Saúde

Cólica muito forte no período menstrual pode ser sinal de endometriose

Dor intensa, disfunção intestinal e sangramento intenso podem ser indicativos de endometriose. Médico ginecologista explica os principais sintomas desta doença que atinge mais de 180 milhões de mulheres em todo o mundo.

Bianca Santana Vailant

Redação Folha Vitória
Foto: Thinkstock

A menstruação é um processo natural que acontece com todas as mulheres saudáveis do planeta. O sangramento mensal, apesar de trazer consigo alguns desconfortos, não pode e nem deve, atrapalhar a vida da mulher. A dor intensa, por exemplo, não é um sintoma menstrual. 

Apesar das cólicas serem temidas por causarem este incômodo na região pélvica e abdominal, “quando elas se apresentam de forma insuportável, pode ser um sinal de alerta de que algo não vai bem”, alerta o médico ginecologista Alexandre Silva e Silva.

O especialista revela que a presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina pode ser uma das principais causas de todos esses sintomas. 

“Por responder aos mesmos estímulos hormonais que o endométrio tópico, ele se prolifera estimulado pelo estrogênio no início do ciclo e sangra ao ser impulsionado pela progesterona na segunda fase. Esse sangramento irrita a membrana que reveste a cavidade abdominal e pélvica, causando inflamação, dor e formação de aderências pélvicas. Esta enfermidade é chamada de endometriose, um nome comum para muitas mulheres”, detalha o médico.

Além desse desconforto, a condição, que atinge mais de 180 milhões de mulheres em todo o mundo, segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), também se caracteriza, em algumas situações, por alterações intestinais, como sangramento nas fezes no período menstrual ou dores ao evacuar durante o período menstrual. 

"Além disso, pode haver a presença de sangue na urina ou mal-estar ao urinar relacionadas ao período menstrual, incômodo durante as relações sexuais, principalmente na profundidade e, portanto, está sempre relacionada à stress e perda da qualidade de vida”, destaca o médico.

Endometriose afeta 1 em cada 10 mulheres mundo. Veja os sintomas

Segundo o ginecologista Geraldo Caldeira, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, a doença é mais incidente entre 25 e 35 anos, mas pode acometer qualquer mulher em idade fértil. Afeta 10% da população feminina no país, de acordo com dados da Anvisa.

“É incomum a endometriose em pacientes muito jovens, mas é possível. Todas as pacientes que sentem cólica, dor menstrual e infertilidade têm que considerar a possibilidade de ter endometriose”, afirma.

A causa da doença ainda é desconhecida. "Acreditava-se que a causa era a menstruação retrógrada. Em vez de ela descer, ela sobe para outros órgãos, mas foi observada a endometriose em fetos. Então, hoje temos teorias de que a mulher já nasce com a predisposição para a doença", explicou o ginecologista e obstetra Domingos Mantelli.

Hábitos podem contribuir para o desenvolvimento da endometriose, diz especialista

De acordo com o ginecologista e obstetra Domingos Mantelli, entre os fatores que interferem no desenvolvimento da endometriose estão:

- falta de atividade física;

- obesidade;

- alimentação inflamatória;

- uso de contraceptivos combinados (progesterona e estrógeno).

A endometriose é inflamatória e proliferativa, ou seja, tende a se expandir com o passar do tempo se não for tratada. Caledeira explica que o diagnóstico precoce interfere no sucesso do tratamento.

“Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor a chance da cirurgia conseguir ressecar todos os focos de endometriose e curar a paciente. Os estágios mais avançados possuem chances menores de cura”, diz.

O diagnóstico é feito por meio de exame de sangue com dosagem de CA-125, indicador da doença, ressonância magnética da pelve e ultrassom transvaginal com preparo intestinal.

Risco de infertilidade

A endometriose é uma das principais causas da infertilidade feminina. Isso acontece porque o ambiente fica inflamado, criando um óbstáculo para a fixação do embrião no endométrio. Além disso, o risco de abortamento é alto, segundo Mantelli.

“Mulheres que pensam em engravidar precisam primeiro tratar a doença, não adianta pensar em gravidez, pois você pode fazer o tratamento de fertilização, conseguir engravidar e acabar sofrendo um aborto", afirmou.

Sem cura, mas com tratamento

Apesar de não existir cura, há tratamento cirúrgico e clínico, que consiste na interrupção da menstruação com anticoncepcionais apenas com progesterona e medicações anti-inflamatórias.

“A cirurgia é necessária em casos de pacientes jovens a fim de ressecar as lesões de endometriose. Em pacientes mais velhas, é congelado óvulos ou deixam embriões congelados por meio da fertilização in vitro, e, só após esse processo, é feita a cirurgia, pois nesses casos existe a chance do processo causar infertilidade”, explica.


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