impacto língua na apneia do sono
(Reprodução: Freepik)

Quando falamos sobre excesso de gordura no corpo, normalmente pensamos na gordura da barriga, braços ou nas coxas. Mas você sabia que o acúmulo de gordura também pode ocorrer em locais menos óbvios — como na língua, na faringe e pescoço — e isso pode ter um impacto direto na saúde respiratória, especialmente durante o sono?

A apneia do sono é um distúrbio em que a respiração é interrompida repetidamente enquanto dormimos. Muitas vezes, essas pausas respiratórias são causadas por um bloqueio obstrutivo nas vias aéreas superiores.

E aqui entra o papel da gordura: quando acumulada à volta da garganta e na própria língua, ela pode estreitar as vias respiratórias e dificultar a passagem do ar.

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A relação entre obesidade e apneia do sono

Quanto maior for o índice de massa corporal (IMC), maior será a propensão a desenvolver apneia do sono. Isto acontece porque o tecido adiposo adicional na região da faringe e da base da língua tendem a causar maior colapso das vias aéreas durante o sono, especialmente em posição supina, isto é, de barriga para cima.

Como resultado, a pessoa pode roncar e também fazer paradas respiratórias várias vezes durante a noite sem sequer perceber.

Há alguns estudos científicos que estabelecem uma relação direta entre o acúmulo de gordura na língua e o aumento do risco de apneia obstrutiva do sono (AOS).

Publicado na revista Sleep, o estudo intitulado “Tongue Fat and its Relationship to Obstructive Sleep Apnea” investigou a presença de gordura na língua de adultos obesos com e sem apneia obstrutiva do sono (AOS).

Os resultados mostraram que os indivíduos com AOS apresentavam volumes maiores de língua e uma porcentagem significativamente maior de gordura na língua em comparação com os controles obesos sem AOS.

Essas diferenças permaneceram significativas mesmo após ajustes para idade, índice de massa corporal, sexo e raça.

Os autores sugerem que o aumento da gordura na língua pode contribuir para o estreitamento das vias aéreas superiores durante o sono, aumentando a probabilidade de colapsos e interrupções respiratórias características da AOS.

Redução de gordura na língua traz resultados

Um estudo realizado pela Universidade da Pensilvânia revelou que a redução da gordura na língua está associada a melhorias significativas nos sintomas da apneia obstrutiva do sono (AOS).

Os pesquisadores descobriram que a perda de peso leva à diminuição da gordura na língua, o que, por sua vez, reduz a gravidade da AOS. Este achado destaca a importância da gordura lingual como um novo alvo terapêutico para o tratamento da apneia do sono.

Essas pesquisas reforçam a importância de estratégias de perda de peso não apenas para a saúde geral, mas também como uma abordagem eficaz para reduzir os sintomas da apneia do sono ao diminuir a gordura na língua e melhorar a função das vias aéreas superiores.

A perda de peso, mesmo que moderada, pode reduzir significativamente os sintomas da apneia do sono.

Com a redução da gordura nessas regiões, as vias aéreas mantêm-se mais abertas, melhorando a qualidade do sono e reduzindo riscos de problemas como hipertensão, cardiopatia, fadiga crônica e até acidentes causados por sonolência, dentre as muitas consequências da apneia do sono para o nosso organismo.

Dicas práticas para prevenir ou melhorar a apneia do sono

  • Alimentação de forma equilibrada, dando prioridade a alimentos saudáveis e alto valor nutricional.
  • Faz exercício físico regularmente – mesmo uma caminhada diária já faz diferença.
  • Evita o consumo de álcool à noite, pois relaxa ainda mais os músculos da garganta e causa
  • Consulta um especialista em sono se apresentar sintomas como ronco, parada respiratórias ou cansaço constante.

A saúde começa muitas vezes por pequenos detalhes. Prestar atenção à forma como respiramos durante o sono pode ser o primeiro passo para noites mais tranquilas e dias com muita mais saúde!

Dra. Martha Salim

Colunista

Doutorado em Cirurgia Bucomaxilofacial (UNESP), Mestrado em Patologia Bucodental (UFF), Especialização em Cirurgia Bucomaxilofacial (UERJ), Capacitação em Odontologia Do Sono, Capacitação em Sedação com ÓXido Nitroso, Graduação em Odontologia (UFES), Atua como professora de Cirurgia Bucomaxilofacial da UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Revisora Científica das Revistas: Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery (JBCOMS) e Brazilian Dental Science (BDS), Autora dos livros "Cirurgia Bucomaxilofacial: diagnóstico e tratamento" (1 e 2 edições), Anestesia Local e Geral na Prática Odontológica, além de colaborar com 38 capítulos de livros e artigos científicos publicados. @dramarthasalim

Doutorado em Cirurgia Bucomaxilofacial (UNESP), Mestrado em Patologia Bucodental (UFF), Especialização em Cirurgia Bucomaxilofacial (UERJ), Capacitação em Odontologia Do Sono, Capacitação em Sedação com ÓXido Nitroso, Graduação em Odontologia (UFES), Atua como professora de Cirurgia Bucomaxilofacial da UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Revisora Científica das Revistas: Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery (JBCOMS) e Brazilian Dental Science (BDS), Autora dos livros "Cirurgia Bucomaxilofacial: diagnóstico e tratamento" (1 e 2 edições), Anestesia Local e Geral na Prática Odontológica, além de colaborar com 38 capítulos de livros e artigos científicos publicados. @dramarthasalim