Saúde

'Peitolé': saiba se o picolé de leite materno faz bem para o bebê

Segundo especialista, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Soespe, a versão congelada do alimento pode ser benéfica se usada corretamente

Ana Carolina Monteiro

Redação Folha Vitória

Nesta semana, uma mãe viralizou na internet ao dar para o filho de 4 meses, pela primeira vez, um picolé feito de leite materno. O chamado "peitolé" é uma opção para muitos bebês, usada até para ajudar a amenizar dias de muito calor. Mas será que pode ser usada sempre? E mais: faz bem para a saúde do neném? 

A reportagem do Folha Vitória foi atrás de uma especialista no assunto que responde essas e outras perguntas. 

Antes de mais nada é fundamental destacar que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o leite materno pode reduzir em 13% as chances de mortalidade até os 5 anos da criança. Além disso, o alimento possibilita um crescimento físico adequado e um melhor desenvolvimento do cérebro dos bebês.

A prática também é benéfica para a mãe. Amamentar o bebê até os seis primeiros meses de vida reduz o risco de câncer de mama. Um outro ponto positivo está diretamente relacionado ao pós-parto. A amamentação colabora com a contração do útero que retorna ao tamanho normal de forma mais rápida.

Dito isso, então, é importante frisar que o picolé de leite materno jamais deverá ser utilizado para a alimentação do bebê.  

Segundo a médica pediatra Racire Sampaio Silva, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Espírito-santense de Pediatria (Soespe), o picolé de leite materno pode ser usado, sim, pelas mamães e o melhor, os bebês adoram. Formada há 32 anos, Racire fez seu doutorado sobre a composição do leite materno. 

"O picolé de leite materno não deve nunca ser utilizado para alimentar o neném. Enquanto alimento vivo, são necessárias técnicas e cuidados para retirar, guardar e armazenar o leite que servirá de alimento do bebê. Ao ser congelado em forma de picolé ele também não perde suas propriedade, mas a prática deve ser usada para aliviar as dores provocadas na época das primeiras dentições, alertou. 

Racire orienta que inclusive, a mãe colete o leite como se fosse armazená-lo. Em seguida, deverá usar, por exemplo, forminhas de picolé devidamente higienizadas e fabricadas com materiais próprios para bebês. Sempre respeitando todos os cuidados necessários para a faixa etária.

Bebês também ficam mau-humorados

A especialista lembra que quando os primeiros dentinhos começam a surgir, o bebê fica muito estressado. "É considerado o maior fator de estresse nessa época da vida. Imagine só! O neném está acostumado com as gengivas lisinhas e de repente começa a nascer alguma coisa alí. Além dos incômodos de maneira geral, trata-se de um processo inflamatório, bastante doloroso". 

Por causa disso, é na fase da primeira dentição que o humor do neném costuma mudar bastante. Isso por que aumenta a secreção de um hormônio chamado cortisol, responsável até mesmo pela regulação da pressão arterial e das quantidades de açúcar no sangue. 

A importância da amamentação

A amamentação é de fundamental importância para o bom desenvolvimento dos bebês. O leite é um fluido vivo que vai modificando com o tempo de vida da criança, com a alimentação da mãe e até mesmo com os fatores externos a que ela é submetida. 

"Após 72 horas em uma UTI, acompanhando o filho, o leite da mãe apresenta anticorpos contra o agentes presentes naquele ambiente. É impressionante", conta a pediatra

Foto: Divulgação

A presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Soespe ainda reforça que durante os seis primeiros meses de vida a amamentação deve ser exclusiva. Somente a partir daí é que se deve dar início à introdução alimentar. 

É nessa época que os nenés começam a estabelecer a relação com a comida que deve ser a mesma existente na realidade da casa. é necessários respeitar as quantidades, por exemplo pelo, de arroz, de carne e legumes. Lembrando que a comida não deve ter sal e nem açúcar. 

Além disso, o aleitamento materno deve ser continuado até os 2 anos de idade ou mais. A depender de cada caso. 

Como retirar e armazenar o leite materno

De acordo com o Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria, o leite pode ser retirado manualmente ou mecânicamente. A ordenha manual é considerada a melhor opção. Pode ser feita sempre que necessário e não necessita de equipamentos especiais. 

*Frasco para guardar o leite:

Lavar um frasco de vidro com tampa de plástico. Em seguida, retirar o rótulo e o papel na parte interna da tampa. Depois, frasco e a tampa devem ser colocados em uma panela e cobertos cm água. Ferver por 15 minutos, contando o tempo a partir do inicio da fervura.

Escorrer sobre um pano limpo até que seque. O frasco, então, deve ser fechado sem tocar com a mão na parte interna da tampa. Antes de iniciar a coleta, fique atenta a alguns cuidados: cobrir os cabelos com uma touca ou lenço, usar sobre o nariz e a boca, lavar as mãos e os braços até o cotovelo com bastante água e sabão.

Os seios devem ser lavados apenas com água! Secar as mãos e os seis cm uma toalha limpa. O local para a coleta do leite deverá ser confortável, tranquilo e limpo. Os primeiros jatos de leite (0,5 a 1 ml) deverão ser desprezados.

Assim que terminar a retirada do leite, fechar bem o frasco. Anotar na tampa a data e hora em que realizou a primeira coleta de leite. Guardar imediatemente no freezer ou no congelador.

Foto: Divulgação

Atenção: o leite humano ordenhado e refrigerado para ser oferecido pela mãe ao seu bebê, pode ser estocado por um período de até 12 horas, quando armazenado em temperatura máxima de 5 °C.

Para descongelar o leite, o frasco deve ser colocado em banho-maria, aquecendo um pouco, sem ferver, com água potável. Ao desligar o fogo, a temperatura da água deve estar em torno dos 40 ºC, ou seja, deve ser possível tocar a água sem se queimar. O frasco deve então permanecer na água aquecida até descongelar completamente o leite. (*Fonte: site SBP)

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