Saúde

Alzheimer afeta 1,2 milhão de brasileiros: situação é preocupante

Inicialmente o diagnóstico da doença é clinico, feito com base nos sintomas informados pelo paciente e pela família

Foto: Divulgação

Estima-se que no Brasil a doença já afeta 1,2 milhão de brasileiros, segundo dados da Associação Brasileira de Alzheimer. Geralmente, ela surge a partir dos 50 anos de idade, embora seja mais comum em pessoas com mais de 65.

Quando os tios, pais ou avós começam a apresentar mudanças significativas de comportamento a primeira coisa que pensamos é que essas alterações são frutos do envelhecimento. Porém, atitudes como dificuldade para falar, realizar tarefas simples, coordenar os movimentos do corpo, mudanças de hábitos e perda recorrente da memória recente pode ser um indicativo do aparecimento de uma doença progressiva e degenerativa que compromete o cérebro, o mal de Alzheimer. 

O cérebro possui vários neurônios que quando interligados formam uma enorme rede responsável por tarefas, como aprendizado, memória, comando dos músculos, cheiros, sons, entre outras. 

O Alzheimer, assim como as outras doenças que levam à demência, causa a morte desses neurônios e acarreta o fim da rede de tarefas. De acordo com o psicólogo do Jequitibá Residência Assistida, Gustavo Souza, é muito comum socialmente as pessoas aceitarem que com a chegada do envelhecimento teremos uma limitação de memória, de coordenação e uma mudança recorrente de hábitos. 

“Porém, a demência é uma síndrome que afeta a memória, outras habilidades cognitivas e comportamentos que interferem significativamente na capacidade de uma pessoa de manter suas atividades cotidianas. Embora a idade seja o fator de risco mais forte conhecido para a demência, a condição não é uma parte normal do envelhecimento. A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência. É preciso investigar para tratar”, afirma o psicólogo.

Inicialmente o diagnóstico da doença é clinico, feito com base nos sintomas informados pelo paciente e pela família. A primeira medida que deve ser tomada é levar o idoso ao geriatra, que por sua vez irá observar essas alterações e se necessário encaminhar para um neurologista, que recorrerá aos exames de imagem e clínicos para complementar a avaliação. “Se desde o começo for identificada a possibilidade do diagnóstico do Alzheimer, é possível realizar um acompanhamento com profissionais qualificados e assim retardar a progressão da doença, para que ela evolua de maneira mais lenta, já que o Alzheimer não tem cura”, destaca Gustavo.

No primeiro estágio da doença, a área afetada do cérebro é justamente a que forma e guarda lembranças, a memória. Depois, no estágio intermediário, surge a dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar os movimentos. A pessoa passa a apresentar agitação, tem dificuldades em identificar a hora ou o dia da semana e manifesta a mudança de hábitos, como por exemplo: se antes ele dormia às 22 horas, agora ele passa a dormir às 19; se antes ele gostava de caminhar na praia todos os dias pela manhã, agora ele prefere ficar em casa nesse horário. Segundo observa o psicólogo Gustavo Souza, é na fase intermediária que os familiares mais atentos conseguem perceber as mudanças. No estágio avançado ele já está incapacitado para comunicar-se, tem dificuldade de ingerir alimentos e manifesta comportamentos inadequados em público.

“Na psicologia, a atuação deve ser feita no momento inicial da doença do idoso, pois o profissional trabalhará com os seus medos e a ressignificar as histórias, proporcionando manutenção de sua identidade. Nem toda perda de memória é sintoma de Alzheimer, pois os portadores da doença perdem as funções gradativamente. Já os problemas associados ao esquecimento são constatados com o avançar da idade e pode envolver outras circunstâncias como a falta de concentração”, explica Gustavo.

Se o idoso já foi ao médico e a doença foi diagnosticada, o psicólogo Gustavo Souza, dá algumas dicas de como lidar e conviver com o portador da patologia:

- Manter uma rotina bem estruturada é fundamental para o portador da doença de Alzheimer. É importante preservar os hábitos que ele já tinha na hora de planejar essa agenda.

- Nunca bata de frente, seja compreensível quando for ouvir e paciente na hora de explicar ou repetir a mesma coisa, quantas vezes forem necessárias. O idoso no processo demencial vai perguntar as mesmas coisas cada vez mais. Quanto mais informações ele obtiver, mais ele vai perguntar e se houver irritações quando isso acontecer, vai causar o desgaste emocional de ambos, abalando principalmente a parte cognitiva do portador da doença.

- Quando o idoso não quiser fazer algo que é necessário, é preciso usar estratégias para que o ato ocorra da forma mais tranquila possível.

- Organize um ambiente seguro para que ele viva. Retire tapetes escorregadios, coloque proteção nas janelas e corrimões de apoio em escadas e banheiro.