Saúde

Múltipla doação de órgãos: muitas etapas e centenas de profissionais envolvidos. Veja fotos e vídeos

Para que um órgão seja captado e transplantado é necessário o trabalho de diversos profissionais, e não só da área de saúde

Ana Carolina Monteiro

Redação Folha Vitória

27 de setembro. Dia Nacional da Doação de Órgãos. A data, instituída em novembro de 2007, há quase 14 anos, tem como principal objetivo estimular e  incentivar a doação de órgãos no Brasil. 

O vídeo que abre essa matéria foi feito no início deste mês. Nele, profissionais de diversas áreas da saúde aplaudem a passagem de órgãos captados de uma jovem doadora, que proporcionaram uma nova chance de viver para outras quatros pessoas. 

Mas, segundo a coordenadora da Central de Transplantes do Espírito Santo, Maria Machado, ainda existe uma longa jornada para que cenas como essa possam se repetir mais vezes. É preciso conscientização para se alcançar bons resultados quando o assunto é: doação de órgãos. Aqui no estado, inclusive, o maior entre os obstáculos ainda é a negativa das famílias. 

"O Espírito Santo tem registrado uma média muito alta de negativas ao longo dos últimos dos 3 anos. De janeiro a agosto de 2019, elas foram de 54%. No mesmo período de 2020, 57%. Também de janeiro a agosto, mas já em 2021, esse índice foi de 50%", disse.

Talvez, o que você não saiba, é que para que um órgão seja captado e transplantado é necessário o trabalho de diversos profissionais. E não só na área de saúde. Inclusive, na última captação de múltiplos órgãos realizada aqui no ES, no início deste mês, cerca de 200 pessoas atuaram direta e indiretamente no processo.

Saiba como acontece o complexo processo para a doação de órgãos 

A coordenadora da central de transplantes explicou que tudo começa com a notificação dos hospitais para a central. Isso, assim que ocorre o diagnóstico da morte encefálica do paciente. 

Em seguida, após passar por criteriosos exames que confirmam a morte encefálica, os familiares são informados por uma comissão especializada em transplantes sobre o que aconteceu. Essa equipe, além de dar todo o apoio emocional que o momento precisa, oferece a possibilidade da doação de tecidos e órgãos.

O processo é composto por uma série de etapas e chega a envolver, em alguns casos, centenas de pessoas.

"O início do processo é quando os hospitais notificam a nossa Central. O diagnóstico do óbito é confirmado e a família entrevistada. Começa uma corrida contra o tempo. A gente, a partir desse momento, insere os dados do doador na Central com todas as informações do paciente no sistema", disse Maria Machado.

Os dados do doador, então, são cruzados com os de todos os dados dos receptores que figuram, primeiro, na lista do estado de origem do doador. "A distribuição começa com coração e pulmão, depois o fígado e por fim os rins. Caso não haja ninguém compatível aqui no ES, os órgãos entram para a lista nacional. Identificado o receptor, ou receptores, os médicos são acionados na central de transplantes.

"Quando o receptor compatível é localizado, o prazo é de uma hora para entrar em contato com o paciente, que é encaminhado rapidamente para o hospital, onde será preparado para o transplante. Enquanto isso, outras equipes atuam na retirada dos órgãos do doador.

Foto: Divulgação Sesa/ES
Equipe de médicos, residentes e enfermeiros realizam a captação de órgãos no hospital Dr. Jayme Santos Neves, na Serra 

Captação de múltiplos órgãos aconteceu no início do mês de setembro no ES

No último dia 9 deste mês, uma captação de múltiplos órgãos foi realizada no Hospital Dr. Jayme Santos Neves, no município da Serra. Na ocasião, uma jovem de 19 anos, ainda no início da gestação, morreu. Ela chegou na unidade de saúde em estado grave, passou por exames laboratoriais e de imagem que diagnosticaram um acidente vascular cerebral (AVC).

A família da paciente se sensibilizou com a espera angustiante vivida pelas pessoas que aguardam por um órgão nas filas de transplantes e autorizou a doação dos órgãos da jovem.

"Para que a doação acontecesse 4 estados se mobilizaram, contando com o ES. Cerca de 200 pessoas participaram direta e indiretamente das etapas do processo. As equipes responsáveis pela captação vieram de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Ao todo, coração, fígado e os dois rins foram captados e beneficiaram 4 pacientes de outros 3 estados: Minas, Rio e São Paulo", contou Maria.

A cirurgia contou com a participação direta de 11 profissionais: um cirurgião cardíaco, um residente de cirurgia cardíaca, uma cirurgiã geral, uma residente de cirurgia geral e uma enfermeira do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto da equipe do HEJSN com dois anestesistas, três técnicos de enfermagem e um enfermeiro concluíram a retirada do coração, fígado e rins.

Além disso, profissionais de outras áreas também trabalharam para viabilizar a captação dos órgãos. Nesse caso específico, não foi necessária a atuação da Força Aérea Brasileira já que cada estado veio com os recursos próprios. Já aqui no Espírito Santo, o Núcleo de Operações e Transporte Aéreo da Secretaria da Casa Militar - Noater/ES, que é um dos grande parceiros da Central de Transplantes, entrou em ação.

Os pilotos e co-pilotos são os responsáveis por fazer os vôos de helicóptero dos médicos e enfermeiros do aeroporto até o hospital. Só este mês, de acordo com a central, eles já fizeram 3 vôos. Tudo para que a captação aconteça o mais rápido possível.

"A Central é só gratidão! Essa família, muito generosa e paciente, e essa doadora modificaram a vida de muitas pessoas! Não só dos 4 receptores, que já receberam os órgãos da jovem, mas também de seus amigos e parentes que torciam pela chance de continuarem vivendo", concluiu a coordenadora da central. 

Divulgação Sesa/ES
Divulgação/Sesa-ES
Divulgação Sesa/ES


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