi encontrado no sangue de um bebê prematuro de uma gestante de 23 anos que foi diagnosticada com a doença em março.

A detecção do vírus no tecido da placenta, assim como no sangue da gestante e feto, sugere que a “transmissão transplacentária do SARS-CoV-2 (o vírus que causa a covid-19) pode ser possível”, escreveram os médicos que detalharam o caso. Eles acrescentaram, porém, que estudos adicionais serão necessários. Infelizmente, não há dúvida sobre a transmissão neste caso”, disse Daniele De Luca, diretora médica de pediatria e cuidados intensivos neonatais do hospital Antoine Béclère, em Paris, ao jornal britânico The Guardian. “Os médicos devem estar cientes de que isso pode acontecer. Não é comum, isso é certo, mas pode acontecer e deve ser considerado no trabalho clínico”, completou.

Segundo o The Guardian, três dias após a internação, o feto demonstrou sinais de mal-estar e, por isso, os médicos realizaram uma cesariana de emergência. O bebê, que nasceu com 2,540 kg, precisou ser internado e chegou a ser entubado. Tanto a mãe quanto o bebê se recuperaram bem e tiveram alta.

Recomendações 

Apesar dos resultados, médicos afirmam que ainda são necessários novos mais estudos e observações médicas e científicas.

O ideal é que as mulheres evitem uma gestação durante a pandemia. Para quem já está grávida, é importante lembrar que as gestantes já são consideradas uma população de risco maior – com necessidades de manejo semelhante ao das pessoas idosas ou com saúde vulnerável.

Por esse motivo, a orientação é tomar todas as precauções possíveis para reduzir o risco de exposição ao coronavírus e evitar o pânico. Também recomenda-se uma atenção redobrada aos cuidados mínimos para evitar a transmissão, como lavar as mãos com sabão, não tocar seu rosto e praticar o distanciamento social (físico). E no caso de mulheres grávidas que já contraíram a Covid-19, acredito que elas necessitem de maior atenção, assim como ocorre quando a paciente apresenta qualquer outra infecção durante a gravidez.

Ministério da Saúde

Em abril, boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, apontou que gestantes de alto risco ou seja, aquelas com doenças como obesidade, hipertensão, diabetes gestacional, asma e quadro cardiológico, tem mais chances de contrair a covid-19. Assim como as puérperas, nome dado às mulheres que estão passando pelo chamado “puerpério”, período que contempla cerca de 45 dias após o parto.

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