Saúde

Cirurgia cardíaca inédita é realizada em hospital do ES

Denominado Embolização Septal com Ônix, o procedimento foi usado para tratar hipertrofia do coração

Uma hipertrofia do músculo do coração foi tratada de forma inédita no Espírito Santo, por meio de um procedimento minimamente invasivo denominado Embolização Septal.

O procedimento foi realizado pela equipe do cardiologista Renato Serpa, no último sábado (09), no Hospital Santa Rita. A paciente tem 83 anos, possui uma vitalidade invejável, segundo o médico, e já recebeu alta hospitalar.

De acordo com o cardiologista, a paciente apresentava uma doença genética chamada Cardiomiopatia Hipertrófica na forma obstrutiva. 

Trata-se de um crescimento da parede do músculo cardíaco que afetava a região do septo interventricular que separa o ventrículo esquerdo do direito, para que não haja mistura de sangue venoso (pobre em oxigênio) com o arterial (rico em oxigênio).

“O septo, que normalmente possui menos de um centímetro de espessura, estava bastante crescido e obstruindo a saída de sangue do coração para ser distribuído pelo corpo. Além disso, também comprometia o funcionamento da válvula mitral que não fechava completamente. Quando o coração batia para bombear o sangue, o fluxo era dificultado porque encontrava uma barreira na área aumentada pelo espessamento e refluía para trás, para dentro do átrio esquerdo”, explica Serpa.

Doença pode ser causada por fatores genéticos

A Cardiomiopatia Hipertrófica na forma obstrutiva é frequentemente associada a fatores genéticos e é a principal causa de morte súbita entre atletas jovens com menos de 35 anos. 

Segundo a literatura médica, a doença é relativamente frequente e afeta 1 a cada 500 pessoas, podendo ser assintomática.

A maioria dos pacientes não possui sintomas dessa doença e a descobre durante um check-up de rotina ou uma avaliação cardiológica para fazer academia ou praticar algum esporte competitivo.

Nos casos sintomáticos, o paciente sente angina (dor no peito), dispneia e o exame de eletrocardiograma apresenta alteração. Nem toda cardiomiopatia hipertrófica é obstrutiva e sintomática.

Veja quais são os principais sintomas da hipetrofia:

- cansaço;

- falta de ar;

- tonturas; 

- desmaios;

- dor no peito que pode simular infarto. 

Além disso, esta doença pode causar arritmias fatais e morte súbita.  De acordo com os especialistas é tratada com medicamentos. Porém, de 5% a 10% dos pacientes são refratários à terapia farmacológica. Nesses casos, há indicação de redução da massa muscular septal para alívio da obstrução.

As opções de tratamento são: cirurgia, ablação septal com substância alcoólica e a recente Embolização Septal com Ônix. No caso da cirurgia, o procedimento é complexo e muito invasivo.

Entenda como funciona o procedimento

Com a Embolização Septal com Ônix, explica o cardiologista, a artéria do coração que irriga o septo interventricular é ocluída e se provoca uma espécie de “infarto planejado e controlado” do músculo.

Foto: Divulgação Hospital Santa Rita

O ônix é uma espécie de cola medicinal que vem se tornando uma alternativa ao uso do álcool, que era a forma tradicional de realizar a embolização, e tem como vantagem ser menos tóxico às células cardíacas e causar menos complicações durante o procedimento.

A Embolização Septal com Ônix, procedimento minimamente invasivo, é realizada no laboratório de Hemodinâmica, onde é introduzido um cateter na artéria até alcançar o local a ser tratado. Esse acesso pode ser pela artéria da virilha ou do punho, com o paciente recebendo anestesia local, sedação leve e analgesia.

Todo o processo, explica o cardiologista, é guiado pelo cateterismo com auxílio de ecocardiograma com contraste, que vai mapeando a artéria e a devida irrigação do septo para que a embolização seja direcionada e perfeita.

O tempo do procedimento gira em torno de 60 minutos e a alta do paciente costuma ser precoce e em poucos dias.



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