Saúde

Data Business: maior expectativa de vida no ES é desafio para a saúde

O Data Business Health reuniu em Vitória players de destaque no ES e no Brasil para debater as tendências, inovações e oportunidades econômicas do setor

Ana Carolina Monteiro

Redação Folha Vitória
Foto: Everton Nunes

Não há para onde correr. Especialistas da área da saúde são unânimes ao afirmar que o setor deve passar por transformações amplas e profundas nos próximos anos, sobretudo em um cenário de desafios impostos durante a pandemia de covid-19 e a maior expectativa de vida no Espírito Santo, que é superior à do Brasil.

O número crescente de idosos da população brasileira é, de fato, um importante ponto de grande atenção. 

Se por um lado trata-se de uma conquista da humanidade, já que reflete uma série de melhorias em diversos segmentos, como alimentação, prática de esportes, educação, condições sanitárias, de saúde e avanços na medicina, pelo outro torna-se um cenário que exige atenção. Os impactos desencadeados pela longevidade são muitos e, por consequência, os gastos.

Foto: Everton Nunes

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Em busca de uma saúde que seja sustetánvel, o Data Business Health, organizado pela Apex e Rede Vitória reuniu importantes players e especialistas dos cenários estadual e nacional, nesta quarta-feira (27), no Cinemark Vitória. Em pauta, os desafios econômicos do setor.

Juntos e interconectados, o uso cada vez maior da inteligência artificial e da tecnologia e as questões econômicas ao redor do mundo apresentam-se com potencial de redefinir como a população vive, envelhece e mais: o modo que os sistemas de saúde funcionam.

Saúde é responsável por 8% do total de empregos gerados no Brasil

Durante o evento, uma pesquisa feita pelo Futura foi apresentada aos participantes. A análise objetiva do panorama da saúde no Espírito Santo e do Brasil trouxe significativos recortes que retratam uma realidade promissora e cheia de desafios.

A começar pela tendência de crescimento da participação do setor na economia do país. 

Para se ter uma ideia, os empregos na área da saúde saíram de 5,2 milhões em 2010 (5,3% do total de empregos), passaram para 6,6 milhões em 2015 (6,2% do total de empregos) e chegaram a 8,4 milhões em 2021 (8,0% do total de empregos gerados). Ainda em 2021, as atividades de saúde foram responsáveis por 7,7% do PIB.

Foto: Ana Carolina Monteiro/Folha Vitória

Felipe Caroni, diretor executivo da Rede Vitória, falou sobre o papel da comunicação diante da relevância do mercado e seus desafios, vez que é de interesse de todos já que perpassa a vida da população.

"O nosso desafio como comunicação, o papel que a gente cumpre como veículo de comunicação, nós prestamos serviço para a população, serviços de utilidade pública. Fazer uma comunicação acertiva, apurada, com credibilidade. O que a gente discute aqui, quando fala de mercado futuro, é uma ótica mais empresarial do negócio do setor de saúde, mas quando a gente vai lá na ponta, existem outras discussões que precisam ser tratadas também".

Caroni ainda destacou o serviço prestado pela imprensa ao abordar temas e campanhas relevantes. 

"Precisamos comunicar para a população quando haverá campanha de vacinação contra dengue, vacina contra gripe. Estamos passando pelo Novembro Azul, conscientização sobre o câncer de próstata, 17 mil brasileiros homens morrem por ano com câncer de próstata, 47 pessoas por dia. A gente fala sobre diversas iniciativas públicas e privadas que são de interesse da população. O veículo de comunicação em massa, como nós somos, televisão, jornal, rádio, a gente cumpre esse papel de informar, às vezes, o básico para a população, até provocar e dialogar com o setor empresarial".

Foto: Ana Carolina Monteiro/Folha Vitória

Mateus Starling, sócio e Distribuidor Sênior da Apex, compartilhou o que motivou a realizar um evento exclusivo para se conversar sobre o setor de saúde, o impulso que ele promove e investimentos feitos.

"Hubio é um empreendimento imobiliário, essencialmente, que está sendo desenvolvido aqui na Enseada do Suá, e já está muito próximo de ficar pronto. É uma torre de lajes coorporativas, mas que foi totalmente desenvolvida, desde a sua concepção, para que pudesse atender o setor de saúde primariamente. Uma das necessidades que o setor de saúde tem é de inovação, de transformação". 

Esse hub de inovação para a saúde poderá ser ocupado por startups de saúde, consultórios, clínicas e operadoras de planos de saúde, por exemplo. O objetivo é concentrar diferentes players do setor propiciando o desenvolvimento de serviços e soluções inovadoras.

O empreendimento idealizado pela Apex, com Incorporação da Cincorp e construção da Rdamázio teve um investimento de R$ 32,8 milhões.

Mateus destacou também que tem grande expectativa de que o Estado se torne referência em qualidade de vida. 

"Isso é um trabalho que envolve todo o setor público e privado, porque não tenha dúvida, é um trabalho que a Prefeitura de Vitória e governo do Estado faz em relação à saúde pública que vai fazer que a população tenha um atendimento melhor. E o setor privado, empreendendo, trazendo soluções".

Doenças crônicas não transmissíveis: desafios da saúde pública

O debate mostra-se ainda mais relevante ao levar em consideração que o setor é um dos mais aquecidos atualmente, movimentando mais de R$ 300 bilhões em 2023. Conta também com mais de 51 milhões de usuários de planos de assistência médica. Apesar disso, enfrenta desafios econômicos e globais no cenário pós-pandemia. 

A pesquisa trouxe ainda dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), que apontam para 41 milhões de mortes ao redor do mundo em decorrência de doenças crônicas não transmissíveis, onde o maior acometimento é em idosos. 

Isso significa 74% do total, considerado, portanto, um dos maiores desafios da saúde pública. No Brasil, mortes por diabetes e hipertensão, somadas a outras doenças crônicas não transmissíveis, chegam a 72%. E mais, o estudo mostra que 44% dessas doenças poderiam ser evitadas.

Foto: Everton Nunes

Com uma população brasileira com mais de 60 anos que dobrou nos últimos 22 anos – 8,5% do total em 2020 e 15,9% do total em 2022 –, a projeção é de que esse percentual volte a dobrar até 2050, alcançando a marca de 30% do total. 

E quando se fala em expectativa de vida ao nascer, o Espírito Santo ultrapassa a média brasileira com 79,8 anos enquanto no Brasil é de 76,4 anos.

Tecnologia, custo assistencial e sustentabilidade financeira

Diante de um cenário com tantas possibilidades, desafios e perspectivas de amplo crescimento, o Data Business Health trouxe o tema "Saúde do Futuro: tendências, inovações e oportunidades" como destaque.

Entre os palestrantes que participaram do evento, estavam o diretor executivo da Rede Vitória, Felipe Caroni; o CEO da Hcor, Fernando Torelly; e Marcelo Loureiro, fundador da Scolla - Centro de Treinamento Médico Cirúrgico; o superintendente executivo do Hoftalon Hospital de Olhos, Rodrigo Sato Hasegawa; Bruno Tommasi, CEO do grupo Tommasi, o medical data scientist da Dasa, Eduardo Farina e Édipo Vasconcellos, presidente da Docstage.