Saúde

Colegiado reforça a necessidade de educação tributária na área da saúde

Empresários e representantes de entidades do setor discutiram os impactos da reforma tributária na saúde durante encontro na Escola Americana de Vitória

Guilherme Lage , Thiago Soares

Redação Folha Vitória
Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

O Colegiado da Saúde, grupo formado por empresários e representantes de entidades do setor, se reuniu pela segunda vez em 2024 nesta sexta-feira (30), na Escola Americana de Vitória, para tratar de um tema que tem trazido preocupação para a área: a reforma tributária.

O encontro promoveu um debate de soluções sobre os principais impasses enfrentados pelo segmento. E a necessidade de educação tributária foi um dos aspectos levantados durante as discussões.

Na reunião desta sexta-feira, os participantes discutiram sobre os possíveis impactos acarretados ao setor de saúde pela reforma tributária, e quais os desafios e benefícios poderão ser trazidos pelas mudanças constitucionais. 

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Doutora em Odontopediatria, mestre em Saúde Pública, consultora e head de Saúde da Rede Vitória, Alice Sarcinelli, que é a presidente do colegiado, disse que o debate serve como uma forma de educar o setor sobre as mudanças que serão acarretadas pela reforma tributária. 

Segundo ela, este conhecimento serve como uma ferramenta para que o empresariado esteja preparado para os novos desafios e para a manutenção sustentável do segmento.

"Falar de reforma tributária em um momento em que o empresariado está tão assustado e tão desinformado é fundamental, porque somente com a educação tributária nós teremos uma saúde que seja realmente sustentável, que entregue qualidade de maneira sustentável sem jogar a conta para o consumidor final, que é o paciente, que somos todos nós", disse Alice Sarcinelli. 

Ainda segundo ela, o debate é fundamental para lidar com possíveis entraves financeiros resultantes da reforma. 

A presidente do colegiado acredita que a discussão será produtiva não somente para o empresariado, mas para a saúde da população. 

"Nós acreditamos que a educação, o entendimento do que já foi aprovado, a precaução, procurando as maneiras jurídicas de lidar com os entraves financeiros que estão sendo postos, que impactam nos nossos negócios são o caminho. O colegiado preventivamente trouxe esse tema e esse debate não será produtivo somente para os empresários, mas também para a saúde da população", afirmou. 
Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

Planejamento tributário e mudança no regime de tributação 

A reforma tributária basicamente funciona com substituição de cinco tributos: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto Sobre Serviços (ISS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI),  Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). 

O prazo limite para que esses impostos sejam substituídos por um único tributo é até o ano de 2033. Teoricamente, isso tornaria a arrecadação mais simplificada e menos pesada para os empresários. 

Acontece que ainda não há uma previsão concreta de quanto será a porcentagem da alíquota que será repassada à Contribuição Sobre Bens Serviços (CBS) e ao Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que substituirão o ISS e o ICMS. 

Anteriormente, havia sido proposto pelo governo que essa alíquota seria de 26,6%, mas hoje, este valor já ultrapassa os 27%, de acordo com a advogada Ângela Camargo, da Camargo e Camargo Advocacia, que abordou o assunto no evento. 

"A reforma já foi aprovada, a Emenda Constitucional 132, mas existem hoje em tramitação no Senado dois projetos de Lei Complementar, que é o 68 e o 108. Então, as alíquotas ainda não estão aberto. O governo falava em 26,6%, hoje temos o valor de 27,95%, não se sabe a alíquota exata que chegará à CBS e ao IBS, que são os impostos que mudarão com a reforma, que vão entrar no lugar do Pis/Cofins, ICMS, ISS e IPI. O que temos hoje são regimes diferenciados", disse. 

Isso, segundo a advogada, pode causar certa confusão nos empresários, especialmente os do setor de serviços. 

Já o setor de saúde contará com um benefício importante com a reforma tributária: alguns dos itens médicos, como medicamentos, composições para nutrição enteral e parenteral, e dispositivos de acessibilidade terão reduções de alíquota em 60% ou até alíquota zero. 

Segundo a advogada, existem vários cenários que podem ser seguidos, por exemplo, o planejamento tributário através da mudança do regime de tributação, através de aproveitamento de benefícios.

"Por exemplo, a tese que eu explanei foi que por meio do lucro presumido conseguirem a equiparação hospitalar, que recebe uma redução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, até de 32%, passa para 8% e 12%. Existem caminhos a serem tomados, mesmo que exista um aumento da alíquota, aumento da tributação, mas o empresariado, o setor da saúde, principalmente, precisa ter esse conhecimento", informou. 

Fecomércio monitora saúde no Espírito Santo 

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES) também participou do encontro e informou que está finalizando seu primeiro relatório sobre a Saúde no Espírito Santo, por meio do Observatório do Comércio, utilizado para analisar dados dos segmentos vistoriados pela Federação.

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória
"Estamos em uma fase final de elaboração do nosso primeiro relatório de saúde, estamos mapeando o que aconteceu no Estado neste mercado nos últimos cinco anos. Estamos pegando o pré-pandemia, o impacto da pandemia no setor, chegando até 2024", disse a coordenadora Ana Carolina Julio, pesquisadora do Observatório do Comércio. 

O Colegiado da Saúde é uma união de líderes e entidades que propõem impulsionar inovação no setor da saúde do Espírito Santo. A próxima reunião acontece no dia 24 de outubro, no Hotel Sheraton, em Vitória.

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória