Saúde

Bebês prematuros: saiba as causas, cuidados e como prevenir

De 2010 a 2020, 152 milhões de partos de bebês prematuros foram registrados em todo o mundo, segundo a OMS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: arquivo pessoal

Eles chegam ao mundo antes da hora esperada e, fora do útero, iniciam uma luta pela vida para aprender a comer, a respirar e a controlar seu frágil corpo. Diante de tanta perseverança, como não chamar os bebês prematuros de heróis? 

É por esse motivo que nesta sexta-feira (17), quando é celebrado o Dia Mundial da Prematuridade, os olhares se voltam para eles e para suas famílias, que juntos enfrentam batalhas muitas vezes não vistas pela sociedade.

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Ao longo deste mês, a campanha Novembro Roxo busca conscientizar a população sobre a prematuridade, que atualmente é a principal causa de mortes de crianças. De 2010 a 2020, 152 milhões de partos de bebês prematuros foram registrados em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

"O nascimento prematuro, ou seja, quando o bebê nasce com menos de 37 semanas, pode acarretar uma série de complicações motoras e cognitivas, transtornos do neurodesenvolvimento, como TDAH, alterações visuais, auditivas e outras. Mas, felizmente, os avanços da medicina nos permitem cuidar de prematuros extremos, deixando-os muitas vezes sem sequelas ou com mínimas intercorrências", aponta a pediatra e neonatologista da Unimed Vitória, Lenna Izoton.

De acordo com a médica, em grande parte dos casos, a prematuridade está relacionada ao histórico da gestante. Além do uso de cigarro e álcool, também são fatores de risco doenças como hipertensão e diabetes, infecções e realização de procedimentos intrauterinos durante a gravidez e o vazamento do líquido amniótico antes do início do trabalho de parto. 

Mulheres que já tiveram partos prematuros anteriormente ou que tiveram gravidezes múltiplas, com abortos espontâneos também necessitam de acompanhamento.

"Por isso a realização dos cuidados no pré-natal é tão importante. As famílias devem ser acompanhadas por equipes multidisciplinares capazes de identificar possíveis complicações e tentar corrigi-las o mais rápido possível", alerta Lenna Izoton.

A vivência na Utin

Para Ingrid Colodetti Calmon, o sentimento de vitória carrega o nome da própria filha: Sofia. A menina, que nasceu prematura extrema com 28 semanas de gestação e pesando 520 gramas, passou seus primeiros sete meses de vida na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) até o dia em que pôde ir para casa nos braços dos pais.

"Esse foi um período de evolução. Eu fui levada aos meus limites emocionais e espirituais e aprendi muito também. Um momento que mais me marcou foi quando recebemos a primeira alta e ela teve uma intercorrência respiratória e precisou voltar à Utin. Eu saí com ela à tarde com a sensação de que havia acabado e horas depois estava de volta. Tive que ressignificar isso, reviver aquela dor que já havia passado e enfrentar o medo de ter que viver tudo de novo", diz a mãe.
Foto: arquivo pessoal

Para a Ingrid, a união entre a equipe que cuidou de Sofia e também com outras famílias que passaram pelo mesmo problema foi essencial. "Eu me senti como se estivesse em casa, em família. São ações que tiram o foco do problema, que tiram a sensação de frustração e deixam uma atmosfera mais leve", conta a mãe.

O relato de Ingrid revela um outro ponto fundamental quando o assunto é prematuridade: não apenas os bebês precisam ser cuidados, mas toda a família.

"Quando recebemos um bebê prematuro, ele vem acompanhado de uma família que também precisou nascer antes. Por isso, é tão importante o cuidado com a família. Esse cuidado envolve ações realizadas pelo serviço social e pela psicologia, que oportunizam uma atenção integral. Isso contribui para a formação do vínculo afetivo entre o recém-nascido e a família, além de ser uma estratégia de enfrentamento do longo período de internação", explica a assistente social Lorena Borsonelli, da Maternidade Unimed.

Para Lenna Izoton três pilares são fundamentais durante o período de recuperação dos pequenos heróis.

"O primeiro é a estrutura, pois é importante que os pais contem com um hospital capacitado e uma equipe multidisciplinar que lhes transmita segurança. O segundo é o bom relacionamento entre o médico e a família para que haja confiança entre ambos. O terceiro é a fé de que tudo vai dar certo, é ela que dá força para o enfrentamento de todo esse processo".

A pediatra e neonatologista enfatiza que é possível garantir qualidade de vida aos prematuros. 

"Ter uma vida normal, no caso dos prematuros, não significa não ter nenhuma sequela, mas sim ter qualidade de vida e apoio para que isso não impeça que essa criança tenha um desenvolvimento normal na sociedade. Campanhas como o Novembro Roxo, que falam e conscientizam sobre esse tema, são muito importantes porque fazem com que todos entendam que o prematuro é sim particular, mas merece e precisa ser respeitado", finaliza.

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