Saúde

Estrabismo pode causar depressão em crianças

Doença pode trazer sérias consequências, como a redução significativa da visão da criança, além de traumas psicológicos e perda da qualidade de vida

Foto: Divulgação / Pexel

Quedas constantes, dificuldade de aprendizado, baixa autoestima, bullying, depressão, além do grave risco de perder boa parte da visão e comprometê-la para sempre. Esses são alguns dos desafios de crianças que convivem com o estrabismo, uma doença que tem tratamento, mas que pode causar uma série de problemas tanto na primeira infância quanto na vida adulta.

O estrabismo é caracterizado pelo desalinhamento de um ou dos dois olhos, o que altera a forma com a qual a pessoa enxerga. Trata-se de um sério distúrbio ocular que pode ser observado a partir do nascimento ou já nos primeiros anos de vida.

Segundo a oftalmologista especialista em estrabismo Iara Tavares, é fundamental que a criança seja levada ao médico assim que o problema é observado pelos familiares.

“Se não for tratado precocemente, o estrabismo infantil pode trazer problemas graves, como a redução severa da visão da criança. Há ainda a possibilidade de visão dupla, perda da noção de profundidade dos objetos, além de redução do campo de visão. O tratamento pode envolver o uso de tampão ocular, óculos e em alguns casos é necessária uma cirurgia. Cada paciente deve ser analisado individualmente pelo especialista”, explica a médica.

A maioria dos casos de estrabismo tem fator hereditário, mas a doença também pode aparecer devido a hipermetropia, traumatismos ou ser causada por outras doenças, como síndrome de Down ou meningite, por exemplo.

O que os pais devem observar

Até os três meses de idade, as crianças ainda não têm o controle do movimento dos olhos, por isso é comum que se desalinhem em alguns momentos.

Segundo a oftalmologista especialista em estrabismo Iara Tavares, os pais e cuidadores devem estar atentos. “O desalinhamento dos olhos é o primeiro sintoma observado pelos pais e já pode ser um sinal de alerta a partir dos 4 meses de idade. Também é comum que a criança caia muito, tenha dificuldade para começar a andar ou esbarre frequentemente em objetos. Esses sinais são bastante indicativos e devem motivar uma consulta a um especialista o quanto antes”, explica Iara Tavares.

Ambliopia ou olho preguiçoso

Uma das principais preocupações com relação à doença é o comprometimento ou a perda significativa da visão da criança. A ambliopia, também chamada de olho preguiçoso, faz com que o cérebro reconheça apenas a imagem do olho de melhor visão, ignorando o outro olho, estrábico.

“Essa reação do cérebro ocorre automaticamente para evitar a visão dupla na criança. Sem perceber, ela deixa de enxergar com os dois olhos, escolhendo sempre a imagem do olho que enxerga melhor. O problema é que o outro olho acaba não sendo usado e sua visão é prejudicada”, explica Iara Tavares.

O tratamento para a ambliopia, que acomete cerca de 50% das crianças estrábicas, é a oclusão do olho de melhor visão para exercitar o outro.

“Minha filha tinha dois anos quando diagnosticamos o estrabismo. No início percebíamos o desvio em apenas um dos olhos, nos momentos em que ela estava concentrada brincando. Depois, a frequência foi aumentando e observamos que os dois olhos estavam desviados. Iniciamos logo o tratamento e ela passou a usar o tampão. Foi necessário fazer uma cirurgia para alinhar os dois olhos, mas devido à oclusão no momento certo ela teve a visão dos dois olhos preservada”, contou Patrícia Vieira Quadra Ribeiro, mãe da pequena Ester, de 4 anos.

Qualidade de vida

Um estudo realizado pelo departamento de Estrabismo do Hospital São Geraldo, ligado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), concluiu que o estrabismo interfere negativamente no bem-estar e na qualidade de vida tanto funcional como psicossocial dos indivíduos pesquisados.

Ou seja, pessoas estrábicas desenvolvem uma série de comprometimentos emocionais, relacionados à autoestima e à aceitação nos ambientes em que frequenta.

Outro ponto de atenção quanto às crianças estrábicas está relacionado à dificuldade para se concentrar em atividades escolares ou para acompanhar o grupo. “É muito comum que após as cirurgias as mães retornem ao consultório e relatem a melhora do desenvolvimento da criança na escola. Enxergar bem e com os dois olhos faz diferença na vida de todos nós”, complementa a especialista em estrabismo Iara Tavares.

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